Campus e Comunidade

Jornadas Arco-íris promovem o debate em torno da inclusão

A sessão de abertura do evento ficou marcada pelo elogio do trabalho que tem sido feito pelo QueerIST e que também se reflete nesta 1ª. Edição desta iniciativa.

Logo à entrada, a denominação presente na credencial que era entregue a todos os participantes da 1.ª edição das Jornadas Arco-íris, organizadas pelo QueerIST, refletia a ousadia e a vontade de mudança assumidas pelo grupo e bem expressas no programa da iniciativa. Quando solicitamos uma explicação- perante aquilo numa primeira impressão poderia ser um erro ortográfico-, a mesma surge rapidamente e embrulhada numa sólida justificação: “utilizamos a terminologia ‘convidade’ como alternativa a “convidado/a” de acordo com a gramática neutra que usamos na nossa comunicação que pretende eliminar o binarismo de género e a omissão de identidades não binárias”.

O leque de atividades desta 1-ª edição das Jornadas Arco-íris teve início esta terça-feira, 23 de abril, e a abertura da sessão ficou a cargo da presidente do QueerIST, Rita Apolinário que destacou que este é um evento “feito dos alunos para os alunos”. Dando voz ao orgulho que invade todo grupo com a realização da iniciativa, mas também pelo trabalho que têm desenvolvido, a presidente do QueerIST partilhava o desejo de que mais edições se sigam e de “este seja um evento com cada vez mais impacto no universo do Técnico”.

A palavra passava depois para o vice-reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa), professor António Feijó que começou por explicar o porquê da sua presença ali: “estou aqui mais enquanto diretor da revista da ULisboa, e a propósito de uma edição que decidimos fazer sobre o movimento Queer na universidade, e na qual este grupo do Técnico teve também destaque”. “Não posso deixar de lembrar o quanto ficamos muito surpreendidos quando percebemos, que tínhamos um núcelo muito ativo no Técnico, talvez a faculdade onde menos seria óbvia ou comum desta existência de um grupo tão ativo”, partilhou de seguida o vice-reitor.  Lembrando os tempos homofóbicos e misóginos de que “felizmente” nenhum dos presentes se lembra, e a que nem movimento estudantil ficou alheio, o professor António Feijó afirmava que “não é trivial ver que seja aqui nesse mesmo Técnico que encontramos um núcleo tão ativo que combate tudo isso e que também é uma seção sutónoma da Associação dos Estudantes”. “É muito importante e muito interessante para quem conheceu essa realidade estar aqui hoje”, assinalou o vice-reitor. “O trabalho que vocês fazem é cultural e socialmente muito importante e a Universidade reconhece isso”, concluía.

Também o presidente da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), Gonçalo Azevedo, fez questão de pronunciar algumas palavras lembrando a génese do grupo e elogiando o trabalho que têm vindo a fazer. “Este grupo surgiu com um objetivo muito vincado no, e tiveram desde o início que travar uma luta para que o mesmo fosse entendido e aceite pela comunidade”, declarava Gonçalo Azevedo. “Conseguiram nunca desvirtuar o objetivo que tinham definido, manter o rumo traçado”, complementava de seguida. Para o presidente da AEIST o trabalho desta equipa vai para além do que está expresso no relatório de atividades, sente-se na mudança de mentalidades”, e por tudo isto não pode deixar de considerar estas jornadas como históricas e um “um marco não só para a seção como também para o Técnico”.

A Tertúlia “A Colourful Workplace” foi a primeira das atividades com que os participantes das jornadas foram brindados, desdobrando-se a mesma em dois painéis, um deles constituído por pessoas do mundo empresarial, e o segundo contando com a participação de professores e investigadores do meio académico. O programa varia ao longo da semana, e contempla desde uma Drag Masterclass até uma sessão de cinema.

“Apesar de ainda nos encontrarmos no início desta semana de atividades, creio que já podemos dizer que o balanço é positivo”, referia Rita Apolinário no final do primeiro dia. “Felizmente sempre tivemos um grande alcance nos alunos dentro e fora do Técnico com as nossas atividades, e agora chegamos aos nossos docentes, a alumni e ainda à rede de empresas de interesse dos alunos do Instituto”, adiciona ainda.