O talento de Inês Godet não é desconhecido da comunidade do Técnico. A atribuição que lhe foi feita do Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo, em 2017, pode até ser visto como o prenúncio de tudo o que estaria para vir e vê-la conquistar. Depois de terminar com todo o mérito o seu percurso no Técnico, a alumna rumaria à Johns Hopkins University para cumprir o seu sonho de ajudar na luta contra o cancro. Também em Baltimore, EUA, onde está a fazer o doutoramento, o talento de Inês Godet não tem passado despercebido. Além dos vários prémios que tem arrecadado, do envolvimento em várias iniciativas, a antiga aluna acaba de ser distinguida com as conceituadas “Siebel Scholars” 2021.
As Siebel Scholars são um programa internacional de bolsas de estudo que reconhece, anualmente, cerca de 90 estudantes excecionais das principais escolas de pós-graduação mundiais nas áreas de negócios, bioengenharia, informática ou ciência da energia. A alumna do Técnico foi um dos 5 talentos distinguidos na área de bioengenharia.
A seleção dos bolseiros é feita através de um processo competitivo supervisionado pelos reitores das várias escolas, e que tem por base os resultados académicos notáveis e o potencial de liderança demonstrado. Atualmente, mais de 1.400 mentes brilhantes são “Siebel Scholars”, e Inês Godet integra a turma de talentos de 2021. “Feliz e realizada”, é assim que a antiga aluna do Técnico se assume com o reconhecimento. “É um marco que distingue o meu trabalho de doutoramento no meio de muitos, o que é extremamente recompensador e motivador para continuar a trabalhar para chegar ainda mais longe”, refere Inês Godet.
A alumna do Técnico acredita que “o impacto da minha primeira publicação, juntamente com algum reconhecimento que já estava a ter terão sido fatores decisivos para me selecionarem”. Além disto, Inês Godet salienta que “o facto de já ter orientado vários alunos e estar envolvida em diversos projetos e colaborações”, poderão ter sido também relevantes.
O reconhecimento internacional começaria a chegar logo em 2017, quando Inês Godet recebeu uma bolsa internacional da EACR. Seguir-se-ia a conquista de seis prémios de apresentação de topo. Mais recentemente a sua investigação conduziu a 6 publicações, a mais recente na Nature Communications. A antiga aluna é muitas vezes confrontada com a pergunta que averigua o segredo de todo este sucesso, e a resposta é tão simples quanto inspiradora: “honestamente acho que a paixão pelo que faço deve transparecer bastante quando falo ou escrevo sobre a minha investigação. Gosto muito de comunicar ciência, particularmente quando a história é a minha. Penso que isso poderá ser uma das coisas que me distingue”, afirma.
Além do sucesso da sua investigação, a antiga aluna é mentora e voluntária do Programa de Autópsia Rápida em Hopkins, estando de serviço 24 horas, 7 dias por semana, para preservar amostras críticas cujo estudo poderá ser fulcral no futuro da investigação na área do cancro. É também membro da direção da Portuguese American Post-graduate Society (PAPS) e foi até ao momento mentora de 11 estudantes, dois deles também premiados com Prémios de Investigação do Provost. Confessa que foi na sua escola que lhe incutiu esta vontade de se envolver em várias coisas em simultâneo. “No Técnico vivi várias experiências que fizeram aqueles cinco anos completamente marcantes e repletos de momentos e pessoas inesquecíveis”, sublinha. “Acredito que manter vários projetos abre muitas portas, dá novos contactos e oportunidades. Vivo a vida com essa ‘regra’ e tem sido inspirador ver como um pé leva ao outro”, adiciona.
Todo este reconhecimento “é muito importante” para a antiga aluna, mas são as pequenas coisas do dia-a-dia que a fazem sentir-se realizada. “Ver o entusiasmo dos alunos que oriento, formar uma hipótese, testá-la e ver a confirmação, otimizar protocolos e descobrir como melhorá-los efetivamente, ter um resultado sugestivo e visualizar os potenciais caminhos a seguir… Todas estas pequenas coisas, enquadradas num projeto que adoro e na área que sempre quis, são o estímulo que nunca me falha, mesmo nos dias mais longos”, partilha.
Os distinguidos recebem um prémio de 35.000 dólares para apoiar o último ano de estudos. Depois do seu doutoramento, Inês Godet planeia procurar uma posição de pós-doutoramento também na área da investigação em cancro “e continuar a teorizar, experimentar e ensinar”, revela.