“Com Ânimo, Sem Pânico”, é mais uma resposta da comunidade do Técnico aos tempos difíceis trazidos pela pandemia, desta feita, tendo como público-alvo os alunos do secundário que devido às medidas de contenção do novo coronavírus implementadas pelo governo se encontram sem aulas presenciais a poucos meses da realização dos exames nacionais.  A ideia partiu de oito alunos do Técnico que frequentam o segundo ano de Engenharia Química e de Matemática Aplicada e pretende reunir numa plataforma o maior número possível de estudantes universitários que possam dar explicações gratuitas, por videochamada ou e-mail a alunos do ensino secundário.

Além de ajudar os alunos, o projeto nasceu também da vontade de ajudar os professores do secundário.  “Um dos membros fundadores estava bastante ciente do pânico que esta situação causou- porque a mãe é professora num agrupamento- tanto para os alunos que iam a exame como para os professores que não sabiam como os ajudar. Perante esta situação, pretendíamos ajudar os alunos das nossas comunidades que, apesar de terem motivação para estudar, não tinham acesso aos apoios necessários”, começa por explicar Catarina Grou Gonçalves, porta-voz do grupo e uma das fundadoras do projeto.  “Como todos os membros da coordenação do projeto estão no segundo ano da faculdade, o secundário não é um passado longínquo e por isso facilmente nos pomos no lugar dos alunos e tal como eles, também nós estaríamos em sobressalto”, adiciona a aluna de Engenharia Química.

O valor do projeto e o empenho que os alunos fundadores colocaram no mesmo fê-lo crescer tão rapidamente que em pouco tempo a plataforma de explicações já é capaz de garantir de forma gratuita explicações em 18 disciplinas e conta já com 290 explicadores, entre eles muitos alunos do Técnico. “Cerca de 130 estudantes que aderiram ao nosso projeto são do Técnico, sendo, portanto, a faculdade com maior número de voluntários a participar”, partilha Catarina Grou Gonçalves.

Neste momento já há cerca de 150 alunos a usufruir das explicações e o feedback não podia ser mais positivo. “Quando obtivemos um número generoso tanto de explicadores como de alunos do secundário, começámos o processo de emparelhamento que funciona através de uma análise de compatibilidade dos questionários preenchidos pelos explicadores e explicandos, de modo a termos uma maior eficácia e ‘poupar’ recursos”, refere a porta-voz do grupo de coordenadores. Além do retorno positivo dos alunos, o grupo de alunos por detrás do projeto sente que de facto está a ter impacto também na vida dos docentes que ao “terem este apoio extra, se sentem mais tranquilos no meio de uma época de incerteza”, como frisa a aluna do Técnico.

Apesar do ótimo e veloz crescimento da plataforma, o intuito é continuar a recrutar mais explicadores e conseguir ajudar um cada vez maior número de alunos do secundário.  “Estamos constantemente a recrutar alunos do ensino superior de várias áreas para conseguir englobar um maior número de auxílios possível”, explica a porta-voz do grupo de coordenadores. Embora o plano inicial fosse apenas manter as explicações durante a quarentena, Catarina Grou Gonçalves adianta que “desde que não comprometa a aprendizagem dos alunos universitários, o objetivo será continuar a oferecer ajuda aos discentes do secundário enquanto estes a solicitarem”.