As necessidades urgentes de alojamento para os estudantes, a premência de aumentar as vagas nos cursos com as médias mais altas e a reduzida dotação orçamental para as universidades no orçamento de Estado foram algumas das preocupações expressas no discurso de tomada de posse do professor Luís Ferreira, esta terça-feira, 12 de outubro. Numa intervenção emotiva, onde não esqueceu o caminho feito até aqui e quem com ele o fez, o novo reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa) lembrou muitos dos desafios atuais e para os quais a Universidade “pode dar contributos valiosos e decisivos” e partilhou as suas ambições para a instituição que agora lidera.
A cerimónia de investidura do novo reitor da ULisboa foi conjugada com a sessão de Abertura do Ano Académico, o que fez com que a plateia da Aula Magna estivesse composta por um leque diversificado de figuras ilustres do panorama nacional, com ligação a várias áreas, mas também por centenas de estudantes.
Depois de dar posse à sua equipa reitoral , o professor Luís Ferreira fez questão que o seu segundo ato enquanto reitor fosse para homenagear o seu antecessor. Em reconhecimento do seu papel no “pensamento e liderança do processo de fusão”, mas também pelo exemplo que deixa, a Universidade atribuiu o título de reitor honorário da Universidade ao professor António Cruz Serra. “Detentor de vastos e sólidos conhecimentos, com um enorme sentido de justiça, firme, mas cordial, que sabe gerar consensos e assumir contraditórios, mobilizar a comunidade académica, sensibilizar o poder político e a sociedade e assim concretizar este ambicioso projeto que é de todos: sermos hoje uma ULisboa mais forte e mais coesa”, justificou. A plateia reagiu ao tributo com uma ovação de pé, tornando o momento ainda mais simbólico.
Assumir este cargo é para o professor Luís Ferreira “uma honra e simultaneamente uma satisfação” disse, afirmando que aquilo que o move é “um sentido de propósito de encontrar para a ULisboa as melhores soluções para os problemas do presente, mas também para os do futuro”. Neste trabalho, que envolve toda a comunidade académica, o reitor pretende “ir para além das soluções triviais, procurando coerência, durabilidade e consistência na nossa resposta”. “Sonho para a ULisboa um lugar crescentemente relevante a nível nacional e internacional. Uma marca que identifique não só uma Universidade, mas uma cidade e um País”, declarou.
Aos novos alunos deu as boas-vindas calorosas garantindo que “faremos tudo, mas mesmo tudo, o que estiver ao nosso alcance para tornar os vossos sonhos realidade”, mas não se ficou por aqui, lembrando-lhes a importância da persistência. “É a persistência que permite que muitos sonhos se tornem realidade, que muitas descobertas científicas e muitas invenções sejam consagradas. Mais do que qualquer outro atributo a persistência, conjugada com a tenacidade, é o que mais distingue os bons estudantes e os bons investigadores”, denotou.
Lembrando que o seu programa de ação para os próximos quatro anos tinha como fulcro as pessoas que trabalham e estudam na Universidade, o docente reiterou “que são elas que estão em primeiro lugar no meu pensamento”.
Defensor da autonomia das Escolas da Universidade, o novo reitor vincou que só esta “garante mais flexibilidade e agilidade, e ao mesmo tempo fomenta a partilha de boas práticas e de projetos partilhado, nascidos da vontade das suas Escolas de trabalhar em conjunto”. “A ULisboa será tanto mais forte quanto as suas escolas o forem. Não só pela soma das suas forças, mas pela potenciação dessas forças para a realização de uma obra conjunta”, complementou.
Assegurando que a Universidade continuará a incentivar a reconversão de competências e a estimular aprendizagens ao longo da vida, criando as melhores condições e perspetivas de carreira a todos os que estudam e trabalham na Universidade, o novo reitor vincou que “seremos uma voz incomoda sempre que sentirmos a nossa ação cerceada pelos poderes políticos ou quaisquer interesses alheios à nossa missão”. “Lutaremos por Orçamentos de Estado que respeitem a nossa autonomia e a nossa importância para o futuro de Portugal; por leis e estatutos mais modernos e ambiciosos; pelo fim da precaridade laboral dos nossos docentes, investigadores e trabalhadores técnicos e administrativos”, complementou.
Como é habitual, na sessão de abertura do ano académico intervieram também o estudante João Machado, em representação dos alunos, o Dr. Alexandre Miguel Gonçalves, como representantes dos funcionários Técnicos e Administrativos, e a professora Joana Matos Frias, em representação dos docentes e investigadores.
A equipa escolhida pelo professor Luís Ferreira para o mandato dos próximos 4 anos conta com quatro docentes do Técnico, os professores Luís Castro (vice-reitor), Vítor Leitão (vice-reitor), Henrique Oliveira (pró-reitor), e Eduardo Pereira (pró-reitor). Completam a equipa reitoral os professores/ professoras Cecília Rodrigues (vice-reitora), João Alfredo Peixoto (vice-reitor), Maria Dulce Domingos(vice-reitora); Ana Marques (vice-reitora), António Feijó (pró-reitor) e Maria José Chambel (pró-reitora).
