Numa das televisões, Juventus e Barcelona disputam uma partida amigável – o encontro vai adiantado, mas o marcador permanece teimosamente a zeros. Os jogadores (os reais, não as personagens virtuais no ecrã) são estudantes do Instituto Superior Técnico de visita às Jornadas de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (JEEC) que, de 5 a 9 de maio, preencheram o Técnico Innovation Center powered by Fidelidade. Integrado nas Semanas das Carreiras, o certame foi organizado por estudantes de diversos cursos da Escola e permitiu o contacto com várias empresas de áreas como a robótica, a segurança e a inteligência artificial, entre outras.
Ao lado do par que continua a disputa pelo título num videojogo de futebol, outras consolas de várias gerações (e até máquinas de arcade) ocupam o espaço, convidando os participantes nas JEEC a fazer uma pausa entre conversas com representantes das empresas.
É aqui que Miguel Rocha, aluno do quarto ano do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, partilha que está “à procura de empresas com quem fazer a tese, ou onde fazer um estágio de verão que leve a uma oportunidade de trabalho”. Procurando algo centrado na área da robótica, Miguel comenta que “normalmente não é muito fácil falar com empresas” e que nas JEEC tem a oportunidade de “perguntar que projetos [estas] têm, como são” e “se abrem vagas que não estão nos sites”. Defende que o evento é útil para estudantes em várias fases diferentes dos estudos – para alguém em fim de licenciatura, pode elucidar a decisão de prosseguir para um mestrado ou enveredar pelo mercado de trabalho. No caso de quem já frequenta um mestrado, pode ser uma fonte de inspiração para projetos, estágios ou desenvolvimento da tese.
Também as empresas veem vantagens em participar nas JEEC. Inês Vasconcelos, People Leader na consultora LTP, diz ter “uma imagem muito boa” dos trabalhadores da empresa formados no Técnico, sendo estes “excelentes profissionais”. Está a ajudar na condução de um workshop onde foram explorados conceitos da indústria de distribuição e comércio, como hábitos de consumo, incentivo à compra e o papel da marca do produto e da localização das lojas onde este é comercializado. Recorrendo a programação e machine learning, os participantes nesta atividade foram desafiados a identificar os hábitos de consumo dos clientes de uma loja e a desenvolver medidas para encorajar a compra de produtos próximos do fim de vida útil da forma mais eficaz possível, de forma a evitar o desperdício.
No final de cada dia, o auditório montado no Técnico Innovation Center pela organização das JEEC enchia-se de espetadores para assistirem a uma palestra dada por um chamado keynote speaker (ou “palestrante em destaque”). “Os nossos oradores são escolhidos tendo em conta as tendências internacionais – ou seja, empresas que sejam relevantes a nível económico e tecnológico – e os interesses dos alunos”, explica Francisco Rosa, um dos coordenadores do evento e também no quarto ano do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. A seleção de figuras incluiu engenheiros da NASA e do projeto Deepmind da Google, o diretor de inovação da E-Redes (com as JEEC a decorrerem numa semana em que o país atravessou um período de apagão que durou várias horas) e um alumnus do Técnico que agora trabalha numa multinacional que desenvolve semicondutores. “O nosso objetivo é [criar] algo que seja interessante e relevante para os alunos de Eletro, o que é sempre um desafio, porque esta é uma área com muitos ramos”, acrescenta.