Campus e Comunidade

“Ser delegado faz realmente a diferença no nosso percurso académico e dos nossos colegas”

A afirmação é de Gonçalo Matos, um dos muitos alunos que abraçou a função, uma escolha de que não se arrepende e da qual tem retirado muita aprendizagem.

Vontade de ajudar a escola a melhorar, estar envolvido na evolução do ensino superior, ser a voz ativa que concilia interesses, são apenas alguns dos propósitos de uma longa lista que leva vários alunos do Técnico a assumir as funções de delegado. Sê-lo é estar disposto a fazer a diferença, a dar a cara pelos colegas e a não se resignar perante as injustiças; implica ter menos tempo quando se tem o mesmo trabalho que qualquer outro estudante, inclui uma dose de responsabilidade acrescida, provoca por vezes insónias, mas acima de tudo – e é isso que lhes importa – ajuda a fazer a diferença na qualidade pedagógica da escola. Ano após ano, adversidade após adversidade, com contributos inúmeros nos mais variados campos, torna-se cada vez mais óbvia a preponderância do corpo de delegados no funcionamento dos cursos e na administração da harmonia pedagógica.

Com o início do processo eleitoral para a escolha dos Delegados para o ano 2019/2020 esta segunda-feira, 30 de setembro, torna-se ainda mais importante lembrar que o cargo se traduz em tantas outras coisas para além dos lugares comuns que o conotam como apenas “mais trabalho e mais responsabilidade”.  Margarida Rodrigues e Gonçalo Matos são apenas dois dos muitos alunos que assumem orgulhosamente o papel de delegados e não se cansam de frisar o impacto que esta escolha teve neles próprios, vai tendo nos colegas e em última instância na escola.

Margarida Rodrigues é aluna do 5.º ano de Engenharia Biológica e delegada desde o seu 2.º ano no Técnico.  Apesar de conhecer a essência do cargo não se imaginou a conciliar o mesmo com a enxurrada de novidades de quem acaba de entrar na universidade. “Entretanto conheci o delegado do 2.º ano do meu curso e através dele comecei a ter um contacto mais próximo com aquilo que eram as funções de delegado no ensino superior”, recorda. Rapidamente percebeu que o retorno da função encaixava perfeitamente na diferença que gostava de fazer na vida dos colegas. “Os delegados são a melhor forma de dar voz aos colegas, de fazer mais por eles. É um cargo com muito impacto”, salienta a aluna de Engenharia Biológica.  Os anos em que já está no cargo revelam não só o bom trabalho que tem feito como o gozo que o mesmo lhe tem dado. “Ao longo dos anos vai-se tornando mais fácil desempenhar estas funções, vamos construindo uma bagagem que nos ajuda a resolver as questões de forma mais eficiente, e vamos adquirindo um carinho especial ao cargo”, confessa. “Ser delegado é ter um papel ativo na mudança do método de ensino do Técnico, ainda para mais com as mudanças que se avizinham, é mesmo importante os delegados estarem alerta, perceberem o que é que faz sentido ser integrado ou não no novo modelo de ensino”, destaca.

Ao contrário de Margarida, Gonçalo Matos tentou fugir ao máximo ao cargo de delegado, ainda que “o chamamento” estivesse sempre lá e as capacidades também. Ainda assim no 1.º ano de mestrado acabou por ceder ao medo de não conseguir todo o trabalho que tinha em mãos e acaba de cumprir o primeiro mandato como delegado. Pode parecer pouco tempo, mas para o aluno foi tempo suficiente para “sentir que estou envolvido na Escola, que consigo ajudar a melhorar o semestre e o ano dos meus colegas, e para todos que fiquem mais satisfeitos com o ensino que se pratica no Técnico”. “Os delegados acabam por ter um papel muito universal, muito de mediador, e de resolução de problemas específicos”, sublinha o aluno de Engenharia Informática e Computadores. E se no início tinha receio de não conseguir conciliar tudo, hoje em dia Gonçalo percebe que essa é uma das mais-valias das funções: a capacidade de gerir melhor o seu tempo. “Uma boa gestão permite conciliar o papel de delegado com o facto de sermos estudantes, até porque a carga de trabalho não é sempre elevada, há picos de trabalho como em qualquer atividade”, salienta.

Afinal em que consiste isto de ser delegado?  Margarida Rodrigues sabe as funções de cor e narra-as com o entusiasmo de quem gosta do que faz: “O delegado tem um papel muito importante na calendarização das avaliações e na definição dos métodos de avaliação. No final de cada ano letivo os delegados são chamados a participar neste processo em reuniões com os professores e a coordenação dos cursos”, explica. “Além disso, também têm um papel muito importante na transmissão do feedback de cada unidade curricular porque no final do semestre preenchemos o relatório QUC”, acrescenta.  Cabe ainda ao delegado garantir ao longo dos semestres que tudo está a correr dentro do esperado, executando assim o papel de moderador pelo qual são conhecidos por alunos e professores. Gonçalo Matos apressa-se a salientar que o leque de tarefas vai muitas vezes para além das designadas: “os delegados mais proativos acabam sempre por fazer muito mais do que isto, o que não é necessariamente negativo é sim a prova de que o nosso papel é cada vez mais valorizado e que quem o desempenha o faz da melhor forma”.

No desempenho das suas funções, Gonçalo e Margarida já enfrentaram algumas adversidades, mas felizmente poucas barreiras à execução da sua missão. O reconhecimento – que nem sempre é geral ou chega na devida medida – vai-se conquistando com muito trabalho e muitos resultados. “Se o delegado for uma pessoa presente, se preocupar com os colegas e mostrar o trabalho feito e os problemas resolvidos, inevitavelmente eles vêm ter connosco e agradecem”, afirma Margarida Rodrigues. O tempo que lhes rouba é compensado pelas coisas positivas com que se sentem acrescentados. “Estas funções trouxeram-me muitas mais-valias. Além da capacidade de comunicação que me ajudou a desenvolver, deu-me competências de organização, de trabalho em equipa, gestão de tempo, etc.”, destaca Margarida Rodrigues. “Também me deu muitos conhecimentos imprescindíveis enquanto aluna. Ter conhecimento dos regulamentos, dos procedimentos académicos permite-nos estarmos alerta quando ocorrem determinadas situações que não deviam acontecer”, acrescenta. Gonçalo Matos concorda com tudo e ainda acrescenta: “o cargo também nos permite estreitar laços com os nossos colegas”. “Para mim é extremamente importante sentir-me útil e importante para o bem-estar de todos. Sentir que temos um impacto e uma voz ativa junto de toda a gente”, sublinha ainda.

Para os que ainda estão indecisos em se candidatarem ao cargo ou para os que não sabem como conseguir identificar aquele colega que será um bom delegado, os dois alunos deixam algumas dicas “Acho que no fundo será um bom delegado aquele colega que tem espírito crítico, ser interventivo, e vontade de melhorar. Claro que tem que ter alguma facilidade em comunicar, em mexer-se em prol dos colegas, mas isso também se vai aprendendo.  Há coisas que o próprio cargo ajuda a desenvolver. Sem dúvida que a proatividade, e a vontade de ser ouvido e transmitir a vontade dos colegas é preponderante. E a resiliência”, declara Margarida Rodrigues. Se, por outro lado, houver hesitação em avançar para a candidatura, Gonçalo Matos simplifica: “Ser delegado faz realmente a diferença no nosso percurso académico e dos nossos colegas”, assegura o aluno.

A eleição dos novos delegados de curso decorre nos dias 3 e 4 de outubro, estando já a decorrer a fase de apresentação de candidaturas, acessível a qualquer interessado. A escolha é feita através de um processo de votação transparente no sistema fénix, a que se espera que os colegas de curso adiram massivamente, afinal o objetivo é exatamente que o delegado seja a voz de todos os alunos.