O investigador Frederico Fiúza, alumnus do Técnico, é um dos sete investigadores portugueses contemplados na edição deste ano das prestigiadas Consolidator Grants, atribuídas pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês). Para o desenvolvimento do projeto contemplado, o antigo aluno e atualmente investigador da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América, regressa à sua alma mater, o Técnico, onde continuará a dar cartas na área da Física agora com o apoio desta bolsa no valor de 1,8 milhões de euros e para o período de cinco anos.
No Espaço, ondas de choque ocorridas entre plasmas supersónicos originam os aceleradores de partículas mais potentes do Universo. As observações astronómicas recentes têm revelado a natureza e importância de fenómenos associados a ondas de choque em plasmas no Universo, tal como a aceleração de raios cósmicos nos resquícios de supernovas, a luz emitida na colisão de estrelas de neutrōes, e os jatos disparados por buracos negros massivos. No entanto, até agora não se tem conseguido compreender os princípios físicos que regem a aceleração de partículas durante choques astrofísicos.
Com o projeto denominado “Extreme Particle Acceleration in Shocks: from the laboratory to astrophysics (XPACE)”, o investigador Frederico Fiúza pretende explorar e compreender as questões científicas relacionadas com este tema, usando para isso simulações computacionais e técnicas de machine learning, e posteriores experiências em laboratório.
“Queremos poder solucionar as questões centrais dos fenómenos extremos que ocorrem em plasmas, unindo teoria, abordagem computacional, experiências laboratoriais e observações astrofísicas”, explica Frederico Fiúza, atualmente investigador na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que regressa a Portugal e ao Instituto Superior Técnico para desenvolver este projeto. “Acreditamos que podemos transformar o entendimento que temos hoje em dia da aceleração de partículas em ondas de choque, o que terá implicações na compreensão dos fenómenos mais extraordinários que acontecem no Universo”, sublinha.
Frederico Fiúza é licenciado e doutorado em Física pelo Instituto Superior Técnico, tendo depois continuado a sua carreira de investigação no Laboratório Nacional Lawrence Livermore e na Universidade de Stanford nos Estados Unidos da América durante os últimos 10 anos.
Ao longo da sua ainda curta carreira tem conquistado diversas distinções, nomeadamente o Prémio John Dawson de Excelência em Investigação de Física de Plasmas 2020, um dos mais importantes galardões desta área.
Para o alumnus é “um enorme prazer poder voltar para Portugal e esta bolsa ERC é o veículo ideal para o fazer”. “Estas condições únicas de financiamento são críticas para estabelecer um grupo que possa liderar a investigação nesta área científica a nível Europeu e que vai certamente contribuir para o avanço da ciência e da formação em áreas de ponta no nosso país”, declara.
Esta Consolidator Grant foi uma das 313 atribuídas pelo ERC, entre 2652 candidaturas provenientes de 24 países. O programa, um dos mais competitivos e prestigiantes do mundo da ciência, destina-se a investigadores em fase de consolidação, com 7 a 12 anos de experiência desde a conclusão do doutoramento, que sejam detentores de um currículo científico promissor e apresentem uma excelente proposta de investigação.