Ciência e Tecnologia

Método desenvolvido no Técnico ganha competição internacional de diagnóstico médico

O engenheiro Miguel Monteiro é o responsável pelo desenvolvimento de um algoritmo que permite inferir classificadores que determinam quais as zonas do cérebro afetadas por AVC, sem intervenção humana.

Um algoritmo desenvolvido por investigadores do Técnico venceu a terceira edição da ISLES, uma competição internacional cujo principal objetivo é determinar a posição e forma de uma lesão cerebral causada por um acidente cardio-vascular (AVC) três meses depois do evento inicial, tendo apenas como base as imagens tridimensionais de ressonância magnética (MRI) captadas no dia do AVC.

O método com carimbo do Técnico foi escolhido entre os procedimentos totalmente automáticos, onde a identificação das zonas afetadas é efetuada sem intervenção humana. “Para vencer a competição usámos um algoritmo de deep learning chamado fully convolutional neural network que tem inúmeras utilizações na área de visão computacional”, explica o engenheiro Miguel Monteiro. A utilização de técnicas de aprendizagem profunda (deep learning) foi usada para inferir classificadores que determinam quais as zonas do cérebro afetadas por AVCs.

A conferência MICCAI 2017 (Conference on Medical Image Computing and Computer Assisted Intervention) que se realizou no Quebec foi o momento escolhido para a apresentação deste método desenvolvido pelo engenheiro Miguel Monteiro, investigador do INESC-ID, em colaboração com o professor Arlindo Oliveira, no âmbito do projeto PRECISE. O desenvolvimento de métodos de diagnóstico baseados em aprendizagem profunda tem a capacidade para vir a revolucionar o diagnóstico médico, dado que em algumas áreas se conseguem desempenhos superiores aos de especialistas humanos, a uma fração do custo.

“É sempre bom ser reconhecido por um trabalho bem feito, sobretudo num cenário em que se está a competir com outras equipas excelentes de instituições de renome internacional”, realça o investigador do Técnico. “A investigação ainda se encontra numa fase bastante inicial, de futuro esperamos continuar na área de medicina assistida por computador quer para área de AVC quer para outras doenças”, acrescenta o engenheiro Miguel Monteiro.

Participam no projeto PRECISE, financiado pela FCT, investigadores do Técnico, INESC-ID, IMM e Faculdade de Medicina, todos da Universidade de Lisboa. Acelerar o sistema de saúde Português para uma nova era de medicina de precisão, aplicando estratégias de tratamento e prevenção personalizadas a cada paciente, é o grande objetivo deste projeto de investigação. O desenvolvimento de métodos de diagnóstico baseados em aprendizagem profunda tem a capacidade para vir a revolucionar o diagnóstico médico, dado que em algumas áreas se conseguem desempenhos superiores aos de especialistas humanos, a uma fração do custo. “A colaboração entre a medicina e a engenharia não é uma coisa nova, tanto quanto sei colaborações deste tipo acontecem desde sempre”, destaca o investigador. “Este tipo de técnicas poderão ser usadas para informar os médicos no momento de tomar decisões de tratamento, permitindo uma melhor previsão do futuro”, acrescenta ainda.