Alexandre Couto, estudante de Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico e atleta de natação adaptada do Sporting Clube de Portugal, prepara-se para representar Portugal, pela primeira vez, em provas internacionais. O jovem nadador marcará presença no World Para Swimming Series, no Japão, entre 10 e 12 de abril de 2025.
Aos 23 anos, Alexandre Couto é já tetracampeão nacional na classe S9, tendo vencido as provas de 400m, 100m e 50m livres, bem como os 100m costas. Detém também o recorde nacional nos 400m estilos, uma prova que considera “tecnicamente exigente”.
A sua participação nas World Para Swimming Series representa um marco significativo na sua carreira desportiva. “Esta primeira internacionalização é um grande passo para mim. Quero aprender, evoluir e, acima de tudo, representar Portugal da melhor forma possível”, afirma. Antes da competição, o estudante passará ainda por uma classificação desportiva internacional, um requisito do Comité Paralímpico Internacional para definir a sua classe competitiva a nível mundial.
O percurso de Alexandre Couto na natação teve início por recomendação médica, ainda em criança, como forma de melhorar a sua condição física devido à síndrome de Morquio tipo B, uma doença rara e degenerativa que afeta principalmente a estrutura óssea. “A água permitia-me praticar desporto de forma segura e sempre me transmitiu liberdade”, explica. O interesse pela competição surgiu mais tarde, levando-o a integrar inicialmente a natação convencional e, posteriormente, a natação adaptada, onde tem vindo a afirmar-se a nível nacional. Atualmente, compete na classe S8 e nas provas de bruços na classe SB7, categorias destinadas a atletas com deficiência física moderada.

Apesar da exigência dos treinos, consegue equilibrar a sua vida académica com o desporto de alto rendimento, aplicando estratégias que considera comuns nas duas áreas. “Em Engenharia e, principalmente, no Técnico, temos de ser muito autónomos e ‘colocar as mãos na massa’. O mesmo acontece no desporto, onde estudo a minha própria técnica, experimento novas abordagens, e aplico conceitos da engenharia, como o escoamento da água. A vontade de nunca desistir e de querer sempre saber mais e fazer melhor seria a síntese do que levo dos estudos para o desporto”, descreve.
A sua jornada tem sido acompanhada de perto por colegas e professores do Técnico. “Nem sempre é fácil conciliar tudo. Mas os professores têm sido compreensivos e tentam apoiar da melhor forma.” Para além do suporte académico, destaca a solidariedade dos amigos: “Em dias mais complicados, seja pelo treino, seja por dores ósseas, há colegas que me carregam a mochila e caminham ao meu lado, sem hesitar. São essas atitudes que definem os verdadeiros amigos e quem levamos para a vida”.
A experiência na natação adaptada permitiu-lhe crescer enquanto atleta e pessoa, levando-o a aprender com outros desportistas que enfrentam desafios diversos. “Ao partilhar a piscina com pessoas com surdez, por exemplo, aprendi sobre a Língua Gestual Portuguesa. Com amigos com síndrome de Down, percebi ainda mais que o limite somos nós a impor. No desporto ‘normal’ nascem heróis, no desporto adaptado aparecem heróis. Se eu consigo, com tantas adversidades, o que impede qualquer outro de pelo menos tentar?”, partilha.
Alexandre Couto deixa ainda uma mensagem de incentivo a outros estudantes que possam hesitar em conciliar o desporto com os estudos: “Temos de ter algo fora dos estudos que nos realize. No meu caso, o desporto começou como reabilitação e tornou-se algo muito maior. A minha mensagem é simples: arrisquem, apesar do medo, das adversidades e das circunstâncias. Se acham que vos faz bem, então sigam em frente sem receios.”
Com determinação e resiliência, Alexandre Couto parte agora para um novo desafio no Japão, levando consigo não apenas a vontade de superar tempos e marcas, mas também a inspiração de quem demonstra, dentro e fora da piscina, que os limites existem para ser ultrapassados.