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Técnico foi palco da conferência que refletiu sobre o impacto da robótica e da inteligência artificial no futuro

O 6º aniversário do jornal Dinheiro Vivo serviu de mote para o evento onde foram traçadas várias tendências que vão marcar a economia e as empresas num futuro muito próximo.

“Faz todo o sentido reunirmo-nos para este evento numa casa tão importante para a tecnologia e a inovação como é o Técnico”, começava por salientar Rosália Amorim, diretora do Dinheiro Vivo, no início da conferência “Inteligência Artificial, Robótica e Tecnologia”, que esta quinta-feira, 7 de dezembro, se realizou no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico. O evento que celebrou os seis anos de existência do jornal de economia, e do qual o Técnico foi parceiro, reuniu vários empresários e especialistas destas áreas. “Vamos viver com robôs ou contra robôs?”, questionava a diretora, abrindo o debate sobre aquilo a que a maioria dos interlocutores designou como “a quarta revolução industrial”.

A primeira intervenção foi de Daniel Proença de Carvalho, chairman do Global Media Group. “Os temas que vamos aqui discutir hoje não são assuntos do futuro, são assuntos do presente, e por serem tão importantes estamos aqui para os conhecer e discutir”, explicou.  Recorrendo a vários exemplos que tão bem ilustram esta “disrupção tecnológica” como tantas vezes lhe chamou, o chairman do Global Media Group partilhou a sua “perspetiva otimista na capacidade de adaptação das pessoas” a todas as mudanças que se vão fazer sentir. “As mudanças induzidas pelo avanço da ciência e tecnologia acabam por ter sempre um efeito extraordinário”, frisou.  “Estou certo que sairemos desta sala mais conscientes e preparados para enfrentar o futuro”, prenunciava e bem o empresário.

E para o podermos enfrentar, o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, afirmava que é preciso “olhar para o presente para criar linhas para nos prepararmos para esse futuro”. “Não é exagerado falarmos desta quarta revolução”, destacava o presidente do Técnico, referindo que é também sem exageros que fala do impacto destes desenvolvimentos. “Esta é uma área que merece uma discussão aprofundada na sociedade para que a sociedade esteja o mais consciente possível das consequências, impactos e oportunidades que estes desenvolvimentos têm”, disse o professor. “Temos que pensar que o futuro daqui a muitas décadas será bastante diferente do presente que conhecemos”, frisou de seguida, alertando para a importância de “formar e familiarizar” a sociedade e as empresas para essa nova realidade.

A perspetiva de António Brochado Correia, partner da PwC, pautou-se por uma vertente muito mais  analítica. Recorrendo a estudos conduzidos pela sua empresa, mas não só, expôs quais as tendências que vão marcar a economia e as tendências que vão marcar as empresas a médio e longo prazo. A rápida urbanização, as alterações climáticas e escassez de recursos, a deslocação do poder económico, as alterações demográficas e sociais e o rápido desenvolvimento tecnológico, mas também as mudanças geopolíticas que irão moldar o mundo foram sendo explicadas. Focando-se no impacto da Inteligência Artificial e da robótica  no desenvolvimento económico e na estrutura das empresas, o orador reiterou que  “a mão-de-obra humana não desaparecerá, haverá uma adaptação”. Assim sendo, assinalou que “as mudanças poderão refletir-se positivamente na produtividade, potenciando menos tarefas repetitivas, trazendo mais tempo para pensar e criar”.

Sem negativismo, com muito entusiasmo e ainda com um toque de humor à mistura, João Vasconcelos, Senior Advisor na Clearwater International, e outro dos oradores convidados, afirmou na sua intervenção que esta “revolução vai destruir empresas e trabalhos mas  vai criar muitos outros” ,“não se fará de um dia para o outro”, mas “vai acontecer muito mais rápido do que as outras revoluções”. “Não tenham medo da tecnologia, vamos dominá-la a nosso favor”, lançou. “Sempre que algo é feito pelo algoritmo de um robô estamos a libertar o humano”, acrescentou João Vasconcelos. Tal como em grande parte do seu discurso, no final,  desmistificou mais uma vez a questão da sobreposição dos robôs aos humanos: “tudo o que transmite sentimento e emoção tem muito mais valor do que aquilo que é feito pelo robô. E isso vai ser cada vez mais valorizado”.

Seguiu-se um curto, mas clarificador debate sobre o impacto da inteligência artificial e robótica nas empresas. E desta vez a palavra foi dada aos representantes das empresas de sucesso destas áreas, todas elas “made in Portugal”. A Nuno Flores, CEO da Introsys, Gil Sousa, representante nacional da Kuka Robotics, Pedro Torres da Vision- Box, Pedro Bizarro, co-fundador da Feedzai, José Rui Felizardo, CEO do CEiiA e Vasco Portugal da Sensei juntaram-se também o professor Arlindo Oliveira e João Vasconcelos. Os desafios, a empregabilidade, as oportunidades de negócio e o acompanhamento que a legislação e a regulação devem fazer das mudanças tecnológicas foram algumas das questões debatidas. “O risco é muito menor do que aquele que existe se não tivermos uma máquina. O humano tem uma margem de erro de falha muito maior”, reiterou na sua intervenção o representante da Vision-Box.

O encerramento da sessão ficou sob a responsabilidade do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que em jeito de remate sublinhou “as responsabilidades e os desafios que advêm de toda esta evolução que hoje se aqui debateu”. “As empresas que souberem aproveitar as oportunidades que a inteligência artificial lhes proporcionará vão ter uma vantagem competitiva enorme em todos os aspetos”, frisou. “A digitalização vai afetar todas as áreas e saberes e temos que estar preparados para isso”, concluiu.

Como a data o exigia, oradores e participantes da conferência, assim como a equipa do Dinheiro Vivo juntaram-se no centro do salão, em torno do bolo que assinalava o momento festivo. Brindou-se posteriormente ao futuro, que de acordo com tudo o que se falou durante toda a manhã tem tudo para ser promissor.