Devidamente equipados com uma t-shirt que desvendava o propósito do momento, iam chegando aos poucos os participantes da tabela periódica humana que se formou esta terça-feira, 29 de janeiro, no Técnico. Enfrentando o prenúncio da tempestade Gabriel, e tomados pelo entusiasmo de homenagear aquela que é considerada por muitos “a tabela que mudou o mundo”, alunos, professores, investigadores e funcionários da Escola acederam ao desafio lançado pelo Departamento de Engenharia Química (DEQ), para uma homenagem que se repetiu por várias cidades do país e do Mundo.
Nas mãos, os 120 participantes – 118 para os elementos químicos e dois que representaram os lantanídeos e dos actinídeos – traziam um cartaz com a identificação do elemento químico que lhe fora atribuído. Enquanto que uns tiveram a sorte de representar famosos elementos químicos como o hidrogénio (H), o carbono (C), o ferro (Fe) ou o ouro (Au), outros tiveram oportunidade de ser “apresentados” aos mais discretos como o árgon (Ar) e o oganésson (Og). O maior desafio passava por entender o mais rápido possível a posição que deviam ocupar para seguir à risca a organização seguida por Dmitri Mendeleiev – criador da primeira versão da tabela. O professor Henrique Matos, vice-presidente do DEQ, ia dando indicações sobre como aprimorar o puzzle, alinhando grupos, períodos, linhas e colunas. A sobrevoar o cenário, um drone prometia captar todos os instantes, e perpetuar o momento.
“Verifiquem se se estão a erguer bem o vosso símbolo! Quando apitar, levantam o cartaz”, instruía o professor Henrique Matos. Da posição mais estática que ainda durou uns bons minutos, avançava-se para uma espécie de uma onda nem sempre coordenada, mas muito animada. De seguida a tabela humana muda de orientação e passa a estar virada para a Torre de Química, fazendo jus à importância gigantesca que a mesma tem na área.
Carolina Lopes, aluna Engenharia Química, não deixou nunca a sua altura limitar a visibilidade do elemento químico que lhe calhara, o Estanho (Sn). No final, e já com os braços algo fatigados explicou porque decidiu participar: “acho uma iniciativa muito gira, muito dinâmica, e que se deve repetir em outras ocasiões. Devemos lembrar e homenagear as descobertas importantes das áreas que estudamos”. “E se o pudermos fazer todos juntos e de forma divertida ainda melhor” apressou-se a acrescentar a aluna. A uns elementos de distância, a professora Ana Paula Dias não podia estar mais contente com o elemento químico que lhe calhou: o ferro (Fe). “Sempre gostei de trabalhar com o ferro, já para não falar que é um componente bastante importante no nosso mundo”, declarava. O entusiasmo perante a iniciativa está-lhe expresso no rosto, mas faz questão de o traduzir em palavras: “Acho a iniciativa giríssima. A tabela periódica é uma coisa maravilhosa, que veio facilitar imenso o trabalho dos químicos”. No seguimento da conversa deixa uma dica: “A organização da tabela periódica é uma coisa muito gira mesmo para os miúdos de mais tenra idade e, por isso, devia ser introduzida na escola logo nas fases mais básicas para o choque não ser tão grande, anos mais tarde”.
Para além de ser uma das responsáveis pela realização da iniciativa, a professora Teresa Duarte, presidente do DEQ, fez questão de ser parte da mesma. Calhou-lhe o gálio, um metal macio, branco-prateado, semelhante ao alumínio, usado há muitas décadas na fabricação de espelhos e até em termómetros, e que quando adicionado ao Arsénio permite a criação de semicondutores de alta qualidade muito usados na engenharia. Visivelmente satisfeita com a adesão e o sucesso da iniciativa promovida pelo seu departamento, e que “juntou diversos elementos da comunidade do Técnico”, a docente explica que estas comemorações no Ano Internacional da Tabela Periódica não se ficam por aqui: “temos outras iniciativas que se vão espalhando pelo resto do ano. Esta quarta-feira temos uma DEQ Talk sobre um dos elementos, entre outras que vão decorrer pelo ano fora”. “Vai-se, também, realizar a noite da Tabela Periódica com vários jogos organizados pelo Núcleo de Alunos de Engenharia Química. E vamos ainda tentar colocar uma faixa numa das torres para assinalar o Ano Europeu”, refere ainda a presidente do DEQ. Quando questionada sobre o centro de todas estas atividades a docente do Técnico é clara na sua descrição, e encerra com palavras de ouro a abertura destas comemorações: “A tabela periódica é a base de tudo, é luz, é a base da química, mas também a base da vida, está ligada a todas as áreas e ouvimos falar dela em todo o lado”.