Sabia que a barba pode impedir o uso adequado da máscara ou que depois de usar um antisséptico deve aguardar que as mãos sequem antes de colocar as luvas? Estas e outras informações sobre o uso de equipamentos de proteção individual(EPIs), fulcrais no combate à propagação do novo coronavírus, podem ser conhecidas ou revistas no jogo “EPIs contra o COVID-19” criado por três alunas do Mestrado em Engenharia Farmacêutica (MEFARM), Luciane Eichelt, Safa Al-karam e Sara Coutinho.
Através de doze perguntas escolhidas criteriosamente e colocadas na plataforma Kahoot, as estudantes do Técnico pretendem ajudar o público a ter acesso “a formação, se possível de forma interativa e didática, de modo a conseguir usar os EPIs de forma correta protegendo-se a si e aos outros”. “Não existem bons procedimentos e bons equipamentos de proteção se estes não forem corretamente utilizados”, refere Luciane Eichelt.
A ideia de criar este jogo surgiu no final de fevereiro e no seguimento da propagação do vírus COVID-19 na China e arredores. “Foi um desafio que nos foi proposto pelo Professor Rui Loureiro no âmbito da Unidade Curricular Sistemas de Gestão de Qualidade”, recorda Luciane Eichelt. “Os países asiáticos já estão habituados a usar este tipo de equipamento de proteção individual, mas o mesmo não se verifica nos restantes países”, adiciona ainda. Por isso mesmo, o grupo de alunas decidiu avançar para a criação do jogo tendo bem presentes as linhas em que queriam que assentasse. “Não queríamos que o jogo fosse muito exaustivo e, por isso, teríamos de ter um número razoável de perguntas. As perguntas devem ser claras e objetivas para que não haja margem para dúvidas”, destaca Sara Coutinho. A escolha das questões teve por base uma pesquisa pelas redes sociais e focou-se nas dúvidas que as pessoas mais depositam. “Num mundo em que somos constantemente bombardeados com tanta informação, muitas vezes deixamos de saber qual será, realmente, fidedigna. Por isso, tivemos o cuidado de verificar várias fontes de confiança, tendo o cuidado de as mencionar no vídeo”, refere Sara Coutinho.
O trabalho das alunas do Técnico está a atingir uma repercussão muito boa, e já foi utilizado na sala de aula por professores portugueses e americanos. Por sua vez, a versão em árabe será divulgada pela agência reguladora do Iraque. “É sempre muito positivo saber que este tipo de informação está a chegar a muita gente e cumpre os objetivos a que nos tínhamos proposto, ser interativo e didático. Esperamos que o nosso trabalho possa sensibilizar e chegar ao maior número de pessoas”, salienta Luciane Eichelt. “O nosso objetivo principal é que todos estejam bem orientados e protegidos da doença”, acrescenta a aluna do Técnico.
De acordo com o grupo de alunas o público-alvo deste desafio é a população em geral, ainda que o feedback tenha sido “muito positivo quando partilhado com crianças”, como refere Safa Al-karam. Atualmente o jogo e o vídeo sobre o mesmo já estão disponíveis em três idiomas: Português, Inglês e Árabe. “Estas são as línguas maternas de 820 milhões de pessoas”, destaca Sara Coutinho, abrindo a porta à hipótese se o mesmo ser desenvolvido em mais línguas, se a “necessidade mundial” assim o ditar.
O feedback que têm recebido atesta a utilidade deste desafio e provém de professores, profissionais de saúde, engenheiros, etc. “O jogo e vídeo são vistos como muito pedagógicos. Alguns também nos disseram que as perguntas que escolhemos são difíceis, o que permite, realmente, testar o conhecimento”, sublinha Safa Al-karam.
Salientando que “nunca se ouviu falar tanto em EPIs e na sua correta utilização como agora”, o grupo de alunas afirma que os mesmos podem de facto fazer toda a diferença no combate ao novo coronavírus. “Há uma série de estudos e diretrizes governamentais publicados em diversos países que apontam e reforçam a sua utilização. Foram estas as razões porque achámos fundamental a implementação de uma formação com um público-alvo generalizado”, frisa Safa Al-karam. “É interessante perceber o impacto positivo que o jogo e o vídeo tiveram num momento tão delicado como o que estamos a viver”, remata a aluna.