O estudo desenvolvido por Rosa Félix e Filipe Moura, investigadores do Centro de Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade (CERIS na sigla em Inglês) do Instituto Superior Técnico, data de 2018, porém o sucesso das bicicletas da rede GIRA voltou a trazê-lo “à baila”, ganhando destaque no último número da versão portuguesa da National Geographic. O estudo em questão, encomendado pela própria EMEL, foca-se nas externalidades socioeconómicas do sistema na cidade de Lisboa, analisando-se cerca de 1 milhão de viagens realizadas. Quisemos saber mais sobre o mesmo e sobre as conclusões que desvenda acerca das bicicletas que estão a invadir as ruas e os hábitos dos lisboetas.
Como explica a investigadora Rosa Félix, “procurou-se quantificar as emissões de carbono e de gases poluentes evitadas pela GIRA, bem como o tempo e dinheiro poupados (por comparação com outro modo de transporte) e impactes na saúde a médio e longo prazo”. Para tal, os investigadores recorreram aos dados das viagens registadas e a um inquérito feito a 5 mil utilizadores da GIRA, questionando-os sobre se a utilização das bicicletas GIRA veio substituir o uso de outro método de transportes ou não.
De acordo com a investigação dos dois investigadores do Técnico, entre o tempo e o dinheiro poupado, as vantagens destas bicicletas superam claramente as desvantagens. A maioria dos utilizadores prefere bicicletas elétricas a convencionais sempre que estas estão disponíveis. Quase um terço abdica de levar o carro para a cidade quando sabe que terá ao seu dispor as bicicletas GIRA e, em média, as bicicletas da rede são utilizadas por cerca de 11 minutos.
“Globalmente, a GIRA permitiu reduzir cerca de 1.5 milhões de euros em termos de impactes socioeconómicos, depois de monetizados os impactes evitados decorrentes das emissões atmosféricas, os impactes sobre a saúde e segurança rodoviária”, sublinha Rosa Félix. “A adicionar a esta poupança de custos socioeconómicos, realça-se a poupança direta para os utilizadores de 42 mil euros, e de 711 mil euros por tempo poupado, em comparação com os outros modos de transporte que foram substituídos”, denota ainda a investigadora do CERIS. Outra das conclusões que pode ser retirada deste estudo é o facto de uma percentagem significativa dos utilizadores preterir o carro para usar as GIRA. “Note-se que 29% das viagens substituídas foram provenientes do automóvel e 21% do metro, sendo apenas 12% de deslocações a pé”. “Conclui-se que seriam necessárias 6 438 árvores para sequestrar as 101 tonCO2eq [toneladas por C02 equivalente] que as GIRA pouparam durante 2018, e a distância percorrida pela GIRA (1.9M km) equivale a 47 voltas à Terra”, refere ainda Rosa Félix.
Acerca deste destaque dado pela conceituada revista, a investigadora do CERIS refere que o mesmo vem ajudar a “disseminar as conclusões do estudo a um público substancialmente mais alargado. “É muito importante comunicarmos os resultados dos estudos que produzimos no Técnico para outros públicos, e a National Geographic conseguiu produzir uma infografia bastante detalhada, mas fácil de interpretar”, refere.