“Isto é tudo feito no Técnico?”, a pergunta, em tons de admiração, ouviu-se inúmeras vezes no decorrer de uma passagem pelo stand da Escola no Festival Internacional de Ciência (FIC.A). O causador do espanto, mas sobretudo do encanto foi, esta quinta-feira, 14 de outubro, o protótipo do Técnico Solar Boat, que pelo seu imponente tamanho e pelo design diferenciador foi atraindo dezenas de curiosos até à tenda principal do Técnico. A curiosidade ia para além do querer ver de perto ou tocar, e aumentava à medida que os elementos do núcleo de estudantes do Técnico davam a conhecer os contornos inovadores do barco movido a energia solar. Ao longo dos 6 dias do evento, entre 12 e 17 de outubro, o entusiasmo repetiu-se perante os protótipos e as muitas atividades dos núcleos de estudantes e de centros de investigação que representaram a Escola no Festival.
Cumprindo aquilo a que se propunha, o FIC.A celebrou a Ciência, a curiosidade e a criatividade através de um programa inovador e gratuito, reunindo entidades académicas, científicas, tecnológicas, diplomáticas, governamentais e não-governamentais. As atividades foram pensadas para atrair públicos diversificados e de todas as gerações, embora durante a manhã e o início da tarde o foco fossem as atividades para as escolas.
Os participantes eram convidados a viajar pelas inúmeras atividades espalhadas pelos mais de 48 mil metros quadrados de Festival, que teve como palco os encantadores jardins do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras. O Técnico, um dos parceiros do evento, esteve representado de diversas formas, e em vários espaços do festival, liderando algumas das atividades dirigidas a escolas e grupos organizados e atividades hands-on para todos os visitantes, bem como nos auditórios, onde vários investigadores da Escola cativaram a atenção de dezenas de participantes.
Na tenda principal do Técnico foram protagonistas e alvos de muitos elogios os protótipos das equipas FST- Lisboa e do TL Moto, os submarinos Fusion Robot (ISR-Lisboa), o primeiro nanosatélite português (Instituto de Telecomunicações – IT) e o degrau elevatório do Laboratório de Inovação e Desenvolvimento – SILAB. E se estes projetos foram muitas vezes o cartão de visita para a chegada à banca, as explicações do Técnico Fuel Cell, os monitores com os jogos desenvolvidos pelo GameDev Técnico, as demonstrações de spintrónica (INESC-MN) e de engenharia e gestão (CEG-IST), as experiências de tecnologia (Instituto de Telecomunicações – IT) e de bioengenharia (Instituto de Bioengenharia e Biociências – iBB) e iam capturando atenções e retendo os participantes por largos minutos no stand da Escola.
Também foi possível aprender mais sobre programação, criptografia, soldadura e biodiversidade na zona de demonstrações. Os públicos de várias idades puderam “colocar as mãos na massa” nas atividades lúdicas do Rob 9-16, na Oficina Maker Criptográfica, ou nas atividades “Criptomiúdos” e “Vem aprender sobre animais e plantas”, cada uma delas direcionada a um determinado público alvo.
Também os guias do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAPE) teletransportaram a sua simpatia para os jardins do Palácio do Marquês de Pombal dando a conhecer os cursos do Técnico e esclarecendo todas as dúvidas dos que já têm o Técnico na mira, como Rita Fernandes. A aluna da Escola Secundária Sebastião e Silva, atualmente no 10.º ano, “gostava de estudar no Técnico por todas as razões e mais algumas”, partilha. “Além do prestígio e de todas as recomendações, é uma escola com cursos com ótima empregabilidade”, argumenta em seguida.
