Na celebração do 21.º aniversário do campus do Taguspark, docentes, investigadores, alunos, funcionários não docentes, parceiros e comunidade de uma forma geral juntaram-se num Dia Aberto com visitas a laboratórios e demonstrações que culminou com cantar de parabéns e um bolo. Seguiu-se uma sessão solene e um apontamento musical.
Eram dez da manhã, quando as portas do Instituto Superior Técnico no campus Taguspark foram abertas oficialmente para as celebrações do 21.º aniversário. No átrio, a mesa de check-in já estava montada com programas e mapas para dar as boas vindas aos convidados. Das bancas dos núcleos de estudantes a laboratórios espalhados pelos três pisos do edifício pedagógico, já estava tudo a postos para mostrar a ciência que se faz no campus Taguspark.
Os mais curiosos chegaram cedo para garantir que podiam explorar tudo o que havia para ver. O uso de máscaras, o desinfetar das mãos e as inscrições para limitar o número de pessoas em laboratórios eram as únicas exigências.
Enquanto uns iam com calma, a ambientar-se com o espaço, outros queriam logo explorar os laboratórios. No primeiro piso, a entrada e saída de pessoas no Laboratório de Física Experimental era uma constante, assim como o entusiasmo dos professores em explicar como a física atua no nosso dia a dia.
Entre várias experiências, o professor Artur Malaquias fez a analogia do momento da inércia com o movimento de translação e rotação das rodas de bicicleta.
“Preparámos experiências que achamos serem mais dinâmicas e que captam o interesse das pessoas. Temos objetos a mexer, sinais elétricos a variar, coisas para cativar alguns alunos para a nossa área”, salientou o professor.
Enquanto no Laboratório de Física Experimental ressaltam conceitos de eletromagnetismo, ondas e termodinâmicas, no Laboratório de Engenharia de Células Estaminais e Medicina Regenerativa, a equipa debruçou-se em explicar as técnicas do PCR.
“O que nós decidimos fazer foi mostrar as várias atividades, as diferentes valências que temos aqui no laboratório nomeadamente a valência da biologia molecular, a técnica do PCR que se tornou muito conhecida porque é a técnica que está na base dos testes de COVID-19, estamos também a visualizar células em diferentes estados…”, descreveu o investigador Simão Rocha.
Enquanto isso, o auditório A5 no átrio já estava cheio e o relógio apontava para minutos depois das 11h. Joana Lobo Antunes, coordenadora de comunicação do IST, deu as boas vindas aos presentes e aos que acompanhavam a emissão do “Explica-me como se tivesse 5 anos” através da transmissão no Facebook.
A missão do professor Paulo Ferrão era explicar o que acontece a um frigorífico depois de ir para o lixo, assunto que despertou o interesse dos convidados, em especial das crianças que encheram o professor de perguntas.
“A palestra foi muito interessante pois ensina de forma simples como funciona a reciclagem de eletrodomésticos”, disse Lourenço de 10 anos no final da sessão.
Várias centenas de pessoas, famílias e amantes da ciência marcaram presença no Dia Aberto do Técnico Taguspark. Jorge Silva chegou a meio da manhã acompanhado das duas filhas, uma de 10 e outra de 18. Confessa que não conseguiu visitar nenhum laboratório, uma vez que as meninas não quiseram arredar o pé do espaço reservado para as crianças com atividades de Soldadura com Eletrónica, Criptomiúdos e Pisca-pisca com Arduíno.
“Atividades bastante interessantes, sobretudo para os mais novos, têm permitido abrir horizontes para o futuro”, diz Jorge Silva.
Uma atividade para continuar
Interessante para o público e desafiante para os professores e investigadores, habituados a fazer apresentações entre pares, com conceitos técnicos e linguagem elaborada.
“Isto está a ser uma aprendizagem. Em termos de visitantes, nós tivemos um leque variado, apanhámos muitas famílias com pais com crianças no secundário, portanto pessoas com interesses muito dirigidos a determinadas áreas e tivemos pessoas que, por mera curiosidade, decidiram passar, inclusive famílias com crianças, o que foi muito desafiante e tivemos que adaptar”, afiançou o investigador Simão Rocha.
Para o professor Artur Malaquias foi igualmente desafiante, na medida em que “estamos habituados aos vocabulários que utilizamos, até os nossos alunos do primeiro ano já vem com alguma formação científica e já tem conceitos que podemos utilizar. Hoje, tivemos aqui crianças de 3, 10 e 12 anos. Tentar explicar estas experiências e fazê-lo em tempo real, com uma abordagem muito simples na linguagem para transmitir o conceito físico que é importante, foi difícil de fazer”, assumiu.
Aliado a toda a ciência, teve espaço também para arte. O professor e pintor Andreas Wichert apresentou uma coletânea de 40 pinturas digitais que retrata a sua forma de ver o mundo, numa coleção que nomeou de “Arte e Tecnologia”.
Do Dia Aberto participaram ainda: o Laboratório de Jogos, o Laboratório de Robótica Interativa, o Laboratório SMARTMOB, o Técnico nanoSAT Lab, o Laboratório Lourenço Fernandes – Realidade Aumentada e Virtual, o Laboratório de Nanofísica, o Laboratório de Comunicação em Equipa e o Estúdio de Robótica Aérea e Marinha. Já no átrio, marcaram presença o Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrónica, o Núcleo de Estudantes de Engenharia e Gestão Industrial, o TL Moto, o Técnico FuelCell, o Técnico Solar Boat, as atividades de Modelação Energética Urbana de um Bairro de Oeiras e Veículo Terrestre para Busca e Resgate, e demonstrações de Processamento da Linguagem Natural. Na parte da tarde, o auditório A5 deu lugar a uma conversa com o cientista Rodrigo Ventura que falou sobre os Robots Espaciais Inteligentes.
Tendo em conta toda a dinâmica envolvida, o número de participantes e o interesse demonstrado, a recomendação é que o Dia Aberto do Técnico Taguspark deverá ser uma atividade a continuar.
“Para mim, está a ser a primeira vez e está a ser fantástico. As pessoas estão-se a divertir, a jogar, as reações delas estão a ser super fantásticas, e as outras bancas também estão espetaculares”, diz o aluno Eduardo Barrancos do GameDev.
“Eu estava um bocado cético em relação ao número de visitantes que poderiam aparecer. E nós tivemos mais do que o dobro do que estávamos à espera. Acho que são boas notícias para o futuro, faz sentido haver dias abertos, temos que nos preparar ainda melhor”, sugeriu o investigador Simão Rocha.
“É a primeira vez que participo, estou a gostar bastante porque o interesse é enorme sobretudo das camadas mais novas do liceu. Eles vêm com muitas curiosidades, fazem muitas perguntas, portanto acho que é uma boa ideia para manter e ampliar no futuro. Dá mais visibilidade a certos aspetos”, afiançou o professor Artur Malaquias.
Cantar parabéns junto ao bolo e sessão solene
E tal como manda a tradição, não faltou o bolo e os Parabéns a Você entoados em uníssono por convidados e comunidade do IST.
Na sessão solene, intervieram o Presidente do IST, professor Rogério Colaço, o Reitor da Universidade de Lisboa, professor Luís Ferreira e o Vereador da Câmara Municipal de Oeiras, dr. Pedro Patacho, que teceram elogios ao campus do Taguspark pelo percurso feito ao longo dos 21 anos.
“Estou aqui, apenas, para vos dar os parabéns, para pedir que continuem a ser os líderes como têm feito nestes últimos cento e tal anos, e agora, nesta história mais pequena de 21 anos, já tão cheia de promessas”, disse o Reitor professor Luís Ferreira.
Por sua vez, o presidente do Técnico afirmou que “durante estes 21 anos, o campus Taguspark atravessou a sua fase de construção de estrutura física. Porém, uma instituição de ensino superior não se resume à sua infraestrutura, nem aos ciclos de estudos que assume. Para cumprir a sua missão, é necessário que a instituição se constitua como parte integrante do ecossistema em que está inserido”.
A Vice-presidente, Helena Galhardas, manifestou também a ambição de levar o campus a outros patamares: “Temos um campus com 13 hectares, com possibilidade de construção de novos edifícios científicos pedagógicos, de uma nova residência de estudantes, temos um programa de requalificação paisagística em curso para a criação de um espaço de jardim para usufruto da comunidade Técnico e cidadãos em geral”, projetos que conta ter apoios dos parceiros para materializar.
E não faltou ritmo para alegrar a festa. O Ensemble Barroco D. José I apresentou sonatas de Telemann e antecipou o Carcavelos de Honra que fechou a celebração do 21º aniversário em grande. Para o ano há mais!
A primeira edição do Dia Aberto do campus Taguspark contou com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras e da MAAC – Música Antiga Associação Cultural.
• Entrevista à Vice-Presidente para o campus do Taguspark, professora Helena Galhardas.