“Desde que começaste na GMV o que é que mais te marcou na empresa?”, a pergunta partia de um dos alunos que marcou presença na palestra da empresa tecnológica, que se realizou esta terça-feira, 2 de março. A questão do estudante era dirigida a Inês Almeida, alumna do Técnico e Mission Analysis & GNC Engineer na GMV, que partilhou a sua experiência e o trabalho que desenvolve com várias dezenas de participantes, suscitando a curiosidade da audiência, sobre este e outros aspetos. Esta palestra foi uma das muitas oportunidades de contactar com profissionais de renome oferecidas pela Semana Aeroespacial (SA) que decorre até esta quinta-feira.
Inês Almeida partilhou o palco virtual desta palestra com outra antiga aluna do Técnico, Teresa Ferreira, diretora de espaço na GMV. As duas oradoras dividiram a apresentação em dois momentos: um que permitira conhecer o grupo empresarial tecnológico com presença internacional, e um outro que teria como foco a missão Hera e o papel da GMV na mesma.
Caberia a Teresa Ferreira dar a conhecer um pouco a empresa tecnológica que conta atualmente “com mais de 2300 pessoas em 11 países”. “Em Portugal somos mais de 120 pessoas e mais de metade do nosso negócio é na área de Espaço. A nível europeu somos o sexto grupo industrial nesta área”, partilhou a alumna. À medida que dava a conhecer as áreas de ação da empresa, a diretora de Espaço da GMV dava a conhecer as oportunidades de emprego que a empresa tem abertas em cada um desses campos. “Temos apenas 10 vagas em Portugal, mas temos mais de 130 no mundo inteiro, e isso pode ser uma oportunidade para quem queira ter experiências internacionais e trabalhar em diferentes sítios”, concluía.
De forma muito acessível, Inês Almeida partilharia, posteriormente, um pouco daquela que considera “uma das melhores missões feitas pela ESA até agora”. Enquanto explicava aos menos entendidos na área o que são asteroides, e ajudando a perceber quando é que estes passam a representar perigo para a Terra, a alumna referiu que “existem cerca de 1800 objetos identificados como potencialmente perigosos”, e salientou o estudo e identificação destes é cada vez mais uma preocupação das agências espaciais. Após explicar vários detalhes que permitiram entender a missão e os seus objetivos, a engenheira avançaria para a “exploração” da missão Hera. “A missão da NASA, a DART [Double Asteroid Redirect Test] vai lançar um satélite de alta velocidade para impactar com o asteroide Dimorphos e depois a missão Hera chega ao sistema de asteroides após o impacto para fazer o estudo do mesmo”, explicou.
A alumna demonstrou depois o papel da GMV na missão, enquanto líder do sistema de GNC [Guidance Navigation Control] da Hera. “As grandes áreas em que trabalhamos nesta missão são: análise de missão, operações de proximidade, sistema de GNC e ainda o design do Cubesat Juventas”, referiu, dando alguns detalhes sobre o trabalho que tem realizado neste projeto.
A aprendizagem, a partilha de experiências e conhecimentos, e a inspiração que resultou desta palestra são facilmente repetíveis em tantos outros momentos da SA. O leque de palestras que compõem o programa permite aos estudantes o contacto com as experiências de profissionais ligados à NASA, Rolls-Royce, Google, Agência Espacial Europeia, Microsoft, etc.
Ana Catarina Pereira, coordenadora da SA sublinha que a sua equipa quis “explorar ao máximo as possibilidades que o formato online pode acarretar”. “Deste modo, no que toca às palestras, sentimos que este ano fomos capazes de contactar oradores de alto nível e renome, espalhados por todo o mundo, que permitiram abordar temáticas do mais alto nível”, destaca, com orgulho.
Há, no entanto, muito mais para usufruir nestas jornadas para além das palestras, nomeadamente: roundtables, workshops e alumni talks. “Do ponto de vista geral, sentimos que a edição deste ano não só foi capaz de conseguir garantir as funcionalidades e necessidades básicas que surgiam em edições anteriores como também fomos capazes de elevar certos aspetos graças às vantagens que o formato online pode trazer”, vinca Ana Catarina Pereira.
Até ao momento, o feedback recebido pelo AeroTéc, núcleo de estudantes responsável pela organização destas jornadas, tem sido bastante positivo. Ana Catarina Pereira revela que as palestras têm estado a registar “uma elevada afluência de pessoas, fruto das vantagens do formato online”, e refere ainda que “o contacto entre alunos e empresas tem decorrido de forma dinâmica”. A equipa organizadora tem também incentivado a realização de videochamadas entre alunos e as empresas, de forma a estreitar ainda mais o contacto entre as partes.
A feira de empresas virtual, decorreu na plataforma Easy Virtual Fair nos dois primeiros dias do evento e contou “não só com várias empresas de renome nacional, mas também com empresas de notoriedade internacional como é o caso da Airbus e AWA”, destaca Ana Catarina Pereira. Esta edição conta com o patrocínio premium destas duas empresas, um apoio que segundo a coordenadora da SA foi essencial para o evento “ganhar asas”. Os estudantes puderam visitar os stands virtuais e conhecer melhor 16 empresas da indústria bem como 9 núcleos de estudantes. Já entre hoje e amanhã, 4 e 5 de março, os alunos têm a oportunidade de ter um contacto ainda mais direto e personalizado com empresas do setor através das roundtables.
Tal como refere a aluna do Técnico “toda a equipa por detrás da organização da Semana Aeroespacial partilha o objetivo e ambição de proporcionar aos estudantes a oportunidade de entrarem em contacto direto com o mercado empresarial e esclarecer as questões e receios que o mesmo pode levantar”. “Este evento é de grande proveito para os alunos que, por um lado, podem estabelecer vários contactos úteis com a vasta oferta nacional e internacional que existe, mas, para além disso, existe a possibilidade de os mesmos se darem a conhecer e mostrar os seus talentos às várias empresas que se encontram em processo de recrutamento”, frisa. Por isso mesmo, a equipa lança o convite aos alunos para que participem nas várias atividades que se seguem, aproveitando “este mundo de oportunidades”, porque tal como destaca a Ana Catarina Pereira “o céu não é o limite”, e há tanto por descobrir neste universo.