Esta vontade de um dia fazer parte da comunidade do Técnico fez Rita Fernandes largar por momentos a sua turma numa das outras bancas e ir até à do Técnico para saber mais sobre a Escola junto dos dois guias do NAPE, coincidentemente alunos do curso em que quer ingressar: Engenharia Aeroespacial. “Já olhei para outros cursos, mas de facto este, até pela ligação que tem ao Espaço, é mesmo a minha cara”, vinca. Está ciente que este sonho irá exigir muito esforço e dedicação, mas está determinada a vingar. Quanto ao festival não podia estar mais contente com a sua realização e com o facto de poder fazer parte do mesmo. Está a ser muito giro, aliás, basta ser um festival sobre ciência para ser muito interessante, pelo menos para mim, que adoro ciência”, vinca.
Robótica social e a Inteligência Artificial cativam a atenção de miúdos e graúdos
Timothy Caulfield, canadiano, produtor da série “A User’s Guide to Cheating Death” da NETFLIX, Thomas Lovejoy, americano, o pai da diversidade biológica, Barry Fitzgerald, irlandês, autor e comunicador que se dedica a explorar a ciência por detrás dos super-heróis, Amy Stewart, autora bestseller do New York Times, e Naomi Oreskes, historiadora de ciência da Universidade de Harvard, foram apenas alguns dos nomes sonantes que integravam o cartaz do evento. A estes juntaram-se muitos cientistas do Técnico que partilharam o seu conhecimento e investigação nos vários palcos do festival.
Foi perante um auditório repleto e um entusiasmo audível que a investigadora INESC-ID, Filipa Correia, conduziu a sua palestra sobre robôs sociais. Recorrendo a algumas perguntas, a investigadora explicou o que é um robô social, mostrando alguns exemplos que podem ser encontrados nos laboratórios do Técnico. “Um robô social não é mais do que um robô que usa os sensores para interpretar comportamentos sociais das pessoas ou então usas os seus atuadores para agir de forma social”, referiu.
Ao longo da apresentação, a investigadora do INESC-ID mostrou alguns exemplos do trabalho que desenvolve na área de “interação humano-robô”, nomeadamente um robô que joga à sueca, revelando algumas perceções que as pessoas têm em relação a um robô que formou equipa com elas num jogo colaborativo, e como é que essas perceções são afetadas pelo facto da equipa perder ou ganhar o jogo.
“De uma coisa podemos estar certos: a tecnologia vai sempre evoluir de uma forma mais rápida, e com resultados mais inesperados do que aquilo que aconteceu no passado”, começava por denotar o professor Arlindo Oliveira, docente do Técnico e também investigador do INESC-ID. A frase não podia ser mais adequada para arrancar uma palestra sobre a Inteligência Artificial (IA), uma área que é um bom exemplo de como subestimamos a evolução tecnológica. Ao longo de largos minutos, e sempre de forma acessível, o docente, que integra o painel de curadores do FIC.A, explorou as aplicações e implicações da IA, abordando um pouco do que foi a sua evolução ao longo dos tempos, principalmente nas últimas duas décadas em que tem havido “um reconhecimento do interesse desta área, em particular pelo aparecimento das redes neuronais profundas que têm sido usadas”.
Tal como destacou o docente do Técnico, a IA é uma área grande com muitas subáreas, “e inclui algoritmos de procura, o raciocínio, toda a área de linguagem de processamento de linguagem natural, a área da visão, da perceção, da interação, da robótica, e acima de tudo machine learning”. Para atingir este objetivo de fazer máquinas inteligentes estão a ser exploradas distintas linhas de investigação: a abordagem sintética que é passa por produzir esta inteligência de “uma maneira que não é uma cópia do cérebro humano”; e “abordagens fortemente mais bioinspiradas que têm uma abordagem diferente onde a ideia é perceber suficientemente de um cérebro para reproduzir o seu funcionamento o mais aproximadamente possível”, evidenciou o professor Arlindo Oliveira.
Além destes dois investigadores, passaram pelos palcos do evento as professoras Zita Martins (Centro de Química Estrutural – CQE), também curadora do festival, Maria do Rosário Partidário (Centro de Estudos de Gestão-CEG) e Tânia Ramos (CEG), e os professores Hugo Silva (IT), Tiago Fernandes (iBB), e Yasser Omar (IT).