Foi fundadora e coordenadora da área científica de Ciências Biológicas do Instituto Superior Técnico. Desde 2020, integra as listas anuais de Stanford, que enumeram os cientistas mais citados ao longo da carreira a nível mundial. Foi mentora de 18 investigadores doutorados e orientadora científica principal de 33 teses de doutoramento e 65 teses de mestrado. Liderou equipas do Técnico em quatro projetos da União Europeia e mais de 30 projetos nacionais. Por estes e muitos outros motivos, Isabel Sá-Correia recebeu, a 26 de junho, a insígnia de Professor Emérito da Universidade de Lisboa, cerimónia que antecedeu a entrega dos Prémios Científicos Universidade de Lisboa / Caixa Geral de Depósitos. A docente tornou-se, assim, a primeira professora do Técnico a receber esta distinção.
Numa intervenção em que recordou o seu percurso académico e de investigação, Isabel Sá-Correia sublinhou que “o Técnico e a Universidade de Lisboa têm um número muito significativo de professores brilhantes”. A professora catedrática jubilada disse-se “incapaz de ignorar” o facto de a distinção, “que muito [a] honra”, ter sido atribuída “a uma mulher cujo percurso académico se desenvolveu sem qualquer expectativa com honras, num período em que o equilíbrio de género não constituía uma preocupação”.
Findou o seu discurso com o desejo de que “as próximas gerações conduzam o barco das Ciências Biológicas do Técnico para a excelência, quer o mar esteja, ou não, de feição”, um apelo que a assistência do Salão Nobre da Universidade de Lisboa brindou logo de seguida com uma ovação de pé.
Rogério Colaço, presidente do Técnico, fez questão de destacar a “preocupação [da docente] com o futuro, com o que temos hoje, com o que está mal e se pode fazer melhor, com o que deixamos para as gerações que se seguem”. “Uso com muito orgulho esta medalha invisível que é ter a Isabel Sá-Correia como amiga”, partilhou o docente. À semelhança do presidente do Técnico, o presidente do Departamento de Bioengenharia, João Pedro Conde, afirmou que resumir os feitos da professora “é uma tarefa muito difícil devido à diversidade de uma carreira tão cheia”.
Luís Ferreira, reitor da Universidade de Lisboa, disse ter sido “um gosto” trabalhar com Isabel Sá-Correia e lamentou “a falta que [a docente] faz” no Conselho Geral da Universidade, da qual foi membro de 2013 a 2022. “Essa sua forma de ser e essa determinação e firmeza permitiam-nos resolver tantos problemas que pareciam às vezes insolúveis”, recordou.