Francisco Centeno Dias, aluno do Mestrado em Engenharia Civil (perfil de Geotecnia), foi o vencedor do Prémio Jovens Geotécnicos em Língua Portuguesa, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Geotecnia(SPG). “Comparação de técnicas de tratamento de solos arenosos por biocimentação considerando a homogeneidade e os seus efeitos na resistência à compressão simples”, é o título do trabalho distinguido. O alumnus do Técnico assume o seu agrado com esta distinção, vendo o seu trabalho ser reconhecido por um júri composto por especialistas da área de Geotecnia, como também por docentes especializados nesta área. “Mais importante do que ter sido distinguido, é a oportunidade que me foi concedida no concurso de apresentar o meu trabalho e ser ouvido por uma plateia com profissionais tão mais experientes, é para um jovem engenheiro gratificante”, refere Francisco Centeno Dias.
O trabalho vencedor, orientado pela professora Rafaela Cardoso, tem como foco o uso do processo de biocimentação no melhoramento de solos. “É uma técnica relativamente recente em Engenharia Civil, que consiste na utilização de bactérias para a produção de carbonato de cálcio (biocimento), com o intuito de melhorar as características mecânico-hidráulicas de um solo”, explica o alumnus do Técnico. Relembrando que o seu interesse nesta técnica surgiu “sobretudo pelo seu uso peculiar de agentes biológicos não patogénicos, e por ter demonstrado resultados interessantes que a tornam uma alternativa a certas técnicas de tratamento de solos utilizadas hoje em dia”, Francisco Centeno Dias refere que o trabalho que realizou “em conjunto com o laboratório de Geotecnia (Labgeo) e com o laboratório de Bioengenharia do Técnico, investigou como a variação da forma de introdução de bactérias num solo e a forma de injeção da solução de alimento, resultava em diferentes padrões de distribuição do biocimento no solo”.
A aplicação desta técnica necessitou do desenvolvimento de um procedimento experimental e a criação de uma câmara que permitisse a injeção dos reagentes e bactérias no interior do solo, para aplicação do tratamento. “O trabalho é, em última análise, interessante do ponto vista laboratorial e académico porque não só foi um processo iterativo de melhoria dos procedimentos experimentais necessários para o processo de biocimentação, requerendo o uso de conhecimentos de diferentes departamentos do Técnico, como também abre portas para eventuais usos das conclusões para aplicação da técnica em campo”, refere o alumnus do Técnico.
Para Francisco Centeno Dias “além de contribuir para o avanço do conhecimento desta técnica a nível nacional, [esta tese] também gerou interesse generalizado nos meus colegas engenheiros quanto a potenciais usos da técnica em construção, algo que senti sobretudo após o concurso dos Jovens Geotécnicos”. A satisfação do alumnus do Técnico aumenta quando pensa que daqui a uns anos poderá assistir à aplicação da técnica de biocimentação, para a qual contribuiu de alguma forma. “Esse facto é, mais do que tudo, inspirador e estimulante para alguém que iniciou a exercer a profissão há pouco mais de 5 meses”, refere o antigo aluno, que atualmente é engenheiro júnior no gabinete de projeto da AQUALOGUS. A estabilização de arribas, a proteção de taludes a efeitos de erosão, ou ainda o ravinamento são algumas das aplicações desta técnica que agora tem a rubrica do antigo aluno do Técnico.
O Prémio Jovens Geotécnicos em Língua Portuguesa distingue trabalhos que se assumem como uma relevante contribuição quer para o progresso dos conhecimentos técnicos e científicos, quer para a resolução de problemas nacionais no domínio das especialidades da Geotecnia.