Ciência e Tecnologia

IST Distinguished Lecture – Markus A. Wimmer apresentou uma abordagem mecânica à osteoartrose

O evento insere-se no programa ‘American Corner@Técnico’, uma parceria entre o Instituto Superior Técnico e a Embaixada dos Estados Unidos da América.

A primeira IST Distinguished Lecture de 2024 foi ministrada por Markus A. Wimmer a 9 de janeiro, tendo como título “Articular Cartilage Shear and Tensile Properties in the Context of Tissue Wear”. A Sala de Reuniões do campus Alameda do Instituto Superior Técnico recebeu a palestra que analisou uma abordagem ao estudo da osteoartrose através das propriedades mecânicas da cartilagem.

Wimmer é Grainger Director da Rush Arthritis and Orthopedics Institute de Chicago. “Faço investigação em osteoartrose”, explicou numa entrevista dada antes do início da sua apresentação. O Associate Chairman for Research no Department of Orthopedic Surgery do Rush University Medical Center prosseguiu, esclarecendo que a osteoartrose é “uma doença das articulações que vê erodir a cartilagem num processo doloroso para o paciente”. Na qualidade de engenheiro, encontrou uma vertente deste problema que poderia explorar – “enquanto que no passado houve muito foco na lubrificação das cartilagens, poucos se concentraram nos mecanismos delas”. Foi sobre esse ponto que se debruçou.

“Nos últimos 20 anos, houve um afastamento das propriedades dos tecidos e da cartilagem, porque as pessoas aperceberam-se de que esse é um processo bastante complexo e que falar de osteoartrose envolve a totalidade do órgão”, prosseguiu o professor. Foi por esse motivo, acredita, que o estudo do tecido em si abrandou. “Pessoalmente, acredito que algumas perguntas não foram exploradas completamente e, hoje em dia, temos as ferramentas para fazer mais neste sentido se revisitarmos aquilo que já foi feito”, conta. É aqui que surge a sua “abordagem mecânica” para um assunto que é tipicamente estudado “numa vertente de bioquímica”.

Markus A. Wimmer relata que, com as tecnologias atuais, é possível alcançar um maior grau de precisão que o conseguido no passado. “Eu revisito questões que talvez tenham sido abordadas anteriormente, mas agora consigo fazê-lo a uma escala mais pequena e analiso as diferenças [entre as duas abordagens]”, relatou, aludindo ao conteúdo da palestra que daria minutos depois. “Vou investigar diferentes regiões de cartilagem e ver as diferenças aí”.

Este é um estudo que decorre há cerca de cinco anos, mas cuja fundação “foi colocada há 20”. Atendendo à longevidade da sua carreira, Wimmer concordou em deixar uma sugestão àqueles que dão agora os primeiros passos nos seus estudos desta doença – “nesta área, acho que várias perguntas regressam até nós; são cíclicas”. Por esse motivo, defende que “se têm interesse numa certa coisa, não desistam. Mesmo que vos digam que já não importa, quase certamente que [o assunto] regressará a certo ponto”. A sua carreira, contudo, não iniciou imediatamente com o estudo da cartilagem. “O meu campo de especialidade efetivo eram articulações e engenharia de materiais. Analisei ligas de cobalto-crómio-molibdénio, corrosão, tribocorrosão… a cartilagem é algo mais recente”, explicou.

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Quanto a destaques na sua passagem por Portugal, Wimmer é mais ortodoxo na resposta – “a comida! A comida é certamente um destaque aqui [risos]”.

Este evento insere-se no programa ‘American Corner@Técnico’.