Abriu-se a sessão com a derradeira pergunta – podem os Organismos Geneticamente Modificados (GMOs, na sigla inglesa) acabar com a fome no mundo? “Não”, responderam categoricamente ambos os convidados, para quem essa é uma questão que se prende com a garantia de uma gestão e distribuição adequadas. Estava lançado o debate entre os presentes naquela palestra, inserida na programação da Semana da Bioengenharia, evento organizado pelos núcleos de estudantes de Engenharia Biológica (NEBIST) e de Engenharia Biomédica (NEBM) do Instituto Superior Técnico. As atividades decorreram entre os dias 17 e 21 de fevereiro, incluindo-se no calendário das Semanas das Carreiras do Técnico.
“A quantidade de alimentos produzida atualmente já seria suficiente para acabar com a fome no mundo”, segundo Pedro Fevereiro, professor do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB). “A fome no mundo é também uma questão política”, reforçou Carla Pinheiro, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova.
Qual a utilidade dos GMOs, então? A palestra esclareceu os presentes – estes organismos são resultado de engenharia genética feita com o intuito de serem mais resistentes a pragas e às alterações climáticas ou mais nutritivos, entre outros aspetos desejáveis. Muitos tomam formas de que o consumidor comum poderá não se lembrar, com Carla Pinheiro a recordar que uma boa parte dos GMOs utilizados atualmente consiste em bactérias geneticamente modificadas para produzirem fármacos importantes para a saúde humana. “As pessoas nunca pensam em bactérias quando dão exemplos de GMOs; vão sempre para plantas”, apontou a docente.
Na mesma semana, o Centro de Congressos do Técnico foi palco de muitas outras atividades da Semana da Bioengenharia, como uma conversa em torno dos mecanismos luta contra o cancro. Miguel Castanho, doutorado pelo Técnico e investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, apresentou o trabalho de investigação que desenvolve – analisa fármacos que consigam atravessar a barreira entre a corrente sanguínea e o cérebro, de forma a tratar metástases nesse órgão.
“Gostei muito de ter oportunidade de ouvir palestras sobre a investigação que está a acontecer na minha área”, partilhou Maria Gaspar, aluna do segundo ano do Mestrado em Bioengenharia: Medicina Regenerativa e de Precisão. A estudante fez questão de frequentar as atividades da Semana da Bioengenharia e, tendo obtido a licenciatura numa outra instituição de ensino, descreve a sua experiência de mestrado como “bastante diferente”. No Técnico, destacou “a cultura de networking, o maior contacto com empresas e com o mundo do trabalho” e ainda as atividades dos Núcleos de Estudantes, que elogia como oportunidades para desenvolver soft skills.
Diogo Dias veio à Semana da Bioengenharia ver colegas de doutoramento apresentar os seus projetos e acabou por frequentar todos os dias do evento, interessado pelas palestras organizadas. Para o estudante do Programa Doutoral em Bioengenharia, o evento é útil para “expandir conhecimentos” e para “estudantes de licenciatura e mestrado que estejam interessados em investigação” e em conhecer as saídas possíveis da sua formação.
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