Ricardo Grilo foi aluno do Instituto Superior Técnico entre 1994 e 2000. Agora, com vários anos de experiência no setor profissional, o Engineering Associate Director da empresa farmacêutica Hikma veio partilhar as suas experiências perante uma plateia de estudantes que, tal como ele, escolheram o Técnico para estudar Engenharia Química. A oportunidade surgiu na 38.ª edição das Jornadas de Engenharia Química, evento organizado entre 17 e 21 de fevereiro e inserido nas Semanas das Carreiras do Técnico, cuja programação incluiu palestras, workshops e visitas de estudo a empresas do setor.
“24 Anos como Engenheiro Químico na Indústria Farmacêutica” intitulava-se a apresentação de Ricardo Grilo. O engenheiro falou de vários momentos da sua carreira como exemplo do percurso de um engenheiro químico e dos desafios que este poderá comportar, abordando questões de liderança e a necessidade de saber como comandar uma equipa composta por membros com diferentes níveis de experiência. Recordou que “o objetivo de uma empresa é fazer dinheiro”, defendendo que é importante para qualquer engenheiro químico ter uma formação com componente financeira e discutiu ainda a evolução da legislação em torno da higienização e gestão de espaços na indústria para prevenir contaminação com substâncias alergénicas (dando o exemplo da história da produção penicilina).
As Jornadas de Engenharia Química foram também palco para estudantes já formados (ou a terminar os estudos) apresentarem o trabalho que desenvolveram, aconselhando os colegas quanto ao processo de desenvolvimento de uma tese. Na sessão de Alumni Talks, Sofia Aparício partilhou o seu interesse pela área da sustentabilidade e descreveu o seu trabalho de investigação em torno da reciclagem de poliolefinas, um tipo de plástico com elevado impacto ambiental, que lhe valeu a atribuição do Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo (na sua oitava edição).
Guilherme Damião enfatizou que o mais importante é “ter interesse pessoal na área”, escolher um assunto nas quais professores estejam envolvidos e ser sensível às “tendências do mercado de trabalho”. A sua tese prendeu-se com surfactantes perfluorados, substâncias impermeáveis à água utilizadas, por exemplo, em frigideiras de superfície antiaderente e casacos impermeáveis. Por sua vez, Margarida Bernardes investigou a síntese de um agente de imagem que pode tornar o tecido canceroso mais facilmente distinguível do tecido saudável em ambiente cirúrgico (tendo desenvolvido o seu trabalho no Centro de Química Estrutural (CQE), unidade de investigação associada ao Técnico).
À saída de uma das palestras, Rita Santos, que frequenta o segundo ano do Mestrado em Engenharia Química, partilhou que participa nas Jornadas desde o seu primeiro ano no Técnico e, há dois anos, fez parte da comissão organizadora deste evento (no departamento logístico e financeiro). O objetivo, partilha, é “mostrar aos alunos uma perspetiva externa à academia”, tentando trazer “temas relacionados com a engenharia química, a investigação e a indústria” e “[ajudando] os alunos a perceber o que podem vir a fazer no futuro depois de saírem do Técnico”. “A feira de empresas é uma oportunidade muito importante” para interagir com essas entidades e ficar a conhecer a oferta, por exemplo, de estágios de verão e outros mecanismos de contacto com o meio profissional.