A motivação e o tempo para estudar são bens preciosos na vida de qualquer estudante e há uma variante importante que pode ajudar a valorizar ambos: o local escolhido para o fazer. Se uns preferem um local com música ambiente e uma máquina de café à distância de um desejo, outros privilegiam o silêncio, não dispensam a abundância de tomadas e preferem locais com horário noturno. Foi com esta ideia bem presente, e depois de enfrentar a epopeia da procura de um local aberto e sossegado para estudar a um Domingo à tarde, em pleno Verão, em Lisboa, que Ricardo Santos, aluno de Engenharia Mecânica do Técnico se lembrou do conceito em que hoje se baseia a Uniphi.
“A ideia esteve na minha cabeça entre 6 a 8 meses, e fui pensando como é que ia resolver o problema, quem é que ia convidar para se juntar a mim”, conta Ricardo Santos, ladeado por um dos seus companheiros de aventura, João Araújo, também ele aluno de Engenharia Mecânica do Técnico. A estes dois alunos do Técnico acabou por se juntar um outro amigo, Guilherme Oliveira e Costa, estudante de Direito da Universidade Nova de Lisboa, e um reforço importante na equipa principalmente quando surgem desafios mais burocráticos.
Desde que começaram a trabalhar no projeto até aos dias de hoje passou mais de um ano, e com ele muitos esboços de ideias e muitos quilómetros na descoberta de locais diversos e ideais. “Acima de tudo queríamos resolver um problema e foi, e ainda é, essa a nossa principal motivação”, reitera Ricardo Santos. Depois de muitas visitas a locais de estudo, muito trabalho em torno da informação recolhida e todas as poupanças individuais gastas, eis que em julho deste ano a versão beta da aplicação viu a luz do dia. “A aplicação foi pensada para que cada pessoa possa encontrar o seu espaço mediante as preferências, escolhendo um espaço que combine com aquilo de que gosta e precisa”, sublinha João Araújo. “É uma aplicação leve, fácil de usar, rápida”, acrescenta Ricardo Santos.
Disponível para Android e iOS, a versão beta da Uniphi já conquistou, em menos de dois meses, mais de 1300 utilizadores, tendo mais de 8000 espaços visitados na aplicação e 4500 pesquisas feitas. Entre cafés, esplanadas, bibliotecas e salas de estudo das faculdades são mais de 220 os espaços que a aplicação congrega, permitindo aos utilizadores descobrir as variadas caraterísticas e potencialidades dos mesmos, e ainda evitando idas desnecessárias para locais lotados.
“Estamos relativamente contentes com o resultado visto que a nossa divulgação não foi nada por aí além”, assinala João Araújo em jeito de balanço. Além dos agradecimentos por terem criado esta solução, o feedback positivo tem sido uma constante, e também ele importante para fazer o projeto avançar. “Deixamos que os nossos utilizadores sugiram alterações para que, de alguma forma, tenhamos uma informação sempre atualizada, baseada na nossa comunidade, para termos novos espaços a aparecer”, realça Ricardo Santos. “A comunidade poderá vir a comentar os espaços. Queremos que a aplicação cresça e por isso é importante ouvirmos os nossos utilizadores”, acrescenta o aluno do Técnico.
Não é apenas o número de locais e a nível da abrangência territorial dos mesmos que a Uniphi pretende crescer, é também no tipo de público a atingir. Além dos estudantes, a aplicação pretende dar também resposta a freelancers ou a qualquer pessoa que esteja à procura de um espaço para trabalhar. “Queremos também concentrar-nos no que é hoje em dia o nómada digital e o trabalho freelancer. Há muita gente que precisa de um local para escrever, para trabalhar, estar no computador ou simplesmente para fazer uma ligação pelo skype”, explica Ricardo Santos. “Fomos percebendo que é virando-nos para o mercado de trabalho que teremos uma oportunidade para crescer”, complementa João Araújo.
Rumo a essa evolução aparece já em setembro o site da aplicação, e prossegue-se a criação de novas parcerias, o concurso a vários programas de apoio a startups, e também muito brevemente uma plataforma de parceiros. “A 12 meses queremos estar mais fortes em Portugal, queremos ter a funcionar a aplicação, o site e a plataforma para os parceiros; esta última permitirá criar uma relação de proximidade entre os utilizadores e os parceiros. E se correr bem é passar para outros países”, partilha Ricardo Santos. “A aplicação é relativamente simples neste momento, mas tem muito por onde crescer. Queremos um projeto sustentável e em crescimento constante”, frisa de seguida Guilherme Oliveira e Costa.
Os dois alunos do Técnico não têm dúvidas do peso da formação que têm tido em todo este processo: “A componente de engenharia do Técnico é tremenda, e dá-nos uma competência de resolução de problemas fantástica”, frisa Ricardo Santos. “A exigência e a quantidade de trabalho e de conhecimento que nos querem transmitir e que esperam de nós obriga-nos a ser assim: querer mais, esforçar-nos mais”, acrescenta. João Araújo não hesita em concordar e complementar frisando a “dose de brio, capacidade de desenrascanço e de trabalho” que o Técnico lhe deu e que tem sido tão importante nesta travessia que é criar uma startup. “O Técnico antes formava apenas engenheiros, agora forma pessoas muito fortes para enfrentar qualquer tipo de objetivo”, destaca ainda o aluno.