Campus e Comunidade

Choques, plasmas e canhões – centenas de estudantes participam em experiências interativas na Semana da Física do Técnico

Entre 5 e 9 de maio, o campus Alameda foi palco de demonstrações de ciência organizadas pelo Núcleo de Física do Técnico (NFIST).

Os estudantes não conseguem ver as caras uns dos outros, mas, à medida que os seus olhos se habituam à escuridão, vão notando os pequenos pontos de luz que se espalham pelo revestimento interior da tenda. Estes formam caçadores, princesas, escorpiões, baleias e outras figuras da mitologia grega – estamos dentro de um planetário montado numa das laterais do Salão Nobre do Instituto Superior Técnico, no campus Alameda, por ocasião da Semana da Física.

De 5 a 9 de maio, os estudantes do Núcleo de Física (NFIST) da Escola acolheram centenas de participantes, desde o pré-escolar ao ensino secundário, preparados com um leque de atividades experimentais que abordaram áreas como a termodinâmica, a mecânica, a acústica, os plasmas, a eletricidade, o magnetismo e a ótica.

A iniciativa espalhou-se por vários espaços do Pavilhão Central da Alameda, mas a edição deste ano da Semana da Física contou ainda com duas novidades. No final da tarde de 8 de maio, as portas do Técnico abriram-se para as famílias de professores, investigadores e funcionários da Escola, que puderam interagir com estas experiências. Por outro lado, no fim de semana de 10 e 11 de maio, o NFIST levou a ciência para fora do campus Alameda e até Belém, transformando a entrada do Planetário da Marinha numa exposição ao ar livre com estas atividades.

À saída do planetário montado no Salão Nobre (depois de alguns risos e sobressaltos por terem de percorrer uma manga às cegas e de gatas para sair da tenda), o grupo de estudantes de Lisboa teve a oportunidade de testemunhar vários fenómenos físicos em primeira mão – desde lâmpadas que se acendiam com balões na sua proximidade até à dilatação do espaço-tempo demonstrada com toalhas de mesa, passando por um ‘canhão de condensadores’ que disparava discos metálicos pelo ar ao criar momentaneamente um campo magnético intenso.

Diogo, um dos membros do grupo, já esteve no Técnico antes. Está no 11.º ano de escolaridade e, no ano anterior, viera à Escola inserido numa atividade centrada na área da química. Desde aí, ficou “com uma impressão muito boa do Técnico”. Interessado em física, o aluno olha divertido para uma colega que, de pé sobre uma cadeira e apoiando uma mão sobre um gerador de Van de Graaff, tem os cabelos suspensos pela ação da eletricidade estática. Segundos depois, os seus colegas, de mãos dadas, tocaram na sua mão, propagando um pequeno choque que colocou o grupo a rir, sobressaltado.

Para Inês Alvito, aluna do terceiro ano da Licenciatura em Engenharia Física e Tecnológica, diversões como esta são “quase uma tradição”. Desde o seu primeiro ano no Técnico que faz questão de participar na Semana da Física, conduzindo atividades e experiências. “Há um grande entusiasmo para nos juntarmos também” à iniciativa, partilha, acrescentando que “o Técnico tem sido uma experiência desafiante” e que “os colegas trabalham muito em grupo”.

No piso térreo, o átrio do Pavilhão Central acolhe dezenas de outros estudantes. Aqui, um peso suspenso por uma corda presa ao teto serve de demonstração de princípios como a conservação da energia mecânica – por outras palavras, uma aluna largou o peso de uma posição próxima do seu rosto, deixou-o oscilar a todo o comprimento do espaço e, ao vê-lo regressar, constatou que este parou a centímetros da sua cara novamente, sem que tivesse de desviar-se.

Tal como Diogo, Miguel também já esteve no Técnico anteriormente – para além de conhecer pessoas que o frequentam, já veio a uma atividade dedicada à ciência de materiais. “[Sabe] que é uma boa escola, com reconhecimento académico”, tanto que uma das opções que pondera para o ensino superior é a Licenciatura em Engenharia Mecânica. Pretende dedicar-se à ciência ligada aos automóveis, sendo-lhe já familiar o núcleo de Formula Student do Técnico (FST Lisboa).

A conversa é interrompida por um tubo nas proximidades que irrompe em chamas. Naturalmente, é um fenómeno controlado – mais uma das experiências da Semana da Física, desta vez para mostrar a natureza ondulatória do som. Com uma onda sonora a ser reproduzida para o interior do tubo alimentado com gás natural, os vários orifícios no topo produzem chamas cuja altura varia de buraco para buraco, mostrando como o som provoca zonas de compressão e rarefação do ar que as alimenta. Ao reproduzir-se uma música, as chamas vão subindo e descendo, como que dançando elas próprias ao som da faixa.

Por mais do que uma vez, ouviu-se um aluno incrédulo perguntar “isto é a sério?!”. Não é magia, não são truques de ilusionismo – é ciência a acontecer, feita e explicada por estudantes do Técnico.

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