Ciência e Tecnologia

Técnico integra consórcio europeu para neutralização de carbono na produção de leite

Projeto CANMILK quer tornar a produção de leite mais sustentável e ajudar a Europa a alcançar a neutralidade carbónica em 2035.

O Centro de Química Estrutural (CQE) e o Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) integram o consórcio europeu Carbon Neutral Milk (CANMILK) para a produção de leite mais sustentável. Neste projeto que se desenvolve no âmbito do Horizon Europe, através do mecanismo de Hop-on, participam oito parceiros de seis países diferentes. No Técnico, Vasco Guerra e Pedro Viegas (IPFN), Karina Shimizu e Carmen Bacariza (CQE) lideram algumas das tarefas  do projeto. 

Desenvolver uma nova tecnologia inovadora baseada em plasma não térmico para alcançar uma produção de leite mais ecológica é o objetivo do CANMILK. Assim, pretende-se uma redução das emissões de gases de efeito estufa na agricultura, através de um equipamento simples, eficiente e economicamente acessível para pôr fim ao metano em explorações de leite e carne. Este metano será convertido em dióxido de carbono (com recurso ao plasma não térmico), um composto menos prejudicial e com um potencial de aquecimento global 28 vezes inferior ao do metano.

O caráter inovador do projeto reside na combinação sinérgica de tecnologias de plasma e catálise (aceleração da velocidade de reação), aproveitando as vantagens de cada uma para desenvolver um método mais eficiente do ponto de vista energético que permita a eliminação de metano em baixas concentrações.

A equipa do Técnico focar-se-á no que acontece na interface direta entre o plasma e o catalisador e no papel das espécies ativadas pelo plasma e da atividade catalítica nessa interface, usando a sua experiência em modelação e em experimentação. Daqui sairá a informação necessária para identificar as melhores condições para a oxidação do metano, em que se inclui a escolha de catalisadores e parâmetros operacionais ideais. 

“Cerca de 10% das emissões totais de gases de efeito de estufa na Europa são provenientes da agricultura, sendo o metano responsável por perto de 54% das mesmas. Destes, a maior parte da ruminação e eructação dos bovinos. Na atualidade, não existe forma eficaz de tratar o metano existente nos estábulos, em baixas concentrações”, explicam os responsáveis pelo projeto.

“Uma redução rápida das emissões de metano, para que se alcance a neutralidade carbónica até 2035, implicará novas soluções técnicas eficientes e com alto potencial para uma rápida comercialização e com custos de investimento e operação acessíveis aos agricultores”, acrescentam.