Santiago Gonzalez-Gaitán, João Duarte e Rita Santos, investigadores do Centro de Astrofísica e Gravitação (CENTRA) do Instituto Superior Técnico e identificaram, no início de outubro, 12 fenómenos detetados pelo telescópio NTT, no Chile, como sendo supernovas. O trabalho foi desenvolvido no âmbito da colaboração internacional ePESSTO+ (Extended Public ESO Spectroscopic Survey of Transient Objects) que, através de espetroscopia, observa estes fenómenos transientes com o intuito de estudá-los e classificar a sua natureza.
Os transientes são objetos que mudam de luminosidade no céu em intervalos de dias ou semanas, como as supernovas. São descobertos por telescópios dedicados que observam repetidamente as mesmas zonas do céu em busca de novas fontes de luz ou de alterações na luminosidade de fontes já existentes.
“Mesmo com uma filtragem dos candidatos recorrendo a inteligência artificial, é preciso tirar um espetro que fornece uma ‘pegada’ do candidato para ter a certeza da sua natureza”, explica Santiago Gonzalez-Gaitán, investigador do CENTRA que trabalhou nesta identificação de transientes juntamente com os dois estudantes de doutoramento João Duarte e Rita Santos.
A equipa do Técnico teve a seu cargo as tarefas de limpar e calibrar os dados observados pelo telescópio chileno, classificar os objetos descobertos e notificar a comunidade científica através de “Astronotes” (comunicados através dos quais os resultados são partilhados para que os restantes observadores possam apontar os seus telescópios na direção dos fenómenos, recolhendo mais dados a partir do seu local).
Para Santiago Gonzalez-Gaitán, “a monitorização do céu transiente é muito interessante a nível científico porque muitos processos importantes na astronomia são de natureza transiente”. Os buracos negros supermassivos nos centros das galáxias, por exemplo, “emitem luz de uma forma não constante” e “as supernovas indicam as mortes das estrelas nas galáxias e são tão brilhantes que nos permitem ver o Universo muito distante e quando era mais jovem”. Além disso, “estudar os corpos que mudam no céu também é investigar corpos potencialmente perigosos para a Terra – a forma como detetamos novos asteróides é exatamente a mesma que usamos para descobrir supernovas”, esclarece o investigador.