Situado no Campus Tecnológico e Nuclear (CTN), o Departamento de Engenharia e Ciência Nucleares (DECN) tem uma forte componente de investigação, ocupando uma posição de destaque a nível nacional e internacional nas áreas em que atua. A presidente do departamento, doutora Isabel Prudêncio, ajuda-nos a perceber o trabalho que tem sido feito para continuar a fazer investigação de excelência, não descurando o contributo para o Ensino do Técnico, que se pretende que seja cada vez mais significativo.
A história imprimiu no DECN esta ligação à investigação, não fosse este resultado da integração, em março de 2012, do antigo Laboratório de Estado Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN) no Instituto Superior Técnico, o que o torna o mais recente departamento da Escola. A presidente do departamento lembra que “a colaboração profunda” que sempre existiu entre o ITN e o Técnico, acabaria por se refletir num processo de transição “simples e muito natural” quando se deu a integração. “O processo implicou que existisse uma reorganização das pessoas que trabalhavam nestes campus e a decisão na altura foi fazer um departamento”, recorda.
Volvidos 10 anos, a investigação continua a ser a marca diferenciadora do DECN que apresenta um espetro alargado de atividades em diversos domínios. “É um departamento que vive muito da investigação e onde há condições excelentes para os estudantes de mestrado, doutoramento ou pós-doutorados virem e serem integrados dentro de projetos ou mesmo desenvolverem o seu próprio projeto”, destaca a doutora Isabel Prudêncio.
O DECN está organizado em duas áreas científicas: a Área de Tecnologias Nucleares e Proteção Radiológica onde se inclui o desenvolvimento e aplicações de Instrumentação e Técnicas Nucleares, os aspetos de Proteção e Segurança Radiológica relacionados à avaliação dos riscos para os indivíduos e o meio ambiente e a Engenharia Nuclear, realçando que a energia de origem nuclear, quer com base na cisão, quer com base na fusão, irá continuar a ter um papel importante nas sociedades desenvolvidas; e a Área de Ciências Químicas e Radiofarmacêuticas que congrega um espetro alargado de atividades, em domínios tão diversos como os da ciência dos materiais, património cultural, geociências e ambiente, e saúde. Esta área científica encontra-se assim divida pelos campos de: Química – Física do Estado Sólido e dos Elementos – Geociências Nucleares e Ciências Radiofarmacêuticas.
A sua robusta estrutura conta com 8 investigadores coordenadores, 1 professora catedrática e 1 professora associada, afiliadas também ao Departamento de Física (DF), 18 investigadores principais, e 33 investigadores auxiliares. As atividades de investigação dos seus membros desenvolvem-se enquadradas em diferentes unidades de investigação, entre as quais: o Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), Centro de Química Estrutural (CQE), INESC Microsistemas e Nanotecnologias (INESC MN) e o Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB). “Na carreira de investigação não é, como se sabe, obrigatório dar aulas, mas muitos dos nossos investigadores, mesmo não dando aulas, orientam teses e por isso não estão alheados desta vertente pedagógica”, como salienta a doutora Isabel Prudêncio. Prova disso mesmo é o número de estudantes de doutoramento, 46 no total, com orientação ou coorientação de membros do DECN.
A vontade de fazer aprofundar o contributo no ensino e formação
Ainda que a componente de ensino deste departamento não possa ser comparada a outros departamentos do Técnico, esta existe, sendo o DECN responsável por programas de 2. º ciclo: o Mestrado em Proteção e Segurança Radiológica e o Mestrado em Ciências e Tecnologias para o Património Cultural, lecionado em parceria com a Faculdade de Belas Artes, a Faculdade de Ciências e a Faculdade de Letras.
Este último foi lançado no ano passado, mas dado o curto espaço de tempo que ficou reservado para a divulgação depois da certificação por parte da A3ES acabou por não ter estudantes inscritos. “O mestrado em Ciências e Tecnologias para o Património Cultural tem uma componente prática muito significativa, prevendo-se muitas aulas práticas e visitas a espaços arqueológicos e museus”, evidencia a presidente do DECN.
O contributo para a formação dos alunos do Técnico é também visível na oferta de Minors, sendo o DECN responsável pela coordenação de três (Ciências Nucleares Aplicadas, Física Médica, Tecnologias para o Património Cultural).
Para além disto, há várias unidades curriculares ligadas às áreas científicas do departamento, e vários investigadores do DECN que são responsáveis por unidades curriculares afetas a outros departamentos.
O contributo para a formação nos domínios a que está ligado não se fica, no entanto, pelos muros do Técnico, uma vez que os investigadores do departamento desenvolvem com regularidade ações de formação para profissionais nas áreas da proteção radiológica, utilização industrial de equipamentos ou fontes radioativas e gestão de resíduos radioativos e ainda de ações de formação e qualificação de professores.
Ainda assim, e como confessa a doutora Isabel Prudêncio, a vontade é de ir cada vez mais longe: “há esta capacidade, existe vontade, e penso que ao longo destes anos se tem feito um esforço grande, não só ao nível do nosso departamento, como dos próprios órgãos de gestão do Técnico, e dos outros departamentos para que o nosso contributo aumente”. “Apesar de sermos da carreira de investigação temos uma grande vontade de transmitir conhecimento”, frisa a investigadora.
Atrair mais pessoas para este campus repleto de capacidades, infraestrutura e conhecimento, é um objetivo da direção do Departamento. “Cabe muito mais gente aqui, há imenso espaço, e muitas infraestruturas que têm valor que podem ser ainda mais aproveitadas, temos é que conseguir atrair os alunos para cá, criar as condições para os alunos se sentirem bem aqui”, declara a investigadora do Técnico.
De olhos postos no futuro, torna-se também inevitável não abordar o grande projeto que se prevê que nasça na Quinta dos Remédios, mesmo ao lado do Pólo do Técnico, a Unidade para terapia com protões. Questionada sobre as expectativas que existem dentro do DECN em poder contribuir ativamente para o sucesso deste projeto, a investigadora é perentória: “estamos interessados em ter o nosso papel neste projeto uma vez que há conhecimentos e know-how, e poderemos também iniciar novas áreas de investigação para podermos dar o nosso contributo”, colmata a doutora Isabel Prudêncio.