“A promoção da igualdade de género, mais do que uma moda, é uma obrigação e um dever civilizacional”. São palavras de Rogério Colaço, presidente do Instituto Superior Técnico, no seu discurso de abertura da sétima edição do Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo (PMLP), um galardão criado com o objetivo de promover a igualdade de género. No final da tarde de 24 de janeiro, o Salão Nobre preencheu-se de espectadores para assistir à premiação de Marta Tomé e Elsa Abranches, vencedoras desta edição nas categorias Young Alumna e Role Model, respetivamente. Na assistência, surgiam figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Luís Ferreira, reitor da Universidade de Lisboa.
Instituído em 2016, o Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo tem como objetivo promover a relevância da igualdade de género no Técnico, reconhecendo também o papel crucial que as mulheres desempenham em todas as áreas da Engenharia. Divide-se em duas categorias:
- Young Alumna, referente a uma recém-graduada com menos de 27 anos que se tenha destacado pela qualidade científica da sua dissertação de mestrado e percurso académico no Técnico;
- Role Model, referente a uma antiga aluna que tenha completado o seu ciclo de estudos há mais de 15 anos e que se tenha destacado pelas suas contribuições profissionais e/ou sociais.
De regresso ao discurso de Rogério Colaço, o docente prosseguia defendendo que, enquanto universidade, “temos a obrigação de liderar essa mudança civilizacional [da promoção da igualdade de género]”. Ao fazê-lo, “somos uma sociedade mais livre, justa e melhor”. O presidente da Escola concluiu as suas declarações sublinhando que “no Técnico, o talento feminino será sempre bem-vindo e acarinhado”.
A cerimónia prosseguiria com uma intervenção de Beatriz Silva, professora do Técnico e co-coordenadora do grupo Gender Balance, donde surgiu a iniciativa para o PMLP. “Nesta sétima edição do prémio”, segundo a docente, “a missão do júri foi novamente desafiante, em grande parte devido à elevada qualidade do currículo das candidatas”. A apresentação de ambas as vencedoras ficou a cargo de Alexandre Bernardino, igualmente professor do Técnico e co-coordenador do grupo Gender Balance.
Marta Tomé, que concluiu o mestrado em Engenharia Mecânica no Técnico em 2021, confessou-se nervosa no início do seu discurso, mas ganhou confiança com cada palavra. A vencedora da categoria Young Alumna agradeceu à família e ao namorado, seu colega de curso, deixando ainda “um especial obrigado à figura principal deste evento, Maria de Lourdes Pintasilgo, que foi e sempre será um exemplo para todas as pessoas e, em particular, para todas as mulheres deste país”.
Referindo-se ao seu percurso académico e experiências profissionais, Marta refere que sempre teve “a sorte de estar em ambientes sem qualquer tipo de discriminação”. “Sei que, infelizmente, esta não é a realidade de muitas mulheres, mas é um pequeno exemplo de que pelo menos nesta área estamos a caminhar no sentido certo para combater isso”, acrescentou. Reservou também uma palavra de apreço pela Escola – “o Técnico ensina-nos a enfrentar qualquer adversidade e a superar os mais variados desafios; poderia dizer que esta é a principal lição que levamos connosco deste Instituto”.
Já na categoria Role Model, Elsa Abranches recebeu o prémio com “sincera gratidão”, dedicando palavras de agradecimento à família e a colegas de trabalho e de curso, e refletindo sobre o seu percurso académico e profissional. O cargo que ocupa enquanto Diretora Sénior da Secção de Desenvolvimento de Bioprocessos e Manufactura, no Departamento de Terapia Celular, Investigação e Desenvolvimento de Biofármacos da AstraZeneca é o culminar de mais de 20 anos de experiência em investigação dentro e fora do país. O ponto de partida para esta carreira profícua foi o seu doutoramento em Biotecnologia de Células Estaminais, concluído no Técnico em 2006.
À semelhança das restantes intervenções, Elsa fez questão de destacar a figura central ao prémio. “Maria de Lourdes Pintasilgo foi e será sempre uma figura notável na sociedade portuguesa”, afirmou. “Deixou uma marca inconfundível na nossa sociedade ao demonstrar que as mulheres podem desempenhar papéis de destaque na área da política e contribuir significativamente para o progresso de uma nação”.
O reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, deixou uma “palavra de parabéns” ao Técnico na sua declaração. “Normalmente gabamo-lo pela engenharia, construção e inovação, mas [com este evento] mostra-nos também que é líder em outras matérias”, afirmou. “Esta capacidade de liderança, que empurra o resto da Universidade [de Lisboa] e as outras universidades deste país, deve ser aqui salientada”, acrescentou o reitor.
A encerrar o evento, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, deixou um aviso prévio – “eu tinha aqui um discurso muito bonito preparado, mas tenho a impressão que vou improvisar”. Dirigindo-se a Marta Tomé, o Presidente da República destacou o “enorme presente” e “enormíssimo futuro” da aluna. Em relação a Elsa Abranches, defendeu que “há muito não ouvia um discurso tão bem-feito” como aquele com que a premiada brindou o auditório do Salão Nobre do Técnico.
Recordando que ensinou “em inúmeras escolas dentro e fora do território físico de Portugal”, o Presidente foi categórico – “a melhor escola em que ensinei foi o Instituto Superior Técnico. É uma grande escola e este prémio é exemplo dessa grande escola. Fica para toda a vida”. Listando vários “filhos” da instituição, como Maria de Lourdes Pintasilgo e António Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa considera que “esta casa marca e marca para sempre”.
Descrevendo o evento como “uma hora inesquecivelmente saborosa”, o Presidente da República concluiu os festejos com uma celebração. “Foi uma grande tarde – muitos parabéns ao Técnico e muitos parabéns à Elsa Abranches e à Marta Tomé”.
A sessão está disponível no canal de YouTube do Instituto Superior Técnico:
