Por esta hora, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) já devia estar fechado. No entanto, a noite de 27 de setembro não foi como qualquer outro final de sexta-feira – está em curso mais uma Noite Europeia dos Investigadores (NEI), evento europeu anual durante o qual os cientistas são encorajados a divulgar o seu trabalho junto da população através de atividades didáticas. Da parte do Instituto Superior Técnico, foram dezenas as iniciativas dos centros de investigação associados à Escola que foram apresentadas, espalhando-se pelos três locais da edição deste ano – o MUHNAC e o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e a Marina de Oeiras.
“As pessoas têm muita curiosidade”, explica Ana Mourão, professora do Técnico, por cima do ruído das pessoas que se acumulavam naquela sala do museu. “Estamos a justificar o que estamos a fazer com o dinheiro que nos pagam, para as pessoas perceberem que a ciência de facto é útil no dia-a-dia e pode levar ao progresso”, refere, enquanto um casal jovem analisava uma imagem sua captada na região da radiação infravermelha. Filipe Mena, também professor da Escola que supervisionava uma banca logo ali ao lado (onde um grupo de visitantes se entrelaçava com cordas, operando uma ‘calculadora de grupo’), partilha o que vê: “acho que as pessoas estão realmente cativadas por poderem experimentar e por verem coisas a acontecer e, com isso, entender a teoria”.
O Técnico contou também com a presença de vários estudantes a auxiliar nas atividades da NEI. Bárbara Azevedo, por exemplo, frequenta o Mestrado em Engenharia e Gestão da Inovação e Empreendedorismo e descreve a experiência de comunicar ciência ao público como “bastante enriquecedora”. “É sempre muito bom haver este contacto com as pessoas e passar a mensagem daquilo que é feito no Técnico”, descreve a aluna que comparece na NEI pela primeira vez, abordando o tópico da sustentabilidade através de um jogo.
Várias rochas e minerais expostos numa outra sala viram a calma do museu perturbada com toda esta azáfama. Hoje a atenção vai para outros expositores (temporários), um dos quais ocupado por Hélio Barros. Para este investigador do Técnico na área da ciência forense, mostras de atividades como esta podem ser “muito importantes, principalmente para estudantes que estão indecisos, numa fase em que não sabem que carreira querem seguir”. Recorda ainda que “a universidade não é só ensino; é também investigação”.
A ciência andou à solta um pouco por todo o lado
Contrastando com um céu já escuro, a fachada do Pavilhão do Conhecimento iluminava-se de verde, azul, laranja e rosa. Olhando por uma janela larga que denunciava o interior, era possível ver os ajuntamentos de visitantes (e um deles saltando num pequeno trampolim ali colocado por um dos grupos de investigadores). Mais um palco em Lisboa para a ciência feita no Técnico, como é o caso dos filetes de robalo impressos, expostos num prato numa das bancas, perante o olhar espantado de várias crianças (uma delas desejosa de metê-los imediatamente à boca).
Rita Pires, investigadora da Escola com uma banca noutro ponto do Pavilhão, aproveita uma breve pausa no fluxo de visitantes para partilhar a experiência de participar novamente na NEI. “Desmistificamos a dificuldade da ciência e tentamos aproximar mais as pessoas, interessando-as”, comenta. Não sendo a primeira edição em que participa, a investigadora aproveitou para tornar as atividades mais lúdicas este ano. Diz ser “bastante importante ter este tipo de jogos e atividades porque [fala-se] para um público ‘generalista’, [tornando-se] necessário arranjar uma maneira de transmitir a ciência que fazemos”.
E da Lisboa oriental parte-se para Ocidente – na marina de Oeiras também havia ciência em exibição. Rita Silva está de visita à NEI pela primeira vez e trouxe os dois filhos, mostrando-se todos “muito bem impressionados com o evento”. A visitante salienta a interatividade das experiências, que permite que as crianças participem ativamente. A investigadora Bárbara Ramalho considera este tipo de iniciativa “muito importante para dar a conhecer a ciência desenvolvida”. “Temos coisas muito giras no laboratório”, referiu, sublinhando a importância de ter uma plataforma onde partilhá-las com o público.
A nível nacional, a Noite Europeia dos Investigadores decorreu também em Braga, Coimbra e Évora.
Nesta edição, participaram investigadores das seguintes unidades de investigação:
- Centro de Química Estrutural (CQE)
- Centro de Análise Matemática, Geometria e Sistemas Dinâmicos (CAMGSD)
- Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB)
- Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA)
- Instituto de Engenharia Mecânica (idMEC)
- Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Técnico (CEGIST)
- Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP)
- Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico (LAIST)
- Centro de Astrofísica e Gravitação (CENTRA)
- Centro em Território, Urbanismo e Arquitetura (CiTUA)
- Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN)
- Centro de Física e Engenharia de Materiais Avançados (CeFEMA)
- Instituto de Sistemas e Robótica (ISR-Lisboa)
- Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN)
- Instituto de Telecomunicações (IT)
- Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: Investigação e Desenvolvimento (INESC ID)
- Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade (CERIS)
Participaram também os projetos de estudantes Rob 9-16 e Formula Student Lisboa.