Na passada terça-feira, dia 20 de junho, o Centro de Congressos do Técnico preparou-se a preceito para acolher a cerimónia da distinção de Professor Emérito atribuída pela ULisboa a Carlos Sousa Oliveira, e José Manuel Viegas, professores jubilados do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos (DECivil). A entrega da insígnia teve lugar após uma breve apresentação do percurso de cada um dos distinguidos, seguida de uma alocução dentro daquelas que são as suas áreas de especialização e investigação.

A abertura da cerimónia contou com um breve discurso do presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, que manifestou a sua alegria e felicitou os professores “por terem atingido este estágio na sua carreira”, enaltecendo os seus contributos e “o serviço prestado ao país e ao mundo.” De seguida, o professor Jorge de Brito, presidente do DECivil, deu o mote para a celebração de “duas carreiras magníficas”, salientando que o departamento já conta com três professores eméritos, “trio ao qual vamos agora juntar mais dois.”

“Uma vida de professor com mais de 30 anos bem preenchidos”

O professor António Betâmio de Almeida, professor catedrático do Técnico, professor Emérito pela ULisboa e membro efetivo da Academia de Engenharia, encarregou-se da apresentação da carreira preenchida do professor Carlos Sousa Oliveira. Uma vida académica marcada pela docência de diversas disciplinas, a participação em projetos de investigação, a orientação de teses de mestrado e doutoramento, a autoria de textos, relatórios técnicos e mais de duas centenas de publicações registadas, foram algumas das concretizações enumeradas.

O professor Carlos Sousa Oliveira foi ainda presidente do DECivil entre 2005 e 2006 e ocupou tantos outros cargos de elevada relevância, no Técnico. Mas foi através daquilo que o professor António Betâmio de Almeida apelidou de um interesse científico e paixão persistente que o agora distinguido professor Carlos Sousa Oliveira se destacou na área da sismologia, engenharia sísmica e gestão do risco sísmico. É, atualmente, membro da Ordem dos Engenheiros, da Academia de Engenharia e da Academia das Ciências.

Dado o seu percurso, foi criado ainda o Prémio Carlos Sousa Oliveira, uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES), que visa homenagear a figura do professor, incentivar e premiar a elaboração de artigos científicos por membros da SPES, nas áreas de Sismologia e Engenharia Sísmica. A alocução do professor incidiu no tema “(Im)perceção dos riscos naturais: Impactos na Sociedade” e abordou tópicos como a perceção dos riscos, tratamento de dados sobre os desastres naturais, a análise de problemas que envolvam grandes incertezas e os impactos dos demais desastres naturais.

“A vida é uma viagem e os projetos são as estações”

A professora Rosário Macário, docente do DECivil e investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade (CEris), fez a apresentação do perfil académico do professor José Manuel Viegas. “Uma carreira peculiar”, pautada por um longo e desafiante percurso que se iniciou muitas vezes, nas mais diversas etapas, “como uma folha em branco.” A criação do Mestrado em Transportes, em 1987, e o desenvolvimento do Doutoramento na mesma área de especialização, foram alguns dos seus principais feitos.

O professor José Manuel Viegas criou a sua empresa de consultoria em 1992, foi pioneiro na criação do TRANSPOR, um fundo para o desenvolvimento do ensino superior e investigação em sistemas de transportes a nível nacional. Co-criador e primeiro diretor da rede TransportNET, uma rede composta pelos principais grupos universitários envolvidos na pesquisa em transportes e educação de alto nível, de vários países europeus, criada em março de 2003. Foi eleito secretário-geral do International Transport Forum (ITF) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) até 2017 e assumiu a coordenação metodológica global do projeto Sustainable Mobility for All (Sum4all), conduzido por um consórcio de mais de 50 organizações de todo o mundo, e ancorado no Banco Mundial.

O atual presidente do Conselho de Ambiente e Sustentabilidade da EDP e primeiro investigador científico no domínio dos sistemas de transportes em Portugal fez uma alocução sobre as “Memórias gratas do caminho e ilustração de uma estação recente”, começando por mencionar os valores que nortearam a sua carreira, passando a enaltecer os seus mestres, reconhecer o contributo positivo que a prática Rugby na equipa do Técnico teve para a formação do seu caráter e a forma como a psicologia positiva marcou o seu percurso. Relatou ainda o seu caminho, conduzindo a audiência através de uma viagem com diversas estações.

A cerimónia teve o seu encerramento com a intervenção do professor Luís Ferreira, reitor da ULisboa, que realçou que nesta cerimónia foi celebrada “uma memória, mas uma memória com futuro.” Seguiu-se a sessão de cumprimentos e o porto de honra, servido no Museu de Civil, acompanhado por uma atuação da Tuna Universitária do Técnico (TUIST), com João Marques no violino e João Soares à guitarra.