Do Memorial do Convento para a memória do Técnico, Baltasar estará no Pavilhão Central mais do que sete sóis e sete luas. O rocket pode ser visto até 18 de novembro.
Depois de Aurora e Blimunda, Baltasar foi o sexto rocket desenvolvido pela RED (Rockect Experiment Division) – projeto do AeroTéc (Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial do Técnico) – e o primeiro a ser lançado e recuperado com sucesso. Baltasar saiu vencedor na categoria de 3 km e foi segundo na classificação geral da terceira edição do European Rocketry Challenge (EuRoC), organizada pela Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, na semana de 11 a 18 de outubro.
No Baltasar trabalharam estudantes de diversos cursos de engenharia do Técnico «demasiadas» horas, «algumas noites» e «dias de férias», conta Carmen Fonseca, diretora Técnica da RED. O financiamento chega em grande parte de patrocinadores, angariado pela «equipa de gestão e marketing», explica Pedro Rosado, coordenador da equipa. Os patrocínios, «maioritariamente logísticos», passam pela maquinação de peças desenhadas pelos estudantes. Consigo ao espaço, Baltasar levou os nomes dos turistas espaciais que compraram bilhete, no crowdfunding organizado pela equipa, numa tentativa de obterem liquidez «cada vez mais necessária».
A trabalhar num laboratório emprestado ao AeroTéc, a RED conseguiu construir dois rockets – Baltasar e o seu irmão gémeo, «porque é sempre bom haver um duplicado» – com um «orçamento muito mais reduzido do que as equipas estrangeiras em competição», contam.
Para o próximo ano, prometem, «um novo rocket, melhor ainda» e traçam a meta: «ganhar o EuRoC». Querem voltar na mesma categoria, já que «por vezes não faz muito sentido ir mais alto [9km]», antes fazer melhor.
Baltasar levava a bordo um pocketsat desenvolvido pelo AstroCUP – equipa de estudantes e investigadores do Técnico. Pretendeu-se estudar «os efeitos das fortes acelerações e outras condições adversas» registadas no voo em copos menstruais, explicou a AstroCUP. A saúde feminina no Espaço assume particular relevância pelas dificuldades que as astronautas enfrentam quando estão em órbita. Por não ser viável transportar muita carga, as mulheres vêem-se obrigadas a suprimir hormonalmente a menstruação, nas idas ao Espaço.