Para evitar contágio com o novo coronavírus é necessário manter uma distância de 1,5 a 2 metros de outras pessoas- a regra foi definida pela Organização Mundial de Saúde(OMS) e adotada pela Direção Geral de Saúde (DGS) em Portugal. Nem sempre é simples perceber quando estamos a passar esta linha de segurança, principalmente quando não existem sinais indicativos que nos auxiliem. Para fazer soar o alarme de que estamos a invadir esta segurança e ajudando a manter-nos mais seguros em espaços públicos, dois alunos do Técnico resolveram criar a Social Meter, uma aplicação (app) que permite medir a distância social em qualquer espaço. A ideia é fruto da proatividade e do conhecimento de Francisco Trindade de Melo e Inês Moreira, dois alunos do mestrado integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.
“A ideia da criação da Social Meter surgiu logo no início da pandemia, perante a dificuldade e a utilidade em medir, de uma forma rápida e com a maior exatidão possível, a distância social”, começa por recordar Francisco Trindade de Melo. “Aproveitou-se a minha experiência em Inteligência Artificial e da Inês em web apps e fez-se a SocialMeter”, acrescenta o criador da aplicação. À equipa juntar-se-iam posteriormente o webdesigner Filipe Simões e o copywritter Martim Calado.
De forma simples e intuitiva e através de sistemas de inteligência artificial, a SocialMeter permite através da câmara do telemóvel avaliar as distâncias de segurança. “A primeira fase passa pela deteção e localização da pessoa/objeto de interesse na imagem. De seguida, utilizando sensores do smartphone, e conhecendo a altura do utilizador, a inclinação do smartphone e a localização do objeto na imagem, conseguimos, com recurso a trigonometria trivial, calcular a distância pretendida”, explica Francisco Trindade de Melo. Tudo isto é feito sem invadir ou colocar em causa a privacidade do utilizador, uma vez que a Social Meter não recolhe quaisquer dados pessoais nem regista imagens ou vídeo, garantindo a privacidade do utilizador e das pessoas em seu redor.
Lançada para testes apenas a 27 de agosto, a app começa agora a cativar os primeiros utilizadores. Cientes das potencialidades da aplicação em tempos de pandemia, os criadores estão confiantes relativamente ao futuro: “estamos expectantes que nas próximas semanas haja uma maior adesão de utilizadores face ao início do novo ano letivo”, frisa Inês Moreira. “Reforçamos que esta é uma excelente aplicação para que todos os alunos que agora regressam às aulas possam garantir uma maior segurança na circulação na escola ou faculdade”, acrescenta a aluna. De facto, não há dúvidas de que numa altura em que se prevê um agravamento da situação pandémica em Portugal, a Social Meter será uma aliada de peso para tentar manter o novo coronavírus à distância.
De momento, a app só está disponível para o sistema operativo Android, mas os seus criadores “adiantam que está previsto o desenvolvimento de uma versão para iOS”. “E vamos utilizar a experiência entretanto adquirida para avaliar outras oportunidades”, declara Francisco Trindade de Melo. Outro dos projetos futuros é disponibilizar a app em outros idiomas – até ao momento apenas disponível em português e inglês.
“A criação desta aplicação teve como principal propósito criar mais uma forma de proteção das pessoas”, declara Inês Moreira. Lembrando que já existem algumas aplicações focadas no combate ao Covid-19, a aluna destaca que a “grande diferença” da Social Meter “é a abordagem tomada”. “O nosso foco é a distância social cujo método de medição é instantâneo e muito próximo da realidade, desde que se cumpram as instruções” sublinha.
Tendo bem presente que se avizinha um período mais complicado com a possibilidade de existir uma segunda vaga do vírus, e com o desafio do regresso às aulas mesmo aí à porta, Inês Moreira alerta para a importância de “medir as distâncias entre pessoas e entre pessoas e objetos”. “A Social Meter é útil para medir a distância entre duas pessoas, nos vários espaços da escola, numa fila de espera, entre uma pessoa e uma mesa, num restaurante, ou, na praia, a distância entre uma pessoa e um chapéu de sol, para decidir a que distância instalamos o nosso, entre tantas outras aplicações”, enumera a aluna. Ainda que este seja o principal desígnio da app, a equipa está ciente das suas valências e por isso mesmo assume que pelos “princípios em que assenta permite outras utilizações e estamos já estudar isso mesmo”.
Apelando ao uso da aplicação, nomeadamente junto das camadas mais jovens que agora regressam às escolas e universidades, Inês Moreira deixa um pedido que mostra bem o propósito de todo este trabalho: “Não facilitem, por favor, cuidem de vocês, dos vossos pais e avós. Se todos fizermos o nosso papel, vencemos o coronavírus”, afirma.