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Alunos do Técnico vencem maratona de desenvolvimento tecnológico da Gulbenkian

A equipa foi uma das vencedoras da competição Hack For Good @ Home da Gulbenkian e destacou-se pela criatividade da ideia desenvolvida: um dispensador inteligente de comprimidos.

 

A equipa constituída pelos alunos do Técnico: Beatriz Lourenço, Bernardo Carvalho, Gonçalo Rebelo, alunos de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, Gonçalo Biltes, aluno de Engenharia Aeroespacial; e também por Catarina Costa, uma jovem recém-licenciada em Design pelo IADE, venceu a competição Hack For Good @ Home, a maratona de desenvolvimento tecnológico (hackathon) promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian. O dispensador de comprimidos inteligente de fácil utilização, que procura otimizar o processo de organização e de toma da medicação, desenvolvido pelo grupo de jovens distinguiu-se das restantes ideias a concurso, primando pela criatividade.

Há algum tempo que este dispensador, denominado agora Eletronic Geriatric Aid(EGA), era magicado por Gonçalo Rebelo: “a ideia nasceu quando estava no secundário e ajudava a minha avó a gerir a sua medicação”, recorda. “Como para grande parte dos idosos este procedimento dá-se através das conhecidas caixas de comprimidos. No entanto, rapidamente notei que este processo era trabalhoso e muitas vezes confuso”, partilha o estudante. Com o tempo, o jovem aperceber-se-ia que o processo moroso era vivenciado por muitas mais pessoas, e que se refletia muitas vezes na não adesão à terapêutica prescrita.

Ao ter conhecimento da hackathon da Fundação Calouste Gulbenkian e do repto lançado pela organização – o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para problemas ligados ao envelhecimento da população – o aluno percebeu que tinha ao seu alcance “uma oportunidade única para ver a ideia de adolescente ganhar vida”. Decidiu desafiar alguns colegas e amigos para o ajudarem na resolução deste problema, e nem na constituição da equipa deixou detalhes ao acaso, incorporando “pessoas com conhecimentos de eletrónica, programação, modelação e design”.
“Daí nasceu esta equipa, com um único objetivo, um envelhecimento com mais qualidade e autonomia, através de um dispensador inteligente que facilite a gestão e toma de medicação”, vinca o estudante do Técnico.

Nesta que foi a primeira edição Hack for Good à distância, o EGA seria uma das 16 ideias desenvolvidas no decorrer da maratona, selecionadas por entre as 200 ideias inscritas na fase inicial. Ao longo da maratona, as ideias apresentadas foram desenvolvidas, melhoradas e transformadas em projetos, contando com o apoio de mais de 20 mentores, especialistas sobretudo em questões ligadas ao envelhecimento da população. No final do percurso, oito equipas foram convidadas a apresentar o seu protótipo ao leque de jurados. Foram várias soluções apresentadas – focadas na segurança, saúde e bem-estar da população sénior, mas no final apenas o EGA e o projeto Re.Habilita foram distinguidos com o prémio monetário de 2000 euros.

O aluno do Técnico Gonçalo Rebelo partilha a realização que domina a equipa com esta conquista: “este trabalho foi produto de bastante esforço por parte de todos, foi a primeira vez numa competição deste género, mas penso que posso falar por todos quando digo que fizemos um trabalho que nos orgulhamos”.

O EGA distingue-se pela facilidade de utilização e pela melhoria que agrega ao processo de organização e toma da medicação. “Sabendo que em Portugal a percentagem de população idosa com literacia digital é bastante reduzida, implementámos um sistema onde o carregamento e configuração inicial pode ser feita por um cuidador, através da nossa aplicação”, salienta Gonçalo Rebelo.

“Decidimos implementar um sistema para reduzir ao máximo o erro humano, visto que tomar a medicação errada, ou à hora errada poderá ter graves consequências. Para tal, desenvolvemos um sistema no recarregamento, onde o utilizador necessita de fazer scan à caixa dos comprimidos de forma a confirmar a medicação”, acrescenta o estudante do Técnico. Por questões de segurança, quando a medicação não é retirada, o dispositivo alerta o familiar ou cuidador mais próximo. “O dispensador inclui um sistema de inteligência artificial que reconhece padrões de toma, identificando se os mesmos são adequados ao quadro clínico do utilizador”, sublinha Gonçalo Rebelo.

Para o aluno do Técnico, esta solução destaca-se pelas caraterísticas inovadoras nesta área, “com funcionalidades que não se encontram em mais nenhum produto no mercado”. “Por outro lado, temos um produto que se adequa à faixa etária exigindo simplesmente literacia digital por parte dos cuidadores, sejam estes familiares, voluntários ou cuidadores profissionais”, complementa Gonçalo Rebelo.

O grupo de jovens empreendedores pretende continuar a apostar e aprimorar o projeto. “Acreditamos que é algo que fará a diferença e queremos contribuir para um envelhecimento mais autónomo e com mais qualidade de vida”, vinca Gonçalo Rebelo, adiantando que pretendem levar o EGA até aos consumidores cumprindo assim estas metas.