A lista de motivos que trouxe durante toda a semana milhares de pessoas à SINFO é longa e incontestavelmente convincente. A presença de oradores de renome nacional e internacional é talvez a mais óbvia de todas, mas não é a única. Gratuito e em constante inovação, o evento organizado por alunos do Técnico é também um importante palco de debate das temáticas mais preponderantes e atrativas da atualidade. Na tenda gigante que dá abrigo ao famoso evento aprende-se, mas também se estabelecem inúmeros contactos com conceituadas empresas desejosas de travar uma relação empática com os alunos do Técnico. Além dos brindes que se podem encontrar em quase todas as bancas, e das atividades lúdicas – criadas por algumas empresas para tentar ganhar a corrida pela atenção dos alunos-, há entrevistas relâmpago e muitos prémios acessíveis a todos os participantes. Mas a mais sonante de todas as motivações e que por sinal está subjacente a todas as anteriores, aquele que pauta todas as conversas, que une participantes e oradores, que determina o ritmo frenético que domina o evento é a paixão pela tecnologia.
Mesmo que o principal atrativo seja assistir a uma palestra, a diversidade de empresas com que os participantes são confrontados logo à entrada torna incontornável a vontade de saber mais. São mais de 50 as empresas que durante a semana se foram revezando pelo recinto da SINFO. Pelas bancas das mesmas adoçam-se conversas, primeiro com os rebuçados ao dispor em cima do balcão e depois com uma panóplia de conselhos e oportunidades futuras. O entusiasmo é reciproco, do lado do aluno é importante conhecer, explorar caminhos, mostrar-se; do lado da empresa a mesma coisa. “O objetivo é darmos a conhecer a marca Novabase, o que é que nós fazemos, verificar o que é o que os alunos estão à procura porque também é importante recebermos esse feedback”, partilha Jéssica Facha, representante da tecnológica na SINFO. “As oportunidades de estágio de verão são quase sempre tema de conversa. Fazem também uma sondagem acerca do tipo de projetos que temos porque já estão a pensar na entrada no mercado de trabalho”, acrescenta de seguida a funcionária da Novabase. É este contacto direto que atrai tão eficazmente ambas as partes, para um primeiro contacto que resulta numa conversa produtiva que por vezes dura largos minutos, e que tantas vezes se prolonga no tempo e múltiplica em oportunidades.
Ano após ano, o número de empresas que faz questão de estar presente no evento aumenta, e mais uma vez algumas voltaram a ter que ficar de fora. “À semelhança do ano passado, voltamos a ter mais propostas de empresas do que aquelas que podíamos receber. Houvesse mais espaço e teríamos muito mais empresas”, confessa José Cândido, um dos alunos que integra a organização do evento. “As empresas fazem questão de vir, primeiro por causa do nome do Técnico e da qualidade que é associada aos alunos da escola, segundo porque é uma das maiores e das mais conhecidas feiras de tecnologia. Além disso, é muito bem organizado e as empresas gostam disso”, fundamenta o aluno.
Esta adesão massiva de empresas e participantes- estimando-se que ao longo de toda a semana cerca de 6000 pessoas tenham passado pelo evento- exige da organização uma ginástica criativa ao nível da gestão de espaço. E essa é uma das novidades deste ano como partilha José Cândido: “Fizemos algumas alterações na tenda: o palco é mais profissional, e colocamos os stands de forma a que o espaço ficasse mais limpo. Estas alterações fazem logo a diferença e tornam ambos os espaços mais apelativos”. Esta ideologia do aperfeiçoamento constante é, aliás, lema da equipa: “Todos os anos o objetivo é que seja melhor que o ano anterior e eu acho que temos superado esse nível, e tenho a certeza que vai continuar assim edição após edição”, refere José Cândido. É este perfecionismo conciliado com uma boa dose de persistência que faz o sucesso e o cartaz invejável do evento. “O truque para trazermos oradores tão bons é não desistir e mandar e-mails até obter resposta. E também explicar bem o que fazemos, tratar bem os oradores de edições passadas para que possam passar a palavra entre eles e ter vontade de vir”, refere com orgulho o elemento da organização.
A provar que as mulheres também dão cartas valiosas na tecnologia, nomeadamente na segurança informática, esteve Diana Kelley, Cybersecurity Field CTO for Microsoft. A palestra ficou marcada pela acessibilidade com que a oradora abordou a complexa temática e pelos alertas e recomendações que foi lançando sobre como fazer frente aos “bad guys”- como lhe ia chamando recorrentemente- do mundo cibernético. Munida de imensos dados, alguns deles aterrorizadores sobre a dimensão, a rapidez e o impacto de alguns ataques, a oradora ia repetindo que “o ciberespaço é novo campo de batalha do presente e do futuro”. “Temos todos que ter noção que tudo o que está online pode ser atacado a qualquer momento, de forma muito fácil e com danos muito grandes”, acentuava Diana Kelley, não querendo ser alarmista, mas sabendo do que fala. Fazendo referência a alguns dos tipos de programas e ficheiros usados pelos hackers para infetar e controlar computadores, a especialista em segurança informática ia frisando a importância de fazer backups constantes e as devidas atualização aos sistemas. “A solução para uma melhor cibersegurança é que todos conheçam as melhores maneiras de se defender”, declarava a oradora. “Com o avanço das soluções de segurança, os hackers estão mais aptos a perseguir alvos fáceis e estão constantemente a evoluir ao nível das táticas que usam para obter a máxima eficiência”, assinalava de seguida. Fazendo alusão à unidade de crimes digitais da Microsoft e aos esforços que têm sido feitos colectivamente a nível internacional neste domínio, a oradora afirmou que “apesar de não ser magia, o machine learning está a tornar-se cada vez mais importante neste combate ao cibercrime”. Diana Kelley não terminou a sua palestra sem aliciar os jovens a tornarem-se “reforços” no combate aos bandidos do ciberespaço.
Além da diretora técnica da Microsoft, fizeram parte do cartaz nomes sonantes como Bing Wei (Slack), Trent Claus (Lola Visual Effects), Erik Smitt (Pixar Animation Studios), Gynvael Coldwind ( Google), Scott Warner (Ubisoft) e Ben Kehoe ( iRobot). No total, foram 17 os oradores das áreas de software, multimédia, segurança, jogos e inteligência artificial que passaram pelo palco da SINFO, sendo raros os dias em que as cadeiras foram suficientes para a vontade de os ouvir. “O ponto alto foi o dia dedicado a multimédia. Tivemos muitos participantes externos ao Técnico, nomeadamente alunos de outras faculdades. A palestra da Pixar teve uma audiência estrondosa”, revela Filipa Costa, outro dos elementos da organização. O palco desta edição da SINFO fecha-se com a palestra do presidente do Técnico, o professor Arlindo Oliveira, que irá partilhar com os amantes de tecnologia a sua paixão e conhecimento na área de Inteligência Artificial.