O ano atípico que estamos a viver exigiu poderes extra de adaptação à equipa que organiza a Lisbon Machine Learning School (LxMLS), e apesar de esta edição se realizar em formato online, o nível do painel de oradores, a capacidade de atração de participantes de todos os continentes e o sucesso foram mais que garantidos. A troca de ideias e de aprendizagens foi feita desta vez através do monitor, e foram mais de 240 os entusiastas pela área de machine learning que participaram nesta 10.ª edição. Com origem em 51 países diferentes, os participantes pertencem maioritariamente ao mundo académico, e 10% são profissionais com ligação à área.
“Durante alguns meses tentámos adiar a decisão, mas assim que se tornou claro que não seria impossível organizar a escola como habitualmente, decidimos imediatamente que não seria cancelada, mas sim mudada para uma versão online”, começa por recordar o professor Mário Figueiredo, docente do Técnico, investigador do Instituto de Telecomunicações (IT), e um dos responsáveis pela organização do evento. “Naturalmente, o modo de funcionamento é bastante diferente e surgem vários problemas para resolver, tais como o facto de os oradores e os estudantes se encontrarem espalhados por muitos fusos horários ao redor do globo”, salienta, de seguida o docente do Técnico. Ainda assim, a exigência manteve-se e nenhum dos traços distintivos LxMLS foi esquecido. “A equipa de organização – o André Martins, Bruno Martins, Fernando Batista, João Graça, Mariana Almeida, Pedro Balage, Ramón Astudillo e a Zita Marinho – que montou a escola foi inexcedível em esforço e dedicação e colocaram de pé toda a estrutura necessária para que escola funcione o melhor possível, incluindo as sessões de laboratório a funcionar em modo remoto” salienta o investigador da IT.
O evento arrancou na passada terça-feira, 21 de junho, e desde então foram muitas as palestras e atividades que permitiram aos participantes do evento aprender mais sobre este ramo da Inteligência Artificial. O programa contou com doze oradores convidados vindos de diversos países, com ligação a universidades e empresas como a Google. “O programa foi certamente o aspeto que menos sofreu com a alteração do modo de funcionamento para virtual”, sublinha o professor Mário Figueiredo. “Temos de novo um conjunto de oradores de grande qualidade e um programa à altura das edições anteriores, incluindo os laboratórios, que são uma das imagens de marca da LxMLS”, acrescenta o docente.
Por se tratar da 10.ª edição da LxLMS , a organização tinha, antes da pandemia, definido que esta seria especial. Este objetivo não foi esquecido na transição para o online e entre outras coisas, o programa inclui um painel de discussão designado “Careers in ML/NLP”, “no qual participarão várias pessoas que foram estudantes de edições anteriores da LxMLS e que hoje têm carreiras profissionais (em empresas ou na academia) na área”, destaca o docente do Técnico.
A interação entre concorrentes e a troca de ideias que este palco de aprendizagem permite acaba por ser incontornavelmente desvanecida nesta passagem para o online, como realça o professor Mário Figueiredo: “Sem presença física, sem as conversas durante os almoços e coffee breaks, sem o banquete, sem a interação social típica de uma escola de verão, perde-se uma componente muito importante de um evento deste tipo”. A organização tentou atenuar ao máximo este facto, através da utilização de espaços de encontro virtual (gather.town), que permitem aos participantes conhecerem-se e conversar. “Naturalmente isso fica muito distante de uma verdadeira conversa presencial” afirma o professor Mário Figueiredo.
Ainda assim, há que olhar para os benefícios que esta edição online agrega. A mais evidente é a possibilidade de levar a LxMLS mais longe e a mais pessoas, uma vez que todas as apresentações são transmitidas ao vivo pelo Youtube, ficando os vídeos disponíveis nessa plataforma. “Isto poderá contribuir para aumentar ainda mais a visibilidade da LxMLS. Por exemplo, as apresentações do dia 0 já tiveram mais de 1500 visualizações”, destaca o professor Mário Figueiredo.
Além do Instituto Superior Técnico, são também organizadores da LxLMS a Unbabel, o Instituto de Telecomunicações(IT), o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento em Lisboa (INESC-ID), Unbabel, Priberam Labs e a Cleverly.
Ao longo destas 10 edições, a LxLMS tem vindo a ganhar cada vez mais prestígio e atraindo cada vez mais atenções e participantes de ano para ano. Na opinião do professor Mário Figueiredo isto deve-se “à elevada qualidade dos conteúdos e dos oradores, bem como pela boa organização”.