O lugar da Mulher é onde ela quiser. A frase é feita, mas resume bem tudo o que foi transmitido na edição especial das “Alumni Talks” que se realizou esta segunda-feira, 8 de março, e que celebrou o Dia Internacional da Mulher. Mais do que as palavras, o percurso das antigas alunas convidadas mostrou-o. Ao longo de quase duas horas, as 7 alumnae usaram as suas experiências e aprendizagens para desmistificar algumas ideias sobre a desvantagem feminina no mercado de trabalho, mostrando que com determinação e resiliência é possível contornar alguns dos obstáculos que ainda existem. Do outro lado do ecrã, mais de 70 alunas cheias de sonhos deixaram-se inspirar, encontrando nestes exemplos o conforto que só quem já passou pelo mesmo consegue dar.
Sara Mendes (Senior Solution Manager na Huawei Portugal), Isabel Guerreiro (Head of Digital Europe no Grupo Santander), Joana Oom de Sousa, (Strategy & Business Development no Sovena Group), Cristina Borges Correia (I&D Director na PRIO Energy), Ana Dias (Board Member/Chief Financial Officer na RTP), Inês Godet (aluna de doutoramento e investigadora na Johns Hopkins University) e Sandra Conceição(Supply Chain Development Manager na Nestlé Nespresso) foram as protagonistas desta edição especial das “Alumni Talks”.
Depois do presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, agradecer a disponibilidade e presença das antigas alunas, enaltecendo a importância desta iniciativa, o professor Alexandre Bernardino e a professora Beatriz Silva, coordenadores do grupo Gender Balance Técnico (BG@Técnico) dariam a conhecer alguns dados sobre a igualdade de género na instituição. Os docentes enumeraram também algumas das atividades dinamizadas pelo grupo para atrair mais talento feminino para a Escola e promover a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens.
Desafiadas a dar a conhecer um pouco das suas carreiras, as antigas alunas resumiram o caminho que fizeram desde que saíram do Técnico até às posições que ocupam atualmente. As narrativas cruzaram-se muitas vezes nas boas recordações dos tempos de estudante, na relevância de debater a questão da igualdade de género, no “orgulho em ser do Técnico”, mas sobretudo na bagagem de valências adquiridas, que têm tornado esta viagem mais fácil e dinâmica. “O Técnico ensina-nos a pensar, a abordar os problemas de forma muito diferente e julgo que isso nos marca para a vida toda”, realçou Cristina Borges Correia.
As perguntas típicas de quem está ansiosa por saber o que está fora da “bolha” do Técnico encontrariam depois resposta na experiência e na confiança destas profissionais. Além de algumas questões sobre o mercado de trabalho, as cerca de 70 estudantes presentes no evento- divididas pelas várias salas da plataforma Zoom- tentavam perceber como funcionavam as dinâmicas de recrutamento, que caraterísticas são mais valorizadas pelas empresas, ou como identificar a empresa ou a área onde se poderão sentir mais realizadas. O esclarecimento das dúvidas era sempre corroborado com episódios e estratégias de superação vicenciados pelas antigas alunas. Pelo meio, nas entrelinhas ou tacitamente, transmitiam-lhes a confiança de que quando se sai do Técnico se é capaz de “fazer tudo”.
A questão da igualdade de género não ficou fora da conversa, tal como, aliás, o dia o instigava, e apesar de não negarem alguns obstáculos, as alumnae sublinharam que é possível contorná-los e vingar num mundo que ainda é “predominantemente masculino”. Ainda assim, é preciso continuar a perseguir a mudança, como lembrou Ana Dias: “Em perspetiva acho que já evoluímos muito em Portugal nos últimos anos, mas também considero que para continuarmos a evoluir é preciso forçar temas como o das quotas para as mulheres em cargos de decisão”. Isabel Guerreiro sublinharia também a importância de lutar contra os estereótipos, incentivando as alunas a acreditarem “na capacidade de fazerem seja o que for”. “Não aceitem nada menos do que aquilo a que têm direito”, vincou, lembrando a importância de “criar caminho para as próximas gerações”.
Tentando serenar possíveis inquietações sobre a capacidade de conciliar a vida profissional e familiar, Sandra Conceição dava o seu exemplo, e garantia que “é perfeitamente compatível ter uma vida pessoal e uma vida profissional, mesmo em posições de direção”. “As coisas vão-se gerindo facilmente porque temos essa capacidade de encontrar soluções”, acrescentou.
Com o tempo, deixou de haver inibição que fizesse mossa na vontade de questionar, e foram muitos os conselhos transmitidos. Joana Oom de Sousa deixou vários e encorajou as estudantes a arriscarem, darem sempre o seu melhor, e a fazerem “escolhas com o coração”. “Pensem sempre pela vossa cabeça. Sejam vocês próprias”, recomendou alumna.