Ciência e Tecnologia

Aceleradores de partículas compactos mais próximos da realidade

Um estudo com rubrica do Técnico vem desmistificar algumas caraterísticas das estruturas.

Uma investigação liderada por investigadores do Instituto Superior Técnico (IST) e do Deutsches Elektronen-Synchrotron (DESY) na Alemanha vem contrariar as previsões teóricas de físicos norte-americanos do início dos anos 90.  Pela primeira vez através do estudo, publicado no dia 26 de abril na prestigiada revista Physical Review Letters, a investigação explica como os aceleradores de partículas baseados em plasmas são intrinsecamente estáveis. “O nosso modelo é importante porque responde a questões que tem vindo a ser utilizadas por alguns detratores dos aceleradores de plasma. Pensava-se que as propagações dos feixes seriam instáveis levando à destruição do acelerador”, explica Jorge Vieira, investigador do Grupo de Lasers e Plasmas do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Técnico (IPFN).

A equipa de investigadores recorreu a supercomputadores no IST e em Juelich, Alemanha, para esta nova teoria sobre estes aceleradores, incorporando efeitos ignorados até ao momento, através de sofisticadas simulações computacionais. “Nós demonstramos que as estruturas de aceleração dentro do plasma levam, por si mesmas, a uma supressão automática destes mecanismos instáveis. Esta razão permite que possam ser construídos aceleradores cada vez maiores, o que é fundamental para acelerar as partículas até às energias comparáveis às de aceleradores convencionais”, acrescenta.

“Os aceleradores de partículas são críticos para o avanço científico e para a indústria”, vincula o professor Jorge Vieira, refletindo-se essa importância diretamente na sociedade. Assim, e como explica o professor uma tecnologia capaz de reduzir os custos e as dimensões dos aceleradores seria um avanço tremendo. “Acredito que esta descoberta poderá permitir, no futuro, desenvolver novas técnicas para tratamentos médicos que utilizem feixes de eletrões muito rápidos para os tratamentos”, justifica o investigador do IPFN.