Campus e Comunidade

Dia da Graduação: “Obrigada ao Técnico por nos ter trazido esta noção clara de como podemos operar a mudança”

A afirmação é de Francisca Simões, uma das alunas graduadas que recebeu o diploma este sábado, 5 de março.

“Parece quase mentira que estejamos aqui hoje”, ouviu-se por diversas vezes nos minutos que antecedem o arranque do dia Sessão Solene do XIII Dia da Graduação, este sábado, 5 de março.  O desabafo refletia a ânsia com que o dia foi esperado, mas também a exigência do percurso e a dedicação que foi preciso para o fazer. O orgulho carimba o momento, e nem precisa ser verbalizado, está  no brilho do olhar, na confiança com que percorrem o caminho até à Aula Magna, ou na expressão dos familiares e amigos que os acompanham. Sabem o que fizeram para chegar até aqui e sobretudo estão desejosos de ir mais longe com o que do Técnico levam. Rodeados de amigos e colegas de aventura, 259 graduados de mestrado e 15 de doutoramento fizeram questão de não deixar passar ao lado a oportunidade de receber o diploma que apesar de simbólico lhes belisca a sensação de sonho e atesta a conquista.

A abertura da porta da Aula Magna presenteava a audiência com uma magnífica moldura de talento, que se foi desfazendo para que individualmente os graduados pudessem receber o diploma e os cumprimentos do vice-reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa), professor Luís Castro, do presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, do presidente do Conselho Científico, professor Rodrigo Miragaia Rodrigues, da presidente do Conselho Pedagógico, professora Teresa Peña, do vice-presidente para os Assuntos Académicos, professor Alexandre Francisco, e dos respetivos coordenadores de curso e presidentes de departamento.

“Parece que sim, parece que este dia sempre chega afinal”, a frase da engenheira Francisca Simões, antiga aluna de Engenharia Mecânica e gestora de projeto na InovLabs Portugal, não podia estar mais em consonância com o pensamento de tantos dos seus colegas, como as gargalhadas que se ouviram em seguida o denunciavam.  Entre o primeiro e o último dia deste percurso muita coisa mudou, e a alumna fez questão de o frisar: “há um antes e um depois para cada um de nós porque estes foram anos de aprendizagem, de descoberta, de questões e não de respostas, e sem dúvida nenhuma de formação humana, cívica e intelectual”.  “Há um antes e depois para o próprio Técnico porque a Escola em que nos matriculámos não é mais a Escola que agora deixamos. É uma escola mais fervilhante e inovadora”, acrescentou, apontando as várias mudanças a que assistiu, muitas delas que ela própria ajudou a alavancar.

Também o mundo que espera os recém graduados é diferente, e Francisca Simões afirmou que mesmo que seja difícil “antever o papel que cada um de nós vai desempenhar no futuro”, “o que não podemos fazer é conformamo-nos”. “Aceitar o que existe é pouco. É preciso questionar a realidade observada e o Técnico ensinou-nos isso, porque na maior parte das vezes não há respostas certas, mas sim perguntas certas”, defendeu. “Levemos a sério este dever de inconformismo, este dever de não sermos consensuais, o direito de preferir pedir desculpa a pedir permissão, o direito de contrapor e de paralelamente não consentir com a condescendência por sermos jovens, ou inexperientes, ou mulheres ou pertencermos a uma minoria”, adicionou em seguida.

Os inevitáveis agradecimentos ficaram para o fim e foram dirigidos aos familiares, amigos, aos parceiros das “lutas estudantis nos órgãos de Escola” e aos colegas cujas “experiências particulares de vivência do Técnico que sustentaram um ambiente próprio e ecossistema único da nossa escola”. “Espero sinceramente que nos voltemos a cruzar no futuro”. A instituição que acolheu todo este crescimento não foi esquecida: “obrigada ao Técnico por nos ter trazido esta noção clara de como podemos operar a mudança e no meu caso por ter inspirado a dedicar-me à causa da educação e do ensino, reforçando a minha crença de que juntamente com a Ciência e Tecnologia, são pedras basilares sobre as quais podemos construir uma sociedade desenvolvida, mais justa e equitativa, que saiba integrar o processo e que ofereça oportunidades a todos”.

O engenheiro Fábio Cruz, doutorado em Física Tecnológica e investigador na Inductiva Research Labs, fez questão de usar o momento para explicar o que é isto de “ser aluno de doutoramento no Técnico”. “Significa fazer investigação em alguns dos problemas mais difíceis e desafiantes da Ciência e Tecnologia do mundo atual em tópicos tão fascinantes como a computação quântica, a inteligência artificial ou o desenho da próxima geração de materiais”, começaria por afirmar o alumnus. “Para responder a estas questões tão ambiciosas é preciso primeiro aprender sobre a nossa área de estudo e depois investigar. No Técnico temos o privilégio de poder aprender e trabalhar com o corpo docente e com equipas de investigação que competem em muitas áreas com o melhor que se faz no mundo”, sublinhou.

Partindo sempre da sua experiência, Fábio Cruz lembrou que entre a aprendizagem e o contributo para projetos de investigação de vanguarda, os alunos de doutoramento têm oportunidade de colaborar “com colegas de outras universidades ou empresas nacionais ou internacionais”, verificando  que “as competências que desenvolvemos no Técnico nada ficam atrás das dos alunos” das mais conceituadas universidades do Mundo. O papel ativo dos alunos de 3.º ciclo no ensino, o envolvimento cada vez mais comum nos clubes e núcleos de estudantes, e em outras atividades académicas e desportivas foram também assinalados pelo doutorado. A exigência e a honra no percurso, num mundo repleto de desafios, esteve sempre impresso na sua narrativa, mas se dúvidas houvesse, no final, o alumnus fez questão de evidenciar: “por tudo isto é um orgulho pertencer a uma comunidade tão resiliente”.

Isabel Vaz: “Parabéns pelo dia de hoje, mas manhã toca a decidir como vão servir a humanidade e fazer magia”

Dificilmente haverá palavras mais inspiradoras num momento como este que aquelas que são proferidas por alguém que já saboreou esta conquista, sentiu na pele o medo do que se avizinha, e hoje é dona de uma carreira invejável, repleta de desafios superados com sucesso. E foi mesmo inspiração que ressoou de cada palavra da engenheira Isabel Vaz, alumna e presidente da Comissão Executiva da Luz Saúde.

Num discurso tão demorado quanto comovente, a antiga aluna lembrou “que sempre quis ser engenheira”, e percorrendo as várias etapas da sua carreira explicou como acabaria por aplicar os ensinamentos do Técnico na estratégica operacional dos hospitais do grupo Luz Saúde, assegurando aos “novos colegas” que “verão ao longo das vossas vidas que os anos no Técnico valeram a pena e que aquilo que aqui aprenderam fará consistentemente a diferença nas vossas vidas”.

Isabel Vaz acredita que “temos que trabalhar muito e de fazer o melhor que sabemos porque temos a obrigação de aproveitar ao máximo o nosso potencial, seja ele qual for”. Foi isto que procurou fazer ao longo da sua carreia e com todos os que trabalhou, e foi também isso mesmo que desafiou os novos graduados a fazer: “parabéns pelo dia de hoje, mas manhã toca a decidir como vão servir a humanidade e fazer magia”. “Queridos novos colegas é fundamental saberem mesmo do que é que gostam. A melhor maneira de se fazer um bom trabalho é gostar-se muito daquilo que fazemos. E se ainda não sabem ou ainda não encontraram, por favor continuem à procura”, aconselhou. “Aprendam com os exemplos, mas sejam vocês próprios exemplares, porque ser engenheiro é isso mesmo, é ousar pensar as coisas transformar o mundo”, acrescentou, ainda.

À espera desta leva de graduados estão “desafios de uma complexidade sem precedentes na história da humanidade”, e por isso a líder do grupo Luz Saúde frisou que “Portugal precisa de gente capaz de enfrentar os dogmas, viver novas ideias, mas também conjugar elementos conhecidos de um modo diferente inspirando-se numa nova realidade, gente capaz de sonhar, de propor uma visão e com capacidade de converter essa visão em ação”. “Através de uma combinação extraordinária de talento, de sólidas bases académicas e resiliência acredito firmemente que os engenheiros desta casa estão bem preparados e posicionados para influenciarem nas suas áreas de saber e serem protagonistas de primeira linha na construção de um admirável mundo novo e depende de cada um de nós a decisão de como vamos usar esse poder e influência”, enfatizou.

Professor Rogério Colaço: “O Técnico foi a vossa casa e continuará sempre a sê-lo”

Logo no início da sua intervenção, o presidente do Técnico pediria que fosse cumprido um minuto de silêncio por todas as vítimas da guerra da Ucrânia. A plateia acedeu, e o silêncio apenas seria interrompido por uma ovação que também ela transbordou solidariedade.

Ao partilhar a alegria que o invade com a chegada deste dia que volta aos seus contornos originais ao fim de dois anos, permitindo “ver esta sala cheia de alunos que acabam os seus cursos, acompanhados pelos seus professores e familiares”, o presidente do Técnico lembrou as adaptações e mudanças que a crise de saúde pública impôs, e também aquelas que o Técnico foi concretizando por si só, como a implementação do novo modelo de ensino,  assinalando a “extraordinária e inimaginável capacidade de resiliência da comunidade do Técnico” ao longo de todo este período.

Acerca da conclusão desta etapa, o professor Rogério de Colaço pediu aos graduados que a encarem como “o início de um novo caminho em que têm agora ferramentas diferentes que lhes permitem fazer a travessia” com “mais confiança, segurança, com mais preparação”.  “Neste caminho novo que hoje começam não o façam sem regressar sempre à vossa casa que é o Técnico.  O Técnico foi a vossa casa e continuará sempre a sê-lo. Regressem para visitar os vossos professores, para conhecer as gerações mais novas, para voltar a fazer uma formação, um reskill dos vossos conhecimentos”, disse.

E porque o dia e a festa são dos graduados, também o vice-reitor da Universidade de Lisboa contornou as regras de protocolo dirigindo-lhes suas primeiras palavras. “A razão da existência da Universidade são os estudantes, e é sempre uma alegria quando podemos partilhar este momento em que vemos um conjunto muito grande de jovens talentosos que depois de anos de trabalho e empenho chega ao fim de uma etapa”, disse. “É muito gratificante ver o vosso brilho no olhar do dever cumprido e expectantes dos desafios que agora vos esperam”, adicionou.

A sua experiência como alumnus do Técnico permite ao professor Luís Castro afirmar com conhecimento de causa que estes são “anos difíceis, duros, mas muito marcantes na vida de todos nós” que deixam “muitas saudades”. “Vão ficar com amigos para sempre e daqui a pouco tempo vão recordar estes tempos talvez como os melhores da vossa vida, repletos de experiências inesquecíveis. A marca do Técnico fica sempre em nós e é muito bom recordarmos esses tempos”, colmatou, desejando as maiores felicidades aos graduados.

Galeria de fotografias do evento.

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