Acreditou sempre e conseguiu. Francisco Santos, aluno de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Técnico, apurou-se no início deste mês para os Jogos Olímpicos de Tóquio, atingindo assim um “objetivo de vida”. Para o atleta do Sporting Clube de Portugal (SCP) este é “um sonho que se tornou realidade, algo que, se me perguntassem há uns meses, nunca pensei que fosse possível atingir tão cedo”. “Sempre sonhei ir aos Jogos Olímpicos, desde que comecei a competir. E desde então o sonho não parou de crescer”, confessa.
A pandemia obrigaria a uma paragem, mas desde que retomou os treinos o aluno do Técnico colocou todo o empenho na sua preparação e confessa que está mesmo a ter “a melhor época de sempre”. E não faltam argumentos que o corroborem: em março, Francisco Santos batia o recorde nacional absoluto dos 200 metros costas, com o tempo de 1m58,22s, ao vencer a prova no evento “Rumo a Tóquio”, que decorreu em Coimbra, e conquistava o apuramento para o Campeonato da Europa em Budapeste. Da capital húngara saiu com um honroso 11.º lugar na prova de 200 metros costas. “Tinha conseguido bater o recorde nacional, mas mesmo assim faltava a cereja no topo do bolo que consegui alcançar duas semanas depois no meeting do Porto”, realça o nadador do SCP.
Com o passaporte já carimbado para Tóquio 2020, e volvidos alguns dias após a conquista, Francisco Santos continua a não conseguir explicar “a sensação de chegar à parede e ver aquela marca”. “Quando são outros a conseguir já se torna arrepiante, então quando vi que tinha conseguido nem consegui reagir. Queria chorar, mas não tinha lágrimas e não conseguia parar de sorrir. Só pensava que tinha concretizado um sonho e em todos os que tornaram aquilo possível”, recorda.
Mais focado do que nunca, o estudante do Técnico assegura que vai continuar a trabalhar para que esta sua estreia olímpica seja “a melhor experiência possível”. “Viver os Jogos Olímpicos é uma experiência única que vou tentar aproveitar ao máximo! Os sonhos agora evoluem e o ouro ainda está longe, mas vou tentar obter uma classificação dentro dos 16 primeiros”, declara.
Os recordes que tem batido e o apuramento para Tóquio 2020 tornam a pergunta quase inevitável: como é que se concilia a exigência do Técnico com os treinos de um atleta de alta competição? Francisco Santos admite que “nunca foi tarefa fácil”. “Horários sobrepostos, deslocações a laboratórios, entre outros fatores, tornaram o meu dia a dia numa corrida constante para tentar chegar a todo o lado. Com uma gestão de calendário bastante difícil, lá fui conseguindo alcançar alguns objetivos, mas nenhum de grande destaque”, afirma. A mudança do ensino para o regime online, originada pela pandemia, acabaria por trazer alguns benefícios ao atleta do SCP, facilitando a organização do tempo que dispunha, e permitindo-lhe concretizar este sonho sem ter de prejudicar o desempenho académico. “Nunca tive hipótese de nadar na piscina do Técnico, mas certamente seria algo que adoraria fazer e ainda me ajudaria na minha organização e preparação”, diz Francisco Santos.
Sabendo o trabalho que dá acreditar permanentemente e conhecendo, agora melhor do que nunca, as sensações que essa capacidade pode permitir experienciar, o aluno do Técnico finaliza com uma mensagem que fala exatamente sobre isso: “Não desistam dos vossos sonhos por mais irrealistas e complicados que pareçam”.