O Instituto Superior Técnico associou-se ao projeto ALTITUD3, através do CERENA e CERIS, do qual resulta a exposição que estará patente em Sintra.
A exposição ‘O Olhar do Pássaro’ enraíza a relação entre Arte, Ciência e Tecnologia, com enfoque em três temas da natureza: a floresta; o relevo; o curso de água; com os quais se exploram diferentes escalas, texturas e cores, em representações artística, documentais e científicas. ‘O Olhar do Pássaro’ conta com a participação da artista Filipa Marte, que integra peças de escultura e pintura. O ponto de partida foi um conjunto de milhares de imagens obtidas sistematicamente por drones, em trajetórias de voo previamente definidas, que foram depois recriadas artisticamente. Estas imagens foram captadas no âmbito do projecto ALTITUD3 – “Avaliação de sistemas aéreos inteligentes de baixo custo para modelação 3D da superfície do terreno”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
A exposição “O Olhar do Pássaro” insere-se na vertente de divulgação científica do projeto ALTITUD3. Pretende-se com esta criação oferecer ao observador uma experiência sensorial da diversidade de cenários dos ambientes naturais, que vão da floresta à ria, e à serra, misturando cores, formas, texturas e escalas. Aqui a arte e a tecnologia partilham o mesmo foco, a modelação de objectos que se encontram na natureza. Os objetos artísticos procuram o equilíbrio no encontro com a tecnologia, e comunicam também conceitos científicos, através da fotografia, da escultura e do desenho, em harmonia com as imagens e modelos criados através do uso de drones, software de fotogrametria, “machine learning” e impressora 3D. Pretende-se que esta mostra possa também informar, consciencializar e inspirar o público em temas essenciais da relação homem-natureza, como a sustentabilidade ambiental e a adaptação às alterações climáticas.
O foco do projecto ALTITUD3 é a modelação tridimensional do terreno e vegetação, com recurso a pequenos veículos aéreos não tripulados (os comuns drones). Os modelos tridimensionais de superfície (“nuvens de pontos”) são gerados através da combinação de fotografias aéreas obtidas de diferentes perspectivas, consoante o plano de voo do drone. Para isso é usada uma técnica de fotogrametria oriunda do campo da “visão por computador” chamada “estrutura a partir do movimento” (Structure from Motion). A contínua diminuição do custo destes pequenos drones está a democratizar o seu uso, e a revolucionar o mapeamento 3D por fotografia aérea. Mas a relação entre a qualidade dos modelos obtidos e as condições de voo e aquisição de imagem, assim como do processamento, ainda são mal compreendidas. Por esta razão, levaram-se a cabo diferentes experiências de campo (para determinar os planos de voo ótimos, os parâmetros de câmara mais eficientes, e as condições atmosféricas mais favoráveis) em diversas áreas que incluem a falha do Vale do Tejo, a floresta do parque natural de Sintra, a Ria de Aveiro, e as formas de relevo na Serra da Estrela. Foram utilizadas técnicas avançadas de aprendizagem automática (“machine learning”) para diferenciar e medir componentes importantes da superfície modelada; por exemplo, (i) extrair a superfície do terreno por debaixo da vegetação (importante no mapeamento de falhas ativas e de formas de relevo), ou (ii) estimar a altura das árvores, a espessura do seu tronco, e o volume de vegetação próxima do solo (importante na gestão florestal, e sobretudo na gestão de combustível, essencial para a prevenção de incêndios florestais).
O ‘O Olhar do Pássaro’ é acolhido pelo MU.SA – Museu das Artes de Sintra, e apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito de um protocolo assinado entre o Instituto Superior Técnico, Câmara Municipal de Sintra e a Parques de Sintra.