“O que me interessa é descobrir como as mulheres podem dar, de maneira original, uma contribuição para que vivamos uma história de dimensão humana e de dimensão global”, a frase é de Maria de Lourdes Pintasilgo e ajusta-se tão bem à cerimónia de entrega do prémio com o seu nome. Uma tarde de homenagem, envolta em muito mérito e alguma emoção foi aquela que se viveu esta quinta-feira, 8 de março, no Técnico. Isabel Vaz e Bárbara Simões foram as contempladas com a segunda edição do prémio, duas graduadas do Técnico de duas gerações diferentes com um percurso igualmente exemplar, ainda que com dimensões distintas.
As primeiras palavras da tarde ficaram a cargo do presidente do Técnico, o professor Arlindo Oliveira, que não quis, porém, estender-se muito. “Estamos aqui para celebrar o papel das mulheres na engenharia, na ciência e na sociedade”, começou por afirmar, salientando que este prémio “assume-se como parte da estratégia” do Técnico para promover a igualdade género, cativando mais raparigas e “mostrando que a engenharia e a ciência não são áreas de homens, e sim de pessoas que gostam de desafios intelectuais”. Felicitando as contempladas, agradeceu-lhes também por “serem modelos para as novas gerações”.
Por sua vez a professora Helena Geirinhas, coordenadora do grupo Gender Balance@ IST e membro do júri deste prémio, que interveio de seguida, exprimiu a sua felicidade com esta segunda edição do prémio lançado pelo Técnico em 2016. Grande parte do seu discurso foi dedicado a falar sobre “o exemplo” que Maria de Lourdes Pintasilgo foi, sobre tudo o que fez em nome das mulheres, as portas que abriu e os caminhos que ajudou a tornar acessíveis a todos. “Este prémio mostra e reconhece a presença de duas mulheres extraordinárias que marcam gerações diferentes”, realçou a professora Helena Geirinhas. “Trazer mulheres para a ciência e tecnologia é um trabalho que tem que ser feito por todos nós”, acrescentou ainda.
Depois do discurso da professora Teresa Duarte, presidente do Departamento de Engenharia Química, que deixou bem claro o trajeto invejável da presidente da Comissão Executiva do grupo Luz Saúde, foi a vez da galardoada da categoria Role Model, proferir algumas palavras. Isabel Vaz subiu ao palco e deixou que a espontaneidade e felicidade lhe guiassem o discurso. Os anos que passou no Técnico lembrou-os como “os mais estruturantes e divertidos da sua vida”, e a formação que adquiriu nesta escola como um “motivo de muito orgulho”. “Não há nenhum prémio que nos toque mais do que aquele que nos é oferecido pela nossa Alma Mater”, frisou a engenheira, agradecendo várias vezes aos que a acompanharam ao longo do tempo, “afinal ninguém faz percursos excecionais sozinho”, reiterou ainda.
Bárbara Simões, a galardoada na categoria Young Alumnae, recorreu à literatura, à história, à música e a algumas confidencialidades para compor um discurso cheio de mensagens e que transbordava talento. A recém- graduada sabe o valor do nome que tem impresso no diploma que agora leva para casa, e o não lhe contaram sobre Maria de Lourdes Pintasilgo ela procurou descobrir sozinha. “Compreenderão o orgulho que sinto por estar aqui a receber este prémio – por ele ter o espírito que ele tem e, sobretudo, o nome que tem”, frisou a recém-graduada do Técnico.
A alumna falou sem rodeios do feminismo, do valor das mulheres, dos desafios que se impõem para quebrar estigmas, mitos e tabus. “Temos que lutar para que seja cada vez mais uma ideia de fuga ao mito e aos tabus, a ideia de que ir, hoje, para a engenharia não tem nada a ver com géneros, tem tudo a ver com desejos e seduções” disse com toda a convicção. A galardoada salientou também o papel da escola naquilo que é: “foi no Técnico e através do Técnico, que eu aprendi que mais importante do que aprender o pensamento dos outros, é eu aprender a pensar melhor através do pensamento dos outros e do meu próprio”. Não terminou sem frisar o quão importante será “captar mais mulheres, mostrando que as mulheres do Técnico podem levar a um futuro melhor no mundo dos negócios, da consultoria, podem levar a uma mudança cultural nas empresas”. Palavras certeiras para terminar uma cerimónia que pretende mostrar e personificar isso mesmo.