Campus e Comunidade

Alunos do Técnico arrecadam “H-INNOVA Health Innovation Award”

O software de inteligência artificial desenvolvido pelos estudantes Nassir Cassamo, Filipa Pinto e Miguel Folque, e orientado pela professora Susana Vieira, conquistou o leque de jurados responsável pela atribuição do prémio.

Nassir Cassamo, Filipa Pinto e Miguel Folque, alunos finalistas do mestrado em Engenharia Mecânica, do Técnico, foram os vencedores da 1. ª edição do “H-INNOVA Health Innovation Award” com o promissor projeto “AI4Health”. Orientado pela professora Susana Vieira, docente do Departamento de Engenharia Mecânica( DEM), o projeto vencedor tem por base um software de inteligência artificial capaz de prever a ocorrência de um ataque cardíaco em pacientes internados, até 5 minutos antes do mesmo ocorrer.

Assumindo que a equipa está “incrivelmente satisfeita” com esta vitória, Nassir Cassamo refere que “é realmente bastante gratificante vermos um projeto onde foram investidas centenas de horas de trabalho ser reconhecido por diferentes entidades por detrás da organização da iniciativa entre tantos outros projetos de enorme qualidade a nível internacional”. Para além disto, o aluno salienta o agrado com que o grupo vê este “investimento e o crescente interesse pelo uso deste tipo de tecnologias em áreas como a saúde”.

O desafio para o desenvolvimento do AI4Health foi lançado pela professora Susana Vieira, cuja área de investigação se foca neste tipo de temáticas, e o projeto nasce no contexto da unidade curricular de Sistemas Inteligentes. “Foram desenvolvidos dois tipos de modelos de machine learning, onde se usou fuzzy reasoning e Artificial Neural Networks (ANN). Os modelos são construídos com dados de electrocardiogramas (ECG’s) de pacientes saudáveis e não saudáveis de uma base de dados desenvolvida pelo MIT Lab for computational physiology”, explica Filipa Pinto.“Até esse ponto desenvolvemos apenas os modelos de machine learning”, recorda  a aluna.

Depois de terem conhecimento deste galardão, no final do primeiro semestre, e cientes do potencial do trabalho desenvolvido, a equipa resolveu concorrer. Para tal desenvolveu “um business plan que permitiu adaptar o projeto sob a forma de um produto passível de ser implementado e comercializado, ocasião onde surgiu o nome AI4Health”, conta a aluna.

Através da deteção de pequenas alterações dos dados do ECG por comparação com uma onda padrão em regime saudável do ECG, os algoritmos inteligentes do AI4Health procuram padrões que são dificilmente detetados pelo olho humano e que podem funcionar como ‘preditores’ de um evento cardíaco. Assim, e graças a este software e às suas potencialidades, tanto os médicos como outros operacionais de saúde,  “podem ser notificados destas alterações até 5 minutos antes do evento cardíaco acontecer, agindo antecipadamente e possivelmente salvando vidas”, tal como sublinha  Filipa Pinto.

Miguel Folque frisa que o “potencial de projetos deste tipo, onde se estabelece pontes no conhecimento entre áreas distintas – Medicina e Engenharia – é de facto enorme e poderá, no futuro próximo, salvar muitas vidas”. “O trabalho que desenvolvemos tem por objetivo demonstrar a aplicabilidade e exequibilidade deste tipo de algoritmos na área da saúde, fortalecendo a hipótese de que com a disponibilização de mais dados e uma maior colaboração entre domínios da ciência, melhores algoritmos poderão ser desenvolvidos”, realça ainda o elemento da equipa distinguida.

Os alunos assumem “todo o interesse em ver este produto tornar-se realidade” e revelam a vontade do grupo de fazer chegar ao mercado este produto cheio de valor.  Na estratégia desenhada para atingir este objetivo, será importante, antes de tudo, ultrapassar duas etapas importantes. A primeira será a criação de uma base de dados colaborativa a nível nacional. “Este passo é fundamental já que a qualidade dos algoritmos está dependente da qualidade e quantidade de dados disponível. Tal iniciativa constitui um marco ainda não alcançado neste tipo de colaborações a nível nacional”, salienta Nassir Cassamo. A segunda meta já definida pelos alunos do Técnico passa pela “integração de um HUB nesta área,  ou seja, integrar uma iniciativa colaborativa com experts de diferentes domínios -medicina, data science-  com o objetivo de maximizar o potencial dos algoritmos previamente desenvolvidos”, partilha o aluno.

A conquista deste prémio poderá, aliás,  ser o início para o descerrar desta porta, tal como aponta Nassir Cassamo: “Acreditamos que com a integração e o apoio do H-INNOVA Health INNOVAtion HUB, poderemos integrar um ecossistema composto por entidades experientes com interesse em participar na implementação deste tipo de projetos tecnológicos inovadores, tornando desta forma o AI4Health uma realidade com valor acrescentado para a sociedade”.

O “H-INNOVA Health Innovation Award” é uma iniciativa do Governo Regional da Madeira em parceria com a PremiValor Consulting e outras empresas de referência, e em colaboração com Universidades nacionais e internacionais. O galardão pretende “reconhecer e premiar o melhor projeto desenvolvido por alunos e professores universitários na vertente de inovação e empreendedorismo em Saúde”.

Por sua vez, o H-INNOVA – Health INNOVAtion HUB é um acelerador de inovação para a área da saúde que tem como objetivo contribuir para a implementação de projetos inovadores através de um ecossistema de incubação de ideias, constituído por entidades públicas e privadas de referência no setor da saúde.

O projeto dos alunos do Técnico venceu um prémio monetário no valor de 5.000 euros, entregue no passado dia 22 de setembro numa cerimónia digital.