Uma equipa de investigadores do Instituto Superior Técnico publicou, no mês de junho, um artigo na revista Journal of Language Aggression and Conflict, no qual analisou comentários de YouTube sinalizados como potenciadores do discurso de ódio contra comunidades afrodescendentes, ciganas e LGBTQ+. A iniciativa tem o intuito de estudar a prevalência e as estratégias linguísticas subjacentes ao discurso de ódio contra estas comunidades. Foi desenvolvida no âmbito do projeto HATE COVID-19.PT e procura desenvolver modelos mais eficazes para a deteção automática deste tipo de discurso.
A equipa que conduz a investigação é liderada por Paula Carvalho, professora do Técnico, e inclui investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-ID) e do Interactive Technologies Institute (ITI-LarSyS).
No decorrer do estudo, os investigadores criaram um corpus composto por mais de 20 mil comentários postados por 8.485 utilizadores online em 39 vídeos do YouTube direcionados a essas comunidades. Os comentários foram meticulosamente analisados usando técnicas de linguística, o que permitiu a identificação de discursos de ódio explícitos e encobertos, contradiscursos e padrões de discurso ofensivos.
A criação do primeiro corpus anotado para o português europeu servirá como um recurso crucial para estudar e detetar discursos de ódio online, especialmente no que diz respeito às comunidades visadas, nas plataformas de redes sociais.