Ciência e Tecnologia

VOXEL, uma tecnologia disruptiva na recolha de imagens tridimensionais

A longo prazo, esta tecnologia promete fazer a diferença na captura de imagens do interior do corpo humano a três dimensões usando doses mínimas de radiação.

Quando realizamos uma tomografia computadorizada não imaginamos a dose de radiação que lhe está associada e a que automaticamente somos expostos. O VOXEL, um projeto do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Técnico, cujo objetivo central é minimizar esses malefícios, assume-se como uma alternativa à tomografia através de uma tecnologia disruptiva que permite obter imagens 3D com doses mínimas de radiação ionizante. “Na tomografia acabamos por ter que escolher entre sacrificar a resolução para não irradiar o paciente, ou então perante a necessidade de uma maior resolução tem que sacrificar um bocadinho o paciente”, explica a coordenadora do VOXEL, a professora Marta Fajardo.

A tecnologia em que o projeto assenta já existe para a luz visível e designa-se por imagem plenóptica, e consiste em utilizar um sensor especial de fotografia capaz de registar a imagem e a direção dos raios de luz. A informação é posteriormente processada para reconstruir uma imagem em profundidade, passando de um pixel (a duas dimensões) para um elemento de volume ou voxel (a três dimensões), de onde advêm aliás o nome do projeto. “É um projeto multidisciplinar, precisamos da ajuda da computação, matemática, da física, da ótica, etc.”, explica a coordenadora do VOXEL.

O custo elevado que estaria associado ao projeto acabou por ser suprido com a submissão do VOXEL, em 2015, aos projetos FET (Tecnologias Emergentes e Futuras) do programa Horizonte 2020, e do qual adveio um financiamento de 3,99 milhões de euros – dos quais 760 mil euros são destinados a Portugal, onde aliás está centrada a liderança da equipa, nos laboratórios do IPFN.

As primeiras demonstrações nos Raios X UV (raios-X de menor energia) começarão já neste Verão até ao Outono. “Depois de fazermos os primeiros testes vamos já tentar reconstruir as imagens recolhidas”, adianta a investigadora do IPFN. A transposição até raios-X mais duros será feita até ao fim do projeto.

O número de potenciais aplicações do VOXEL é muito vasto, principalmente se pensarmos a longo prazo, e vão desde a odontologia, traumatologia até à deteção de cancro. “Num futuro mais próximo pode ser usado para microscopia tomográfica de alta resolução, em objetos que não podem ser excessivamente manipulados e expostos a tanta radiação, por serem mais delicados ou antigos, históricos”, explica a professora Marta Fajardo.