Campus e Comunidade

ROB 9-16 cativa “engenhocas” de palmo e meio

A iniciativa que decorre no campus do Taguspark continua a ser um sucesso, permitindo aos jovens participantes descobrir e estimular o interesse pela engenharia.

Ao entrar na sala onde decorre mais uma edição do ROB9-16, o clube de robótica do Técnico para crianças e jovens, são duas as sensações passíveis de saltar à vista e aos ouvidos: o entusiasmo e a curiosidade. Estamos já na terceira semana de intensas de atividades proporcionadas pela iniciativa, e para terminar com chave de ouro, a organização acedeu ao pedido de muitos pais e participantes e estendeu o habitual calendário para receber os repetentes: “Os pais de antigos participantes  ligavam-nos a dizer que os filhos gostavam de voltar, e por isso e para que não repitam atividades, decidimos fazer esta semana Maker”, explica Guilherme Nogueira, aluno do mestrado em Engenharia Eletrónica e um dos monitores do clube de robótica. “Claro que há exceções no grupo e temos alguns participantes que vêm pela primeira vez, mas estão a integrar-se muito bem”, complementa de seguida o monitor.

Guilherme Nogueira tem várias vezes que solicitar atenção e contenção, principalmente quando chega a altura de tentar adivinhar qual o passo seguinte na programação e todos querem acertar, sobrepondo-se trocas de opiniões e tornando-se todas pouco percetíveis. Alice Dionísio tem 11 anos e uma vontade inquietante de acertar no que lhe perguntam. Já tinha participado no ROB9-16 no Natal passado e gostou tanto que “só podia repetir”. “Gosto muito de informática, o meu pai é cientista e professor e uma das nossas atividades preferidas é programar jogos”, explica. Narra as atividades que fizeram detalhadamente, e acrescenta no fim sempre uma nota que lhe destapa o quanto gostou. “Assim que o meu pai me falou em vir de novo, eu fiquei logo super contente”, declara a jovem participante. Quer “ser psicóloga de crianças, mas atenção que adoro programar e mesmo sem ser engenheira quero continuar a aprender”, diz prontamente. Laura Amaral interrompe Alice para frisar “quer também adora e por isso mesmo quer ser engenheira informática”. E do alto dos seus 11 anos di-lo com uma certeza tão vincada que se torna posteriormente demasiado convincente ao vê-la seguir atentamente os pontos que os monitores vão explicando.

Laura veio com o irmão, Eduardo Amaral. Têm diferença de dois anos e Eduardo não estava tão contente por participar como a irmã no início. “Mas agora estou a gostar”, realça. “Temos aprendido imensa coisa e gostei imenso de fazer o barco”, esclarece o jovem. Ao seu lado Daniel Ferreira, com 14 anos, assumiu o controlo do teclado e está a tentar programar ao ritmo que lhe é pedido. Veio influenciado pela irmã que é recém-graduada da Escola, e está a “adorar”. “Tem sido muito divertido, e apesar de eu já gostar imenso de programar e já saber algumas coisas, não se compara a tudo o que aprendi aqui”. Daniel quer ser engenheiro aeroespacial e estudar “no Técnico, claro”, e por isso mesmo define “o ROB9-16 como uma forma de ir aprendendo mais coisas acerca da engenharia”, remata.

Ao todo, são cerca de 20 os participantes desta última semana do clube de robótica, com idades entre os 9 e os 16 anos, uma diferença que nem sempre é fácil conciliar, como conta Guilherme Nogueira: “Há coisas que para os mais novos é mais difícil apreender. Mas nós fazemos os grupos mais ou menos por idades e por isso sabemos a quais é que devemos dar mais atenção”. “Apesar de mais novos, a maioria deles são verdadeiros ‘engenhocas’ interessados, e isso ajuda-nos muito”, refere ainda o monitor.

Durante as três semanas os participantes tiveram oportunidade de entrar em contacto com o mundo da engenharia e aprender, entre outras coisas, a programar, soldar, modelar e imprimir peças em 3D. Esta semana, o grupo esteve embrenhado em várias atividades, mas dedicou-se essencialmente a construir dois projetos: um barco controlado por Arduíno e com Bluetooth para os grupos comandarem através de telemóvel, e uma miniatura de um painel solar. A tarde desta quinta-feira foi dedicada a este último, seguindo todas as instruções para que no fim o objeto seja capaz de seguir a luz de uma lanterna e recolher o máximo de energia. A maior dificuldade está em programar, “mas eles são bons e sabem muito mais coisas do que eu sabia com a idade deles”, frisa Guilherme Nogueira. “Estas atividades são ótimas para eles treinarem e adquirirem competências e até para começarem a despertar o gosto pela engenharia”, assinala o monitor. Laura Amaral concorda e vai mais longe: “Durante esta semana já me senti uma engenheira”.

O ROB 9-16 regressa entre 3 e 7 de setembro com mais desafios e mais dezenas de entusiastas prontos a abraçá-los.