Ciência e Tecnologia

Alumni do Técnico vencem Prémios APREN 2018

As dissertações de mestrado e doutoramento dos antigos alunos exploram sobre diversas perspetivas a temática da eletricidade de origem renovável.

Ricardo Prata e Gabriel Maciel, ambos alumni do Instituto Superior Técnico, foram os grandes vencedores do Prémio APREN 2018. Também o segundo lugar na categoria de trabalhos de mestrado foi entregue a um antigo aluno da escola: Filipe Fernandes. Os trabalhos vencedores estão diretamente relacionados com a eletricidade de origem renovável, área na qual se centrou esta quarta edição do concurso da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

Quando Gabriel Maciel decidiu concorrer ao prémio APREN já sabia que havia a possibilidade de ficar bem classificado. “Tinha finalizado em novembro do ano passado a minha dissertação com uma nota de 19 valores numa escola de referência, como é o Instituto Superior Técnico”, esclarece. Além disso a apresentação que fez na véspera da conferência APREN, correu-lhe “espetacularmente bem”, e no final da mesma ficou “com uma agradável sensação de dever cumprido”, vai partilhando.  Foi nesse mesmo dia que recebeu a notícia de que tinha sido o grande vencedor do prémio APREN na área de mestrado, o que o que o deixou “naturalmente radiante”. “Foi o culminar de uma etapa maravilhosa da minha vida”, frisa. A tese que lhe permitiu esta vitória teve como objetivo o desenvolvimento de uma fundação inovadora para instalação de uma turbina eólica offshore em águas de transição, entre 30 e 60 metros de profundidade. O trabalho do alumnus do Técnico envolveu toda a fase de conceção do conceito assim como a validação estrutural do mesmo. “O facto de ter projetado uma estrutura inovadora de raiz foi fundamental para vencer o Prémio”, destaca Gabriel Maciel. “Como o conceito tem um carácter inovador a patente do mesmo foi também submetida e encontra-se em processo de aprovação”, adianta ainda. O facto de ter desenvolvido a dissertação na área da energia eólica levou Gabriel a querer trabalhar nesta temática, encontrando-se neste momento a colaborar com a Vestas Wind Systems A/S, líder mundial do setor eólico, no Centro de Desenvolvimento e Inovação de Engenharia que existe na cidade do Porto.

A tese de Ricardo Prata, realizada no âmbito do programa doutoral em Engenharia e Políticas Públicas, analisa “a influência do crescimento da produção de origem renovável, não despachável (eólica e solar), sobre o Sistema Elétrico Português”, como nos explica o autor. “Entre as principais conclusões, destacaria a necessidade de articulação de políticas energéticas entre Portugal e Espanha, decorrente de estarem estes dois países integrados num mercado elétrico comum, para evitar efeitos de subsidiação cruzada entre os sistemas”, destaca posteriormente. Nesta distinção atribuída pela APREN, Ricardo Prata julga ter sido fundamental a análise dos efeitos sobre o sistema elétrico como um todo que fez no trabalho, “discutindo o efeito sobre o mercado, os efeitos sobre os custos para os utilizadores finais e ainda a influência do modelo regulatório é inovadora”.

O papel das Centrais Hídricas Reversíveis – em particular, aquelas que têm a capacidade de variar a potência em bombagem – no Sistema Elétrico e nos Mercados de Energia é o tema da dissertação de mestrado de Filipe Fernandes e na opinião do próprio foram o modelo de trabalho desenvolvido e a atualidade do tema e dos casos de estudo escolhidos que lhe deram o segundo lugar deste concurso, na categoria de tese de mestrado. “As Centrais Hídricas Reversíveis têm um papel fundamental na integração da geração de origem renovável, em particular de energia eólica, aquela que, em Portugal, sofreu um maior aumento em termos de potência instalada, armazenando a energia excedentária e, deste modo, minimizando a necessidade de corte”, refere. “No meu trabalho desenvolvi um modelo de análise de comportamento de portfólios de centrais de produção de energia em mercado, centrando-me nas Centrais Hídricas Reversíveis”, esclarece. Esta é uma matéria de investigação que o alumnus do Técnico gostava de continuar a explorar, como nos confessa, “nomeadamente com alterações ao modelo para poder incluir as diretivas da comissão europeia presentes nas Electricity Balancing Guidelines e ainda com casos de estudo que possam eventualmente incluir a atuação em portfólio com diversas tecnologias de produção”.