A palestra “Breaking Barriers in Technology: Women in Computing at Carnegie Mellon and Global Perspectives” decorreu a 26 de junho no Salão Nobre do campus Alameda do Instituto Superior Técnico. Jeria Quesenberry, autora do livro “Kicking Butt in Computer Science: Women in Computing at Carnegie Mellon University”, foi a oradora convidada desta conferência co organizada pelo Grupo de Gender Balance do Técnico, pelo Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal) e pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID).
Ao longo da sua investigação, a professora de Sistemas de Informação da Carnegie Mellon University (CMU) constatou que a percentagem de mulheres a concluir estudos relacionados com tecnologia, na CMU, passou de entre 5% a 12% no fim dos anos 90 para 93% na atualidade. Para além disso, em 2019 o número de mulheres a frequentar cursos da área era já de 49%.
Como mudanças, Quesenberry destacou a alteração nos processos de admissão de estudantes com forte potencial em detrimento da experiência prévia em programação -, a cultura e o ambiente. Tornou possível captar mais mulheres para esta área sem que se alterassem os currículos de aprendizagem.
No Instituto Superior Técnico, o Grupo de Gender Balance existe desde 2016, como lembrou Rogério Colaço ao vincar o compromisso da instituição com o equilíbrio de género. O presidente da escola referiu que a verdadeira equidade ainda não foi alcançada e que essa tem sido uma das preocupações do seu mandato.
Evento integrou mesa redonda sobre o desequilíbrio de género na academia portuguesa
O evento contou também com uma mesa redonda intitulada “A igualdade de Género nas Instituições de Ensino Superior: Conhecer a Realidade para a melhorar”. Embora o país tenha começado tarde a combater as desigualdades de género no ensino superior, estão a dar-se passos para equilibrar as lacunas existentes, como explicou Anália Torres, investigadora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.
Em 2022, a Universidade de Lisboa criou Plano para a Igualdade de Género, Inclusão e Não Discriminação com objetivo de desenvolver uma estrutura, cultura e conjunto de ações que permitam criar e monitorizar a igualdade de oportunidades e a redução das desigualdades, incluindo as de género, explicou João Peixoto. O Vice-Reitor da Universidade de Lisboa destacou ainda que a diversidade é um fator chave para impulsionar a inovação.
Presente na mesa redonda esteve também a Secretária de Estado da Ciência, e professora do Técnico, Ana Paiva, que salientou a necessidade de garantir o equilíbrio de género na lei, sem esquecer que o apoio a atividades de educação, sensibilização e cultura pode ter um grande impacto.
O pressuposto assumido na atualidade de que o equilíbrio de géneros já não é um problema reforça a necessidade de avaliá-lo e compreendê-lo, segundo Luís Lemos Alves, docente do Técnico. E exemplifica: “embora exista uma política clara de não discriminação para cargos em áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no meio académico, o facto de as mulheres não se candidatarem realça a necessidade de perceber por que razão isto e acontece e o que pode ser feito para o alterar”.
A sub-representação das mulheres em posições de liderança na Academia foi apontada por Inês Lynce, co-diretora do Programa CMU Portugal, professora do Técnico e presidente do INESC-ID, que defendeu a importância de trabalhar a autoconfiança feminina desde as idades mais precoces.
Os desafios das estudantes em áreas STEM e a importância de incentivos e apoios como bolsas foram elencados por Leonor Barreiros, mestranda em Engenharia Informática e de Computadores, no Técnico.
* Texto em colaboração com a CMU Portugal.