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Projeto FLAW4LIFE nomeado para o prémio europeu Life 2020

O Técnico é parceiro deste projeto, candidato ao galardão da União Europeia na categoria Ambiente e cujos resultados alcançados superaram as metas estabelecidas.

As manchas, o tamanho demasiado pequeno para os olhos do consumidor, e um formato incomum tornam várias toneladas de fruta e leguminosas pouco “apetecíveis para o mercado”. Cerca de 30% de tudo o que os agricultores produzem é desperdiçado, uma percentagem que se traduz num acentuado nível de desperdício alimentar e também na falta de rentabilidade de quem produz as chamadas “frutas feias”.

A  cooperativa Fruta Feia nascia no final de 2013, para tentar combater este desperdício e mostrar que os produtos esteticamente menos perfeitos também podem ser apetecíveis e surpreendentes.  Em 2015, a cooperativa aliava-se ao Instituto Superior Técnico e à Câmara Municipal de Lisboa na criação do projeto FLAW4LIFE. O objetivo seria replicar a cooperativa Fruta Feia em várias cidades portuguesas e disseminar o seu modelo, nacional e internacionalmente, como uma resposta ao atual problema do desperdício alimentar devido à aparência.

O financiamento conquistado através do programa Life da União Europeia permitiu entre 2015 e 2018 — período de implementação do projeto—acelerar o processo de abertura de novos pontos de recolha de cabazes e a disseminação da metodologia da cooperativa como solução para o desperdício alimentar. Hoje em dia a Fruta Feia conta com 12 pontos de entrega, 256 produtores e 6408 consumidores que evitam 15 toneladas de desperdício por semana. Ao longo destes anos, o projeto evitou que cerca de duas mil toneladas de frutas e legumes fossem parar ao lixo somente devido à sua aparência, colocando nas mãos dos 235 agricultores parceiros cerca de um milhão de euros e criando um mercado alternativo e economicamente viável para a fruta e hortaliças “feias”.

Os resultados ambientais e sociais alcançados, superaram as metas inicialmente estabelecidas, e levaram à nomeação deste projeto como um dos finalistas dos prémios Life 2020. “Esta nomeação é um reconhecimento por um projeto que obteve resultados além dos esperados, com uma adesão difícil de acompanhar por parte dos consumidores”, refere a professora Inês Ribeiro, docente do Departamento de Engenharia Mecânica(DEM) do Técnico e uma das investigadoras envolvidas no projeto.

“Estamos muito orgulhosos por estarmos entre os finalistas, pois o FLAW4LIFE foi um projeto que permitiu desenvolver e expandir uma cooperativa de consumo sustentável, cujo objetivo é o de reduzir o desperdício alimentar devido à aparência dos produtos ao nível dos agricultores”, salienta a docente do DEM. “Esta cooperativa de consumo, a Fruta Feia, funciona com um modelo de negócios muito inovador no âmbito social”, adiciona ainda a professora Inês Ribeiro.

O Instituto Superior Técnico foi o parceiro responsável pela avaliação do projeto nos três pilares da sustentabilidade – ambiente, sociedade e economia. “Foi ainda explorada uma ferramenta para otimização dos trajetos de transporte dos produtos”, partilha a docente da escola.

Além desta parceria, há uma ligação emocional entre a escola e a Fruta Feia, uma vez que tanto Isabel Soares, fundadora e diretora da cooperativa, como Francisco Gonçalves, o outro fundador da cooperativa, são antigos alunos de Engenharia do Ambiente no Técnico.

O prémio Life 2020 procura reconhecer os projetos mais inovadores, inspiradores e eficientes em três categorias: ação climática, ambiente e proteção ambiental. O projeto FLAW4LIFE está nomeado na categoria ambiente, e é também  um dos candidatos ao LIFE Citzens’ Prize, atribuído por votação do público. As votações para este galardão podem ser feitas no site oficial da plataforma Life e decorrem até 21 de outubro.

A docente do DEM desafia a comunidade do Técnico a votar neste projeto, não só pelos laços do projeto à Escola, como também pelo sucesso do mesmo, já tendo sido replicado em várias cidades europeias e dos EUA. Para a docente do Técnico este prémio “é uma forma de apoiar e tornar mais visível um projeto inovador de carácter social e ambiental, mas que consegue ainda ser economicamente sustentável e que cria valor em produtos até agora desperdiçados”.