Uma equipa de investigação do Instituto Superior Técnico está a estudar a reação de crianças, entre os cinco e os dez anos, perante a exclusão de outras por robots, durante um jogo colaborativo. Os resultados foram apresentados na HRI (Human-Robot Interaction), uma das principais conferências do sector. Os investigadores da Interactive Technologies Institute e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), em colaboração com a Reichman University (Israel), conseguiram “perceber como as crianças reagem ao observar a exclusão social, num ambiente controlado”, de acordo a investigadora principal do projeto, Filipa Correia.
Neste estudo, a interação entre crianças e robots foi filmada e apresentada a outras crianças. “Os resultados indicam que as crianças que observaram a exclusão relataram níveis mais baixos de sensação de inclusão e de controlo das suas ações” do que “as crianças que observaram imagens de inclusão”, segundo Filipa Correia. Além disso, as mesmas crianças demonstraram um comportamento mais pró-social, o que sugere uma procura por aceitação e fortalecimento de vínculo, após a experiência de exclusão.
Apesar dos potenciais efeitos negativos, as crianças expressaram vontade de brincar com os robots após o estudo. O estudo levanta questões éticas sobre o fabrico e utilização de robots sociais em ambientes com crianças. A equipa sublinha a necessidade de práticas responsáveis no desenvolvimento de tecnologias robóticas amigas das crianças. “Se a Siri fosse acidentalmente capaz de entender um grupo de crianças exceto uma, mesmo que esta não fosse uma característica intencional, a criança poder-se-ia sentir excluída, o que poderia mudar os seus sentimentos e ações, relativamente a outras crianças e adultos”, exemplifica Filipa Correia. Esta sensibilização poderá orientar os decisores políticos, criadores de robots e educadores, garantindo uma integração segura e benéfica dos robots, em contextos educativos e sociais.