E se, ao resolver um problema recorrendo à programação, a própria máquina onde estamos a programar nos apontasse os erros que cometemos durante a escrita do código e nos ajudasse a corrigi-los? A ideia valeu a Pedro Orvalho, doutorado pelo Instituto Superior Técnico, a vitória da terceira edição do prémio ‘Vencer o Adamastor’, atribuído durante a tarde de 11 de abril numa cerimónia no Técnico Innovation Center. O galardão resulta de uma colaboração entre o jornal Público e o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC).
“MENTOR – Feedback Automático para Exercícios Introdutórios de Programação” foi desenvolvido com o intuito de facilitar e agilizar o esclarecimento de dúvidas de estudantes nos seus trabalhos de programação, libertando os docentes para responder a questões mais complexas e conceptuais. “O trabalho, essencialmente, destina-se a libertar os professores da terrível tarefa de estar a descobrir bugs nos trabalhos dos alunos”, explicou José Tribolet, professor do Técnico e presidente do júri do prémio, momentos antes de entregá-lo em mãos a Pedro Orvalho. O premiado viria a agradecer à família, amigos, professores e instituições envolvidas na organização do prémio, após uma breve apresentação em que resumiu a investigação que desenvolveu em torno de MENTOR.
“É um trabalho que mostra bem como as tecnologias de inteligência artificial podem ser devidamente aproveitadas para resolver problemas complexos”, partilhou Arlindo Oliveira, docente do Técnico e presidente do INESC, na sua intervenção. “Havia muito boas candidaturas – a decisão destes júris nunca é fácil – mas o trabalho do Pedro Orvalho foi escolhido com todo o mérito”, acrescentou.
Luís Oliveira e Silva, presidente do Conselho de Escola do Técnico, exprimiu ser “um grande orgulho para o Técnico ter acolhido o Pedro durante a sua formação universitária e um orgulho ainda maior ver o seu trabalho científico reconhecido” com o prémio ‘Vencer o Adamastor’. O docente do Técnico agradeceu ao INESC e ao jornal Público pela “parceria frutuosa”, este último representado no evento por Marta Moitinho Oliveira, diretora-adjunta da publicação, que relembrou ser “também importante divulgar a ciência e fazer com que ela chegue a todos”, incluindo a “todas as pessoas que querem interessar-se e saber coisas sobre ciência”.
A palavra de saudação final ficou a cabo de Marcelo Rebelo de Sousa, numa gravação em que agradeceu a Pedro Orvalho “o trabalho, o empenho, a devoção e, no fundo, o contributo para o país”. Recordando a sua experiência enquanto professor universitário, o Presidente da República sublinhou “o ato pedagógico de oferecer uma solução prática e eficaz para um dos maiores desafios como professores – a personalização do feedback dado aos estudantes”.
De acordo com o site da iniciativa, o ‘Vencer o Adamastor’ tem como objetivo premiar “trabalhos inovadores de jovens cientistas, desenvolvidos em Portugal, nos campos da eletrotecnia, computação e afins, que revelem não só excelência científica, mas também potencial para desenvolvimentos que beneficiem a sociedade”.