A professora Teresa Peña, docente do Departamento de Física (DF) e do Departamento de Engenharia e Ciências Nucleares ( DECN) do Técnico, foi reeleita para o Executive Committee da Sociedade Europeia de Física (EPS, na sigla em inglês). “Nesta reeleição, o meu primeiro pensamento foi que, com todo o peso da sua história, a EPS do século XXI me dá uma oportunidade de fazer alguma diferença”, declara a docente. Mesmo detendo a concordância da Sociedade Portuguesa de Física, e também a legitimação internacional nesta recandidatura, a docente não esperava uma reeleição fácil, mas acabou por ser surpreendida pelo resultado final: “acabei na reeleição por ser a mais votada de três candidatos, um deles representando uma instituição de grande peso na Europa”. “Sinto-me preparada para o trabalho e encorajada pelo apoio e reconhecimento demonstrado”, sublinha a professora Teresa Peña.
A nova Comissão Executiva da EPS da qual a docente do Técnico faz parte foi eleita pelo Council da EPS, o Conselho de representantes de todas estas entidades. De acordo com a professora Teresa Peña esta renovação do mandato- o último possível de acordo com os estatutos da entidade – como representante das sociedades-membros com menos de 10000 membros, é também uma demonstração de confiança dos representantes que integram o conselho.
Compete ao Executive Committee dirigir as atividades da EPS, assim como estabelecer as suas prioridades e o orçamento. “A EPS é uma associação de 42 sociedades de Física da Europa, representando mais de cem mil físicos europeus. Às sociedades-membros juntam-se, como membros individuais, universidades, Institutos e Laboratórios europeus que lideram desenvolvimento científico e tecnológico na Europa”, evidencia a docente do Técnico. A lista inclui, entre outros, o Instituto Max-Planck, o CERN, a ESA, o Centro Helmholtz de Berlim, CEA Saclay em França, o INFN-Istituto Nazionale di Fisica Nucleare em Itália, o GSI em Darmstad, a IBM, a EPFL, a Universidade de Zurique e o Insituto Superior Técnico.
“O meu primeiro mandato foi marcado pela observação e medição, como num trabalho experimental. Aprendi e ganhei sensibilidade às prioridades da instituição e aos equilíbrios a manter ou romper”, frisa a professora Teresa Peña. Este segundo mandato, de mais dois anos, é imaginado com outros contornos alinhavados por esta aprendizagem e pautados pela “intervenção e a inovação”. “Agora sei já desde o início do mandato qual o meu pelouro: a Educação. No primeiro mandato tive uma missão mais indiferenciada na Comissão Executiva. Creio que posso mergulhar de cabeça nesse pelouro, porque já conheço a profundidade dessa piscina”, assegura de seguida.
Neste que é um “fórum de várias sociedades científicas de Física com muito passado e laboratórios de investigação com muito futuro”, a docente do Técnico pretende identificar métodos e boas práticas para uma formação universitária onde aprender não se distingue de investigar e explorar. “E onde se proporciona uma experiência de imersão num conhecimento ativo, mais do que uma correria entre assistir a aulas, copiar soluções, e treinar respostas para passar nos exames”, acrescenta.
Um objetivo paralelo do programa de ação da docente passará por “difundir, através da EPS, o interesse intelectual da Física e a importância da investigação, como fonte de benefícios para o padrão de vida, a sustentabilidade dos recursos, e a equidade de acesso a conhecimento e tecnologia”. Citando Einstein, a professora Teresa Peña lembra que “não podemos resolver os nossos problemas com o mesmo pensamento que usámos quando os criámos”. “Este vai ser o meu mote”, vinca.
Recordando que a EPS foi fundada em 1968 “for physicists to make a positive contribution to European cultural unity”, em contraponto às divisões impostas pelo muro de Berlim, a professora Teresa Peña salienta que perante “tentações de outros muros, de tijolos reais ou da altura da diferença no acesso a recursos”, temos de “recriar essa missão primordial da EPS”. Para a docente do Técnico a crise financeira e a pandemia, vieram tornar ainda mais centrais “as questões de OpenScience, o acesso e processamento de informação, utilização dos resultados da ciência por todos, homogeneização e controle do conhecimento”. “E nunca é demais enfatizar a importância da análise crítica, instrumento básico da Física, nas tomadas de decisão nas verdadeiras sociedades democráticas”, colmata